Ninguém nos irrita. Irritamos a nós mesmos quando não nos controlamos

Ninguém nos irrita. Irritamos a nós mesmos quando não nos controlamos

Última atualização: 12 março, 2017

Comecemos defendendo que nem toda perspectiva de irritação é ruim, pois pode ser decisiva, às vezes, para oxigenar o corpo. Contudo, existe uma linha muito tênue que divide esse ponto de vista daquele outro que diz que nem sempre somos capazes de nos controlar.

É desta face mais negativa que iremos tratar a seguir: é o lado que chega com a ira e a raiva, revelando a parte mais obscura de nós mesmos. Neste sentido, quando nos irritamos assim estamos agindo com uma reação voluntária – portanto evitável – diante de uma provocação alheia: ninguém nos enfurece, enfurecemos a nós mesmos.

A irritação que leva à ira nos confunde

Em linhas gerais e resumindo a introdução, a irritação deixa de ser positiva quando se torna tóxica pela falta do controle que podemos exercer sobre ela. Quando você deixa de ter o controle e o transfere à irritação, chega o problema: o sentimento nos invade e esfumaça a razão.

A razão pode ficar tão nebulosa que não é de estranhar uma situação onde a discussão nos leva a nos perdermos por outros caminhos, de modo que acabamos esquecendo os motivos reais pelos quais nos sentimos incomodados. A ira e a raiva se transformam em guias dos nossos movimentos e isto faz com que possamos cair no erro.

“A irritação é uma emoção muito intensa que sequestra o cérebro. Quando a irritação toma conta, faz a nossa memória se reorganizar a ponto de nos fazer esquecer, em plena discussão, porque esta começou.”
-Daniel Goleman-

Um erro que signifique arrependimento por falar mais do que desejamos, e além disso fazê-lo de forma errada. Erro de se alienar em favor da arrogância e do egoísmo (não ouvimos e olhamos o próprio umbigo). Em resumo, quando nos irritamos acabamos em um lugar onde não sabemos exatamente como chegamos, nem por quê. Um lugar no qual, além disso, não gostaríamos de estar.

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Acredite na possibilidade de que existe outra forma

O que fazer então? Esta pergunta emerge ao ganharmos consciência de que a face negativa da irritação é difícil de neutralizar. Pois bem, precisamos ser capazes de confiar que existe outra forma de encarar os acontecimentos. Por algumas circunstâncias – como o estresse permanente – podemos nos irritar de forma costumeira. Seja este caso ou outro, uma possibilidade é encontrar ferramentas que nos preparem psicológica e emocionalmente para um conflito.

A principal é saber que a qualquer momento pode acontecer alguma coisa que nos altere, e precisamos aceitá-la como uma possibilidade. As discussões não podem deixar de existir, assim como essa sensação de irritabilidade que toma conta quando mergulhamos nelas.

“Não confie que o inimigo não aparecerá. Confie no que você espera. Não confie que ele não irá atacar. Confie em como você pode ser intocável.”
-Matilde Asensi-

Contudo, conhecer bem nossos pontos fracos – aqueles que doem – nos ajudará a administrá-los quando for necessário. Para isso, podemos desabafar escrevendo, tirando todo o benefício de técnicas como a ioga, ou cultivando uma perspectiva mais positiva do mundo onde o protagonista seja o humor, etc.

A paradoxal falta de controle daquilo que é controlável

Como dissemos, é verdade que em um conflito com outra pessoa aparece a situação de ação-reação e é difícil se controlar; no entanto, dizíamos que no fim das contas o dono da irritação somos nós mesmos. Neste sentido, observamos que cada um é dono das suas emoções e atitudes, e paradoxalmente não conseguimos nos controlar.

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Por um lado, parece que existem pessoas que são mais propensas a se irritar com os outros: se exaltam com mais intensidade que a média (gritam, mostram mau humor e insultam com mais facilidade). Por outro, é comum expressar por meio da irritação outros sentimentos negativos que são considerados piores socialmente, como a inveja.

“É irônico que uma das poucas coisas sobre as quais temos controle é sobre nossas próprias atitudes, e ainda assim, a maioria de nós vive a vida inteira se comportando como se não tivesse nenhum controle.”
-Jim Rohn-

Ledo engano: a irritação convive com a nossa peculiaridade humana, mas é bom nos controlarmos para que a batuta do nosso próprio comportamento não caia nas suas mãos. Em resumo, a melhor coisa é procurar evitar a cólera e os seus sinônimos, produtos da frustração.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.