Luto: a arte de saber dizer adeus
Nunca nos ensinaram quais são as leis do sofrimento e como lidar com elas. Normalmente a dor da perda chega de repente, nos desestabiliza e machuca por dentro. Aos poucos, vamos recolhendo cada pedaço para nos reconstruirmos novamente, sem perceber que este processo é o nosso maior aprendizado de vida.
“Ninguém está imune à perda; o luto é algo que todos nós sofremos alguma vez na vida: a perda de um ente querido, o término de uma relação amorosa ou simplesmente o amadurecimento emocional. O complicado nestas formas de luto é que passamos por diferentes níveis de dor”.
Nenhum de nós sabe lidar muito bem com o sofrimento; não sabemos controlá-lo, ele nos machuca e às vezes até nos destrói. Por que? Como lidar com isso? Existe alguma fórmula mágica que nos deixe imune à separação, ao vazio e à falta imensa que aquela presença querida nos faz?
O problema é que essa fórmula mágica não existe e cada pessoa deve encontrar a sua própria maneira de lidar com a dor: como encontrar alívio, força e capacidade de levantar-se novamente.
A importância de reconhecer nossa vulnerabilidade
“A maturidade emocional nos traz o suporte necessário para avançar apesar da dor e das perdas, porque sabemos da importância do desapego e vemos as dificuldades como experiências de aprendizagem”.
Enfrentar o luto é muito difícil. A orientação de um terapeuta, o apoio dos parentes e amigos podem nos ajudar muito, mas qualquer perda, seja qual for o nível, é algo que enfrentamos sozinhos.
Ninguém pode chorar por nós, reorganizar nossos pensamentos e aliviar a nossa dor. É uma tarefa que exige tempo e, acima de tudo, a compreensão de que não somos tão fortes quanto pensávamos. Na verdade, somos tão vulneráveis quanto uma pena ao vento.
A vulnerabilidade é algo negativo? Não, na vulnerabilidade está a nossa força. Reflita: se você se recusar a admitir que está ferido, triste, que a sua vida acabou e sente muita dor, erguerá sobre si mesmo um muro de negação? Como vai lidar com algo que não reconhece que existe? Por que recusar-se a lamentar a perda? Por que não aceitar que se sente vulnerável?
“Reconhecer que somos vulneráveis nos permite ser mais flexíveis e capazes de nos adaptarmos. No final das contas, o luto é uma resposta adaptativa alcançada através do sofrimento e da dor”.
O luto como a arte do “desapego”
Talvez falar do luto como “arte” cause alguma estranheza. As pessoas preferem se concentrar em coisas agradáveis, reconfortantes e positivas. Certamente isso é muito bom, mas a vida sempre traz um nível de sofrimento, ao qual ninguém está imune.
No entanto, temos que esclarecer um aspecto importante: quando se fala em luto sempre pensamos na morte, mas existem também os lutos afetivos ou emocionais, como o amor ao qual temos que renunciar ou até mesmo o simples fato de amadurecermos como pessoa, assumir novos valores, abandonar certos padrões de pensamento para desenvolver outros…
Superamos o luto no processo de amadurecimento interior, porque toda mudança envolve perdas, superação e até sentimento de vazio e solidão. Isso é enriquecedor e necessário para o nosso crescimento.
“A vida não é um passeio tranquilo, onde a felicidade está sempre garantida. A vida, às vezes é dolorosa: devemos aceitar as perdas, as frustrações e os nossos lutos. Todos eles são caminhos percorridos para chegarmos à sabedoria e ao amadurecimento.