Os inibidores seletivos de recaptação de serotonina

Os inibidores seletivos de recaptação de serotonina
Francisco Pérez

Escrito e verificado por o psicólogo Francisco Pérez.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Nas últimas décadas, diversos estudos demonstraram que existe uma série de medicamentos eficazes para aumentar o efeito de diferentes intervenções, reduzindo a intensidade ou a frequência de determinados sintomas. Este é o caso dos inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS), utilizados principalmente no tratamento da depressão.

Certamente você já ouviu falar de alguns deles. Estes fármacos se apresentam com os nomes de citalopram, escitalopram, fluoxetina, paroxetina, sertralina, etc. Algum deles soa familiar?

Inibidor seletivo de recaptação de serotonina é um rótulo que engloba uma série de fármacos com um objetivo comum. Tipicamente são usados como antidepressivos no tratamento de quadros depressivos, transtornos de ansiedade e alguns transtornos de personalidade.

Comprimidos para a depressão

Os ISRS não são os únicos antidepressivos que existem. Os medicamentos antidepressivos foram introduzidos no uso clínico na psiquiatria a partir de 1957. Na década seguinte, foi desenvolvida a maior parte dos antidepressivos denominados tricíclicos (ADT). Paralelamente, começaram a ser utilizados também os inibidores da monoxidase (IMAO).

Homem preocupado

Os antidepressivos tricíclicos conseguiram a remissão ou melhoria dos sintomas depressivos em mais de 65% dos casos. No entanto, seus efeitos colaterais são significativos. Isso representa uma desvantagem frente aos outros antidepressivos.

Os fármacos antidepressivos, diferentemente dos estimulantes (anfetaminas, metilfenidato…), só melhoram o estado de humor em pessoas previamente deprimidas. Não elevam o humor em sujeitos sem depressão.

Quais fármacos antidepressivos existem?

Os principais tipos de antidepressivos que são utilizados atualmente são os seguintes:

  • Tricíclicos (ADT): recebem este nome por sua estrutura química.
  • Inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS): agrupam diversos princípios com diferentes estruturas químicas. Agem nos receptores pré-sinápticos de serotonina inibindo seletivamente sua recaptação.
  • Inibidores seletivos de recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSN): inibem de forma não seletiva os receptores pré-sinápticos de serotonina e noradrenalina ao mesmo tempo.
  • Inibidores de monoxidase irreversíveis (IMAO) e reversíveis (RIMA): inibem a enzima monoxidase, encarregada da metabolização das aminas biológicas.
  • Noradrenérgicos e seletivamente serotoninérgicos (NaSSA): dão lugar a um aumento de noradrenalina e serotonina no espaço intersináptico.
  • Inibidores seletivos de recaptação de noradrenalina (ISRN): sua ação se limita fundamentalmente à noradrenalina.
  • Inibidores seletivos de recaptação de dopamina (ISRD): se dirigem à dopamina.

Neste artigo nos centraremos nos inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS). Mas antes, vejamos o que é a serotonina.

Serotonina, o neurotransmissor que aumenta o bem-estar

A serotonina é uma substância química produzida pelo corpo humano, que transmite sinais entre os nervos e funciona como um neurotransmissor. É considerada por alguns pesquisadores como a substância química responsável por manter nosso humor em equilíbrio, por isso o déficit de serotonina conduziria à depressão.

A serotonina tem um efeito modulador geral e inibidor do comportamento. Este neurotransmissor afeta a maioria das funções cerebrais. Pode-se dizer que a serotonina é o “hormônio do prazer”, além de ser o “hormônio do humor”.

A função serotoninérgica é fundamentalmente inibitória. Exerce influência sobre o sono e se relaciona também com o humor, as emoções e os estados depressivos. Afeta o funcionamento vascular, assim como a frequência do batimento cardíaco.

Existe uma estreita relação entre a depressão e a serotoninaNo entanto, os cientistas ainda não estão certos de que os níveis reduzidos de serotonina contribuem para a depressão, ou pelo contrário, de que a depressão provoca a redução nos níveis de serotonina.

Serotonina

Como agem os inibidores seletivos da recaptação de serotonina?

Os ISRS bloqueiam a reabsorção (recaptação) de serotonina. Assim, aumentam os níveis de serotonina entre os neurônios, no espaço intersináptico, o que produz uma regulação à queda dos receptores 5HT1A. Depois da redução do número de receptores 5HT1A, o neurônio fica “desinibido” para liberar mais serotonina para o espaço sináptico.

Este aumento dos níveis de serotonina no espaço intersináptico (fenda sináptica) pode melhorar o humor da pessoa. Além disso, os ISRS se chamam ‘seletivos’ porque afetam principalmente a serotonina, e não outros neurotransmissores.

Nem tudo que reluz é ouro

Todos os inibidores seletivos de recaptação de serotonina trabalham de forma similar. Como em todos os medicamentos, existem determinados efeitos colaterais comuns, o que não significa que necessariamente tenham que aparecer durante o tratamento.

Na verdade, alguns dos efeitos secundários podem desaparecer depois das primeiras semanas de tratamento, enquanto outros podem levar o médico a mudar o tratamento. Se você não pode tolerar um ISRS, é possível que tolere outro, já que sua composição química varia. 

Como nem tudo que reluz é ouro, os possíveis efeitos colaterais dos ISRS podem incluir, entre outros:

  • Sonolência.
  • Náuseas.
  • Boca seca.
  • Insônia.
  • Diarreia.
  • Nervosismo, agitação, ou inquietude.
  • Enjoos.
  • Problemas sexuais, como redução do desejo sexual ou dificuldade para alcançar um orgasmo ou incapacidade para manter uma ereção (disfunção erétil).
  • Dor de cabeça.
  • Visão borrada.
Mulher cansada e preocupada

Como vimos, os inibidores seletivos de recaptação de serotonina são fármacos especialmente desenvolvidos para a depressão. No entanto, podem ter outras indicações (tratamento a longo prazo para a ansiedade e do transtorno obsessivo-compulsivo).

Estes fármacos não estão isentos de efeitos secundários, mesmo que sejam menores do que em outros antidepressivos, como os IMAO ou ADT. Se você acredita que possa precisar de medicação, primeiro é preciso visitar um médico. Lembre-se de que a automedicação pode ser muito perigosa.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.