Sabedoria oriental: inconsciente e subconsciente

Sabedoria oriental: inconsciente e subconsciente
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 27 fevereiro, 2018

Inconsciente e subconsciente são conceitos que aparecem em várias filosofias orientais. Um desses aspectos deu origem à chamada “psicologia do autoconhecimento”. Nela, os diferentes níveis de consciência e como eles interagem entre si possuem grande relevância. Eles consideram que, uma vez conquistados esses níveis, o estado de bem-estar é alcançado.

Embora não se trate de uma aproximação estritamente científica, sua coincidência com o conhecimento ocidental chama a atenção. Principalmente quando muitos destes conceitos, tais como inconsciente e subconsciente, são milenares. Portanto, não deixa de ser curioso como, em grande medida, se aproximam do que o mundo ocidental desenvolveu como escolas psicológicas.

“A consciência é a voz da alma: as paixões são a voz do corpo”.
– William Shakespeare –

Tanto lá quanto aqui, a consciência ocupa um lugar primordial. O objetivo final no Oriente e no Ocidente é alcançar um estado elevado de consciência. Implicitamente, é compartilhada a ideia de que a ignorância é fonte de erros e infelicidade. Portanto, o bem-estar seria encontrado através do autoconhecimento e de sua expressão na consciência. Vamos ver isso com mais detalhes.

As formas e a vida

Para a chamada “psicologia do autoconhecimento”, o mundo das formas é o aparente. Tem a ver com a vida cotidiana, com o que vemos e percebemos no dia a dia. São os objetos, lugares e situações com os quais temos de lidar permanentemente. Corresponde ao que nós, no Ocidente, chamamos de “percepção”. O contato com a realidade através dos sentidos.

Monge budista

Esta vertente Oriental diz que dentro de tal dimensão estão incluídos nossos comportamentos habituais, o que costumamos mostrar de nós mesmos para o mundo. Nossos hábitos e a forma como nos relacionamos diariamente com os demais. O mundo das formas é enganoso, porque permite apenas uma visualização superficial. A percepção no Ocidente também é vista como um nível de conhecimento primário e que facilmente induz ao erro.

O inconsciente, uma região cinzenta

De acordo com os orientais, o inconsciente corresponde a uma área de nosso ser onde estão alojados os conteúdos inconscientes. Particularmente, é lá onde residem aspectos muito problemáticos, tais como complexos e fobias. Corresponde ao que nós no Ocidente costumamos chamar de “pré-consciência”. Quer dizer, tudo o que intuímos sobre nós mesmos, mas não sabemos conscientemente.

Algumas filosofias do Oriente dizem que o inconsciente contém vibrações extremamente densas. Estas afetam a forma como nós nos percebemos e como nos relacionamos com os outros. Condicionam uma boa parte do nosso comportamento. Lá habita a maioria dos nossos medos, ansiedades e suscetibilidades. Tudo isso só é superado pelo autoconhecimento.

O subconsciente, o mundo do desconhecido

O enfoque dos orientais sobre esse aspecto aponta que o subconsciente é a região mais profunda e desconhecida de cada ser humano. No entanto, ali reside uma força de escuridão e uma força de luz. Na área de escuridão estão todos os vícios e falhas. Na área da luz estão as maiores virtudes de cada ser humano.

Homem observando pôr do sol

No subconsciente estão, deste modo, as razões mais profundas de nosso comportamento. As falhas são uma força que limita o nosso crescimento. Elas operam como uma energia imperceptível que nos leva a agir de forma destrutiva ou autodestrutiva, sem que saibamos o porquê e o como.

Por sua vez, as virtudes são aquelas que emergem em momentos decisivos, constituindo uma prova da nossa grandeza. O conceito de subconsciente corresponde ao que nós, no Ocidente, conhecemos como “inconsciente”.

Inconsciente e subconsciente: a consciência

Este aspecto afirma que quando conseguimos estabelecer uma harmonia ou o encontro entre o inconsciente e o subconsciente, surge a consciência. Esta é fruto do autoconhecimento e permite que os valores mais nobres do ser humano alcancem a plenitude. Corresponde à maior realização na vida e, portanto, à felicidade.

Inconsciente e subconsciente são os níveis de consciência nos quais habitualmente transitamos. Quando se harmonizam, valores como o amor, a sinceridade, a compreensão, a coragem, a humildade, a espiritualidade, a fraternidade, etc, se desenvolvem. Em suma, todos os valores que são altamente construtivos para nós mesmos e para os demais.

Inconsciente e subconsciente

É interessante observar como os orientais dão um grande valor à sabedoria pré-consciente e inconsciente, isto é, a que habita o inconsciente e o subconsciente. Não é a razão pura que conduz à verdade e ao bem-estar. Pelo contrário, é a razão aplicada a todo o conhecimento, que permanece latente nessas áreas cinzentas e obscuras que nos habitam.

Por último, no Oriente também se dá um grande valor a uma das máximas que fundaram a cultura ocidental: “Conhece-te a ti mesmo”. Separadas por grandes distâncias e por dissonâncias no tempo, existem, finalmente, muitos aspectos para os quais as conclusões são semelhantes.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.