Escuto a todos, mas devo decidir por mim mesmo

Escuto a todos, mas devo decidir por mim mesmo

Última atualização: 15 julho, 2017

Há canções que dizem que a vida não pode ser entendida sem um bom café entre amigos, talvez porque ao redor deles surgem as melhores conversas e os conselhos mais úteis. De fato, quando tenho que tomar uma decisão importante, esses cafés são pura energia: é neles que escuto e me deixo ser escutado, ainda que ao final sempre seja eu o responsável por decidir.

E quem diz um café diz qualquer outro instante cercado pelos amigos, já que o contato com as relações que temos beneficia seriamente a saúde emocional e nos ajuda a manejar situações complicadas com as quais temos que lidar sempre em algum momento da vida.

Nesse sentido, permitir ao nosso “eu” interior expressar aquilo que sente a pessoas de nosso círculo social mais próximo traz diferentes vantagens, sobretudo em circunstâncias de desassossego nas quais nos sentimos verdadeiramente confusos: são muitos os caminhos difíceis que se abrem em nossa vida, e caminhar acompanhado é ganhar uma maior estabilidade.

“A árvore da vida é a comunicação com os amigos;
o fruto, o descanso e a confiança neles.”
-Francisco de Quevedo-

Escutar ajuda a ver o que não vemos

A primeira grande vantagem de ser ouvido é, sem dúvida, ter a possibilidade de escutar outra perspectiva: os problemas nos angustiam, pressionam e trazem uma carga enorme de responsabilidade, por isso um olhar que não se sinta como nós pode contribuir para clarear as dúvidas a respeito do tema.

Amigas tomando café

Imagine que está atualmente trabalhando e que, pelo menos em certa medida, sente prazer com o seu trabalho. Há, no entanto, algumas razões pelas quais você abandonaria seu trabalho, como estar mais perto de sua família. Nessa situação, oferecem a você um trabalho que nada tem a ver com seu domínio de conhecimento, mas que lhe permitira ficar mais perto dos seus queridos. Que decisão tomaria?

É muito complicado estar no centro de tudo isso e compreender o que supõe uma ou outra decisão. Por essa razão procuramos aqueles que sempre estão perto de nós, aqueles que sabem nos ajudar: eles vão dando a nós a sua perspectiva, fazendo assim com que vejamos outros prós e contras que da nossa posição particular não vemos. Ao final, conseguimos tomar todas as posições e decidir por nós mesmos.

Decidir individualmente também envolve a força alheia

Em toda decisão cabe a probabilidade de estar equivocado – não de estar errado – dado que arriscar uma mudança supõe sempre poder perder algo, e isso é uma condição que devemos aceitar. Consequentemente, aqui está a segunda grande vantagem: quanto mais nublado fica o céu diante de um problema, mais necessitaremos da força e da sabedoria alheia.

Quantas vezes já quisemos que alguém querido nos escutasse quando no fundo só buscávamos a força que nos faltava para tomar uma decisão? Decido eu, sim, mas às vezes preciso de um empurrão, um abraço, umas palavras de apoio: pensar que haja o que houver haverá mais alguém lá.

“Quem mais perde
pelo fato de ser incapaz de escutar é a própria pessoa.”
-Jorge González Moore-

Ou seja, em uma decisão individual também há força alheia porque seus conselhos carinhosos nos fazem lembrar que por cima de tudo nos querem bem e só tratam de nos ajudar a conseguir o melhor para nós.

Eu vou decidir porque os resultados são para mim

O certo é que por trás da premissa “escuto a todos, porém decido eu” há uma realidade em que as decisões da vida de alguém podem depender de muitas pessoas, mas as consequências recaem unicamente sobre nós mesmos.

Mulher em balanço no céu

É absolutamente benéfico, como já afirmamos, deixar que os outros nos apontem seu ponto de vista sobre as opções que temos, mas somos donos exclusivos de nossos atos que ao fim realizamos: ninguém se responsabilizará por algo que só irá cair sobre nós, ninguém assumirá os erros de nossas decisões e ninguém andará com o peso do caminho escolhido.

“Porque ninguém pode saber por ti. Ninguém pode crescer por ti. Ninguém pode buscar por ti.
Ninguém pode fazer por ti o que você mesmo deve fazer.
A existência não admite representantes.”
-Jorge Bucay-

Assim, tendo isso em conta, não se negue a escutar mesmo que não esteja de acordo com o que te digam ou que chegue a pensar que não são opiniões cheias de bondade. É bom abrir a mente para outros olhares, sempre e quando for capaz de não perder o seu olhar por completo: você sabe do que precisa e de como precisa, e só você pode viver do seu modo, decidir por si mesmo e atuar por si mesmo.


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