A esquizofrenia infantil, um desafio do presente para o futuro

Saúde mental é um tema que apenas agora o mundo fala sem tanto tabu. É importante estar atento à saúde mental das crianças, pois em muitas ocasiões alguns sinais podem passar despercebidos.
A esquizofrenia infantil, um desafio do presente para o futuro
Sergio De Dios González

Revisado e aprovado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 27 abril, 2024

A esquizofrenia é um transtorno que raramente começa a se manifestar na infância. No entanto, infelizmente isso acontece em alguns casos. A esquizofrenia infantil existe e, assim como acontece com os adultos, as crianças sofrem alucinações e delírios que nesses casos podem ser confundidos com “coisas de criança” ou “amigos imaginários”.

Assim como acontece com os adultos, uma intervenção rápida vai melhorar bastante o prognóstico do transtorno. Por isso, para entender esse fenômeno uma boa ideia é mergulhar nas peculiaridades que a esquizofrenia infantil apresenta. Dessa forma, um diagnóstico inicial desse transtorno – sempre quando realizado por um especialista – pode atenuar o impacto deste na vida da criança. Mas, para isso ser possível, é preciso iniciar uma verdadeira corrida contra o relógio.

A esquizofrenia infantil não é um transtorno muito comum, e em partes é por isso que o desconhecimento existe.

Menina diagnosticada com esquizofrenia infantil

Quais são as causas da esquizofrenia infantil?

Assim como muitos outros transtornos, a esquizofrenia infantil tem uma importante carga genética, de maneira que há uma maior probabilidade desse transtorno aparecer se na família houver pessoas que sofrem ou tenham sofrido dessa doença. Existem alguns estudos que também relacionam a esquizofrenia infantil com antecedentes familiares de transtornos de ansiedade ou de TDAH.

No entanto, existem outras circunstâncias que podem estar associadas a esse transtorno. Por exemplo, se houve complicações durante o parto que acarretaram um desenvolvimento neurológico anormal. Também é preciso prestar atenção se em algum momento o fluxo de oxigênio no cérebro da criança sofreu uma diminuição ou até mesmo a total interrupção. Saber disso pode lançar alguma luz sobre o desenvolvimento da doença.

Na infância, a esquizofrenia se transforma em uma doença crônica. Por isso, qualquer tipo de tratamento será para a vida toda.

Como podemos saber se uma criança sofre desse transtorno? Para isso, é necessário observar se ela acredita ouvir vozes que, em geral, são negativas e desagradáveis. Também se ela acredita ver coisas, como pessoas, objetos ou cores que na verdade não existem. É importante prestar muita atenção a tudo isso, pois os progenitores podem confundir os sinais de alerta com “amigos imaginários”. Em todo caso, a última palavra em relação ao diagnóstico deve ser a de um especialista.

Evolução e expectativas de melhora para a esquizofrenia infantil

Como mencionamos no início, a esquizofrenia infantil não tem um prognóstico muito animador. Isso acontece porque quanto antes esse transtorno aparecer na vida de uma pessoa, maior é o impacto que costuma ter na vida dela, maior é a influência do transtorno. Nesse caso, estamos falando de crianças.

Além disso, é na infância que as crianças começam a falar, andar e desenvolver suas habilidades motoras. Se a criança apresentar esquizofrenia, todos esses aspectos serão influenciados. As crianças fazem caretas e ficam em posições pouco comuns, pode ser que tenham dificuldades para socializar e será muito difícil para elas expressar ideias de maneira coerente.

Menino com esquizofrenia infantil

Por isso, esse transtorno, durante o desenvolvimento da criança, pode afetar de maneira negativa a evolução de outros processos como a linguagem, a motricidade ou a socialização. As crianças que são diagnosticadas com esse transtorno, em geral, têm dificuldades para se expressar com naturalidade e vão falar coisas estranhas, até mesmo para mentes tão abertas e imaginativas como as das crianças.

Como a psicologia pode tratar um problema como esse? A princípio, a tentativa será frear o agravamento da situação com um tratamento farmacológico que busque equilibrar a criança e conter a sintomatologia.  Além disso, essa tratamento vai permitir que o psicólogo possa trabalhar com a criança em melhores condições, já que ao estar com os sintomas controlados ela vai mostrar uma atitude mais receptiva.

Depois que o tratamento farmacológico tiver sido regulado, é importante realizar um trabalho profundo no qual se ensine a criança a diferenciar o que é alucinação do que é realidade. Também se deve trabalhar com a motricidade e a linguagem para que o atraso, caso exista, seja o menor possível.

Da mesma maneira, não se pode descuidar do âmbito das interações sociais. A criança que sofre de esquizofrenia precisa adquirir as ferramentas necessárias que viabilizem a socialização com outras crianças da sua idade. Nesse sentido, o trabalho com os pais também é importante, orientando-os em relação às reações mais positivas em determinadas situações que a criança pode se envolver como consequência do transtorno. Nesse sentido, um trabalho de sensibilização com o meio social no qual a criança está inserida é muito importante.

A esquizofrenia nas crianças pode ser diagnosticada a partir do primeiro ano de idade.

Menino com esquizofrenia infantil

Um diagnóstico precoce é extremamente importante, sobretudo quando se trata de crianças. Se deixarmos os sintomas se agravarem para só então procurar um profissional e descobrir o que está acontecendo, o avanço do transtorno será muito maior e as expectativas de melhora se reduzirão de forma drástica. Não devemos pensar que são “coisas de criança” porque, talvez, com o tempo possamos perceber que era um grito de alerta em relação ao que estava acontecendo.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.