Somos instantes plenos de casualidade
A nossa sociedade é predominantemente construída por valores onde prevalecem o materialismo, a lógica e a objetividade. É como se de alguma forma, desejássemos ter o controle de todos os aspectos da nossa vida, e não acreditássemos na casualidade.
Mas, na realidade, a vida diária não é regida por esses conceitos. O ser humano tem que se adaptar ao imprevisível, nem sempre consegue tudo o que deseja e não consegue controlar o outro.
Os seres humanos muitas vezes têm medo do imprevisível, do que não podem controlar. Tememos o sentimento de vazio e até mesmo a nossa liberdade. É como se “lá no fundo”, tivéssemos medo de nós mesmos.
Muitas pessoas não acreditam no acaso, porque é uma maneira de perder o controle das coisas e deixar que o azar ou o caos governem nosso dia.
Não devemos ser tão extremistas. É preciso ter a mente aberta, ser flexível e entender que não temos o controle sobre tudo na vida. Essa perda de controle causa ansiedade ou medo em muitas pessoas.
Muitas vezes, cegos pelo nosso egocentrismo, nos perguntamos: por que isso aconteceu comigo?
Em vez de perguntar por que isso aconteceu com você, pergunte “para que” isso aconteceu comigo. Não se vitimize, tire um aprendizado dessa situação e reflita sobre tudo o que aconteceu.
Aceitando o caos, a casualidade e o imprevisível
Sabemos que não é fácil aceitar que o imprevisível pode acontecer e desequilibrar o que conseguimos com muito esforço. Por exemplo, você se esforça para fazer seu trabalho da melhor forma possível, mas de repente a empresa vai à falência e sua estabilidade acaba.
Reflita sobre por que coisas ruins acontecem com você. Concentre suas estratégias pessoais para promover uma mudança, e de alguma forma mudar o rumo da sua vida.
Não sabemos se tudo o que acontece na nossa vida, seja bom ou ruim, é fruto do acaso. Mas devemos ter em mente que tudo o que acontece promove um aprendizado sobre nós mesmos.
Provavelmente você conhece muitas pessoas cuja principal obsessão é controlar todos os aspectos da sua vida e principalmente da vida dos outros. São pessoas com uma autoexigência elevada, que não se permitem errar, não aceitam o imprevisível e desconfiam da casualidade.
Elas preferem situações mais estruturadas, com regras estabelecidas onde cada pessoa tem o seu papel fixo (o papel de bom pai, a boa esposa, o filho obediente, os amigos fiéis, etc).
As pessoas que não aceitam o inesperado têm medo da casualidade e do imprevisto. A vida muitas vezes nos coloca à prova para nos desafiar, nos colocar em contato com nós mesmos e para nos conhecermos melhor.
A vida é feita de momentos plenos de casualidade
No entanto, tudo na vida merece ser vivido. Tudo nos traz um aprendizado e define o que somos hoje.
Não lamente qualquer momento do seu passado. Ele faz parte desse quebra-cabeça perfeito, que forma a sua personalidade e lhe permite abrir-se para a vida e seguir em frente.
Dizem que a vida é um caos ordenado que todos nós acreditamos entender. Mas na verdade, nos entregamos a ela cegamente, como crianças que querem experimentar tudo e não sair machucados dessa experiência.
Como podemos nos beneficiar da casualidade e do imprevisto no nosso dia a dia? Na verdade, muitas pessoas se queixam de que “na sua vida nunca acontece nada” e de que “as coisas emocionantes só acontecem na vida dos outros”.
Reflita por um momento sobre essas ideias:
– Se você acredita que apesar de não ser feliz plenamente, é melhor não desejar mais nada porque as coisas podem piorar, você está vetando completamente a magia da casualidade.
– Nossas crenças moldam nossos pensamentos, e nossos pensamentos moldam nosso comportamento, que por sua vez criam a nossa realidade atual. Que tal se animar e mudar seus pensamentos?
– O simples fato de acreditar que merecemos algo melhor já é um incentivo para promover mudanças.
– Se você deixar de lado os pensamentos limitantes, as atitudes negativas e derrotistas, sua mente estará aberta para qualquer estímulo.
A casualidade se esconde em mil esquinas, em muitos momentos, em mil olhares. Um deles pode cruzar de improviso com o seu. Por que não?
Não resista às circunstâncias e não avalie as coisas como muito boas ou muito ruins. Tudo é aprendizado, é vida vivida e todos os momentos são importantes.