Filantropia não é só coisa de rico

Filantropia não é só coisa de rico
Sara Clemente

Escrito e verificado por psicóloga e jornalista Sara Clemente.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

A filantropia é dar ajuda aos outros de forma desinteressada. Ou seja, sem pedir ou esperar nada em troca ou querer um favor futuro. É um amor incondicional e sem fins lucrativos. A palavra vem do grego e significa “amor à humanidade”. Podemos entender, então, que esse sentimento altruísta não é exclusivo de algumas poucas pessoas ricas, mas uma atitude que pode ser natural em todas as pessoas.

Diversas personalidades bem conhecidas são embaixadoras de obras sociais ou ONGs. Eles desenvolvem projetos solidários ou criam instalações sanitárias e educacionais para as crianças desfavorecidas. Entretanto, a filantropia não é exclusiva das pessoas ricas. Não é tanto uma questão de dinheiro, mas sim de generosidade, vontade, atenção e piedade.

Empatia que vira caridade

A filantropia é um sentimento baseado na vontade honesta. Consiste em realizar ações sociais, doações ou oferecer ajuda que realmente favoreça a melhoria das condições de vida dos outros. Além disso, como dissemos, sem esperar retribuições depois.

Ao contrário do que muitos imaginam, para ajudar ao próximo, precisamos de muito menos do que pensamos. No nível mais básico, cada um de nós pode contribuir, em maior ou menor grau, para criar uma sociedade mais justa e igualitária. Por exemplo, gestos simples como poupar água, reciclar o lixo ou doar roupas, dinheiro ou comida. Tudo isso ajuda as classes mais necessitadas da nossa sociedade. Dessa forma, cada gotinha faz uma enorme diferença no oceano.

Filantropia não é sinônimo de caridade

Perfil psicológico dos filantropos

Os profissionais acreditam que há duas situações pessoais que aumentam a probabilidade de uma pessoa sentir a necessidade de ter empatia e prestar ajuda aos outros. A partir dessas duas características, há dois tipos de perfis filantrópicos:

  • Uma situação emocional complicada. Ou seja, a pessoa se torna mais generosa porque tem mudanças psicológicas ou psíquicas que a motivam a se doar de maneira desinteressada. Essas dificuldades são muitas vezes o resultado de baixa autoestima. Dessa forma, o filantropo busca se sentir melhor consigo mesmo realizando uma obra de caridade.
  • Empatia por afinidade. Essas pessoas são capazes de perceber e sentir como estão as outras. São aqueles que deixam as histórias dos outros tocarem suas almas. Eles sentem a dor dos outros como se fossem suas próprias. Por isso, querem se ligar aos outros, ajudando-lhes a sair da situação de tristeza.

Consciência de poder dar

Se não pudermos dar a nós mesmos o que precisamos, dificilmente conseguiremos ajudar aos outros. Portanto, é essencial saber se somos capazes de ajudar. Ou seja, se possuímos as ferramentas necessárias, as habilidades requeridas e a força mental suficiente para colaborar positivamente com a causa.

A razão de realizar filantropia é a consciência que cada um tem de si mesmo. Se não tivermos certeza de que ajudaremos a aumentar o equilíbrio social, é melhor não intervir. Afinal, podemos conseguir o oposto, dificultar e até piorar a situação.

É necessário ter boas intenções. Entretanto, também é importante ter os meios necessários para cada caso, preparação adequada e um grupo de profissionais preparados para dar ajuda.

Para ajudar é preciso primeiro ajudar a si mesmo

O que não é filantropia

Muitas empresas definem erroneamente suas ações de responsabilidade social como filantropia corporativa. Todas as empresas têm interesses, principalmente econômicos, por isso é claro que não podemos considerar suas ações como um gesto de desprendimento. Esse conceito está mais em conformidade com o chamado terceiro setor. Ou seja, aquele que é regulado pelo voluntariado e não tem fins lucrativos, nem laços governamentais.

Por outro lado, há altruísmo falso. É uma forma de bondade interesseira que é exercida a partir de uma posição autoritária e discriminatória. Baseia-se em uma idéia corrompida de superioridade: “Como eu tenho mais dinheiro ou poder do que você, eu lhe dou esmolas. E agradeça, porque sem elas você não seria nada”. Tenha cuidado porque isso não tem nada a ver com a filantropia, mas com uma atitude arrogante, despótica e tirânica.

A controvérsia que envolveu o homem mais rico do mundo, o dono da Microsoft, Bill Gates, foi especialmente marcante. Sua política de assistência foi colocada em questão. Muitas pessoas começaram a duvidar de suas intenções filantrópicas, considerando que seu único objetivo era melhorar a imagem de sua empresa.

Nem toda caridade é filantropia, nem todos os atos filantrópicos são caridosos. A diferença é que, enquanto a caridade busca o alívio, a filantropia tenta resolver definitivamente os problemas sociais.

“Dê um peixe a um homem e ele vai comer hoje. Dê-lhe uma vara e ensine como pescar e ele comerá o resto de sua vida.”
– Provérbio chinês –

Filantropia é ajudar sem esperar algo em troca

Misantropia: o passo anterior?

O oposto da filantropia é a misantropia. Ou seja, a tendência de sentir antipatia por tudo o que rodeia o ser humano. Misantropos se sentem rejeitados não por uma ou várias pessoas, mas por toda a espécie humana. Sua aversão é universal, eles sentem ódio contra todos.

No entanto, muitos consideram que este é o passo anterior à filantropia. Essa idéia baseia-se na convicção de que, para ajudar os outros, é absolutamente necessário reconhecer as injustiças do mundo, bem como a incapacidade humanitária das pessoas. Ou seja, existem outros seres que não procuram o bem e que, mesmo tentando ajudar, fazem isso de maneira errada.

Portanto, apenas ao estar ciente do egoísmo e ganância alheios, podemos conseguir um verdadeiro compromisso com a sociedade e lutar contra as desigualdades.


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