Inteligência no mundo animal: os corvos

A inteligência no mundo animal nos revela dados fascinantes. Os corvos, por exemplo, são aves com autoconsciência, são capazes de planejar, construir ferramentas e resolver problemas de forma lógica.
Inteligência no mundo animal: os corvos
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 05 novembro, 2022

Dentro da inteligência no mundo animal, uma figura singular se destaca: os corvos. Sua capacidade para planejar, criar ferramentas e inibir seus impulsos para obter maiores benefícios coloca seu desempenho cognitivo no mesmo nível dos grandes símios. Os corvídeos são criaturas enigmáticas e fascinantes que desafiam a nossa lógica.

Quando Edgar Allan Poe publicou em 1845 seu poema O Corvo, decidiu colocar seu animal profético no busto de Atena, a deusa da sabedoria, da estratégia e das ciências. A imagem não era acidental e, portanto, conseguiu criar uma das composições poéticas mais reveladoras e marcantes da história da literatura.

De fato, se por séculos relacionamos os corvos a um animal de mau presságio, não é apenas devido à sua plumagem negra. O que mais nos interessa é sua inteligência inegável. E não apenas isso, uma parte dos corvídeos também é capaz de articular algumas palavras, que aprendem por mera imitação quando em contato com humanos.

Quando Lewis Carroll escreveu Alice no País das Maravilhas, levantou uma daquelas perguntas sem resposta pela boca do Chapeleiro Maluco que dizia o seguinte: em quê se parece um corvo com uma escrivaninha? Até hoje ainda não temos resposta. No entanto, Carroll teria tido muito mais sucesso se tivesse proposto outro tipo de pergunta mais interessante: em quê os se parecem os corvos com os humanos?

Neste caso, o que poderíamos descobrir nos deixaria sem palavras…

Como os cientistas revelam, os corvos são autoconscientes, capazes de resolver problemas de maneira lógica e de construir ferramentas.

Soldado treinando corvo

Inteligência no mundo animal: os corvos e seus cérebros fascinantes

Dentro da inteligência no mundo animal, sem dúvida os grandes primatas se destacam. Agora, se há algo que por séculos tem comprovado que o ser humano compartilha espaços comuns com os corvos, é que muitos de seus comportamentos são comparáveis ​​à inteligência das pessoas.

De fato, como revelado em um estudo publicado na revista Science e realizado na Universidade de Lund, os corvos mostram processos cognitivos muito semelhantes aos de uma criança de 8 anos de idade.

A cultura dos corvos e suas complexas relações sociais

O corvo é um dos poucos animais que são plenamente conscientes de si mesmos. Além disso, sempre atraíram a atenção dos cientistas para um aspecto fundamental: eles se reconhecem no espelho.

A Universidade de Goethe, por exemplo, aplicou um pequeno adesivo nas penas dessas aves e, assim que descobriram essa “anomalia” ao ver sua imagem refletida, imediatamente passaram a remover aquele elemento estranho.

Além disso, também se sabe que os corvos formam grupos sociais complexos onde há líderes claros e, por sua vez, tomam decisões em conjunto para resolver problemas, procurar comida e até mesmo cometer “assassinatos”. Às vezes, o grupo pode decidir eliminar um membro se considerar que ele não é respeitoso ou útil para aquela pequena sociedade.

Funções executivas e planejamento

Dentro da inteligência no mundo animal, a do corvo é uma das que mais monopoliza estudos. O Instituto de Neurobiologia da Universidade de Tübingen, por exemplo, publicou há alguns anos uma série de dados muito reveladores sobre o cérebro dessas aves.

Embora não tenham um neocórtex como o nosso, possuem uma área chamada nidopálio caudolateral que tem grandes semelhanças com nosso córtex pré-frontal. A densidade neuronal dessa estrutura é imensa. Tudo isso mostraria que os corvos têm um pensamento muito refinado e a capacidade de desempenhar funções executivas.

Um exemplo muito clássico disso é o que vem sendo observado no Japão. Neste país, os corvos aprenderam a levar nozes para as faixas de pedestres quando os semáforos estão verdes, esperam que os carros as esmaguem e voltam para pegá-las quando o semáforo fica verde novamente. O próprio David Attenborough falou sobre isso em um documentário.

Construção de ferramentas

Quando se trata de entender a inteligência no mundo animal, sempre surgem as mesmas questões: o que realmente entendemos por inteligência? Um animal é inteligente apenas por mostrar um comportamento original na hora de encontrar comida? Bom, os cientistas afirmam que, além das funções executivas, deve haver mais duas dinâmicas: a habilidade para construir ferramentas e a capacidade para reprimir os instintos.

Por mais impressionante que pareça, os corvos demonstram essas habilidades. Por exemplo, observou-se que essas aves têm uma grande capacidade de autocontrole. Eles reprimem seus instintos e adiam a coleta de recompensas se souberem que, a longo prazo, podem obter outras maiores.

Um estudo publicado na revista Science mostrou como os corvos constroem ferramentas “sofisticadas” para obter comida: fazem ganchos, polias, sabem como usar cordas…

O que mais fascina os pesquisadores é que eles não precisam aprender por tentativa e erro. Os corvos observam e sabem bem o que fazer desde o começo. É algo surpreendente. De fato, um dos maiores especialistas em inteligência corvídica, o Dr. Joshua Klein, viu muitos desses pássaros guardarem moedas que encontraram para colocá-las em máquinas de venda automática para obter comida.

Corvo fazendo teste de inteligência

Para concluir, cabe destacar que ainda há muita escuridão em nosso conhecimento sobre a inteligência animal. Falamos de uma área cheia de maravilhosas e admiráveis informações ​​com as quais podemos saber muito mais sobre algumas dessas espécies que convivem conosco.

Os corvos são pássaros que nos cuidam das alturas, observando-nos e aprendendo em silêncio sobre nossos comportamentos para obter benefícios.


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  • Savage, C. (1997). The intelligence of crows, ravens, magpies and jays. New York: Greystone Books


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