Manipulação inculpatória, uma forma de violência psicológica

Manipulação inculpatória, uma forma de violência psicológica
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 16 abril, 2020

Um dos sinais que indicam que uma pessoa é vítima de uma manipulação inculpatória é o fato de se desculpar constantemente por tudo. Pede perdão antes de falar, pede desculpas por rir ou sente a necessidade de pedir desculpas por fazer uma pergunta. Tudo isso indica que uma culpa latente, mas sem bases, gravita sobre o seu mundo.

Este tipo de atitude não nasce sem motivo. O normal é que haja alguém que manifeste rejeição por suas palavras, seu comportamento e até mesmo sua existência no presente, ou que tenha havido tal figura no passado. Em todo caso, isso implica a implantação de uma estratégia de manipulação inculpatória.

“A culpa é um dos sentimentos mais negativos que o ser humano pode ter e, ao mesmo tempo, uma das formas mais utilizadas para manipular os outros”.
-Bernardo Stamateas-

Quem é vítima deste mecanismo de manipulação inculpatória sente que, basicamente, tudo que faz está errado. Julga-se com severidade e não tolera falhar em algo, nem incorrer em algum comportamento “incorreto”. Tem dificuldade em definir o que é certo ou errado em seu comportamento.

As táticas de manipulação inculpatória

Na vida daqueles que se sentem culpados por tudo, há sempre alguém que implementou ou implementa táticas de manipulação inculpatória. Geralmente, uma pessoa importante para sua vítima. Alguém amado, admirado ou com autoridade sobre essa pessoa. Sua maneira de agir é sutil e, ao mesmo tempo, violenta.

Manipulação inculpatória

As principais táticas usadas na manipulação inculpatória são:

  • Gestos de rejeição, do tipo passivo-agressivo. Atos como parar de falar com o outro, olhá-lo de maneira desafiadora, zombar ou fazer gestos de desaprovação, sem dizer o que o incomoda nessa pessoa.
  • Impedir a referência a determinados tópicos. Neste caso, quando certos tópicos são tocados, respondem de maneira agressiva e basicamente pedem que o outro se cale. Nunca explicam por quê, simplesmente dizem que “disso não se fala”, e ponto final.
  • Destruir sua confiança. Usam meios intelectuais ou emocionais para fazê-lo pensar que não é inteligente, capaz ou importante o suficiente para dizer, fazer ou pensar determinada coisa. Apontam e enfatizam as falhas e vazios do outro constantemente.
  • Recusa a aceitar e assumir um problema. Se um diálogo é questionado ou procurado, o manipulador fará todo o possível para evitá-lo. Até mesmo atacará para tentar colocar tudo sobre a mesa. Dirão ou insinuarão que a intenção da outra pessoa é prejudicá-los.

Em geral, o mecanismo da manipulação inculpatória consiste em violentar o outro psicologicamente para não ser questionado. Sua principal arma é minimizá-lo através de diferentes meios, para que se sinta inferior ou “mal”.

Sair desse círculo fatal

Para sair desse jogo perverso da manipulação inculpatória, a primeira coisa a se fazer é reconhecer seus sentimentos. Você se sente culpado frequentemente? Pede desculpas constantemente por ações que não merecem um pedido de perdão? Se assim for, é essencial que admita que alguém o está manipulando. Às vezes isso não é fácil, porque esse alguém pode ser a mãe, o casal ou alguém a quem ama ou admira.

Se conseguir reconhecer a situação, terá dado o passo mais importante. Essa pessoa, em geral, se mostra zangada com você ou com o mundo. De uma forma ou de outra, você teme liberar uma raiva ainda maior. É necessário superar esse medo para seguir em frente.

Entenda também que, se há algo que você fez de errado, a solução não é cultivar uma culpa eterna sobre isso. Basta identificar o dano causado, reconhecer a responsabilidade pelo mesmo e oferecer uma reparação a este. Além disso, não há nada mais que você possa fazer.

Enfrente a manipulação

O que vem a seguir é desativar as táticas de manipulação inculpatória. Requer que você seja muito observador, mas também que mantenha a serenidade e que seja firme. Algumas medidas adequadas são as seguintes:

Mulher tendo dúvidas sobre decisão
  • Evite ponderar sobre o assunto. Não mergulhe em reflexões intermináveis ​​sobre o que acontece, ou sobre suas causas ou implicações. Você está sendo manipulado e deve colocar um limite na situação.
  • Peça esclarecimentos. Peça ao outro que esclareça exatamente por que o incomoda que diga ou faça alguma coisa. Peça que lhe diga o que exatamente é negativo disso. Tente mostrar que o que você faz não é ruim e que não há motivo para ter raiva. No começo não vai funcionar, mas ao longo do tempo tem bons efeitos.
  • Reivindique seu direito de se expressar. Lembre ao outro que você tem o direito de se expressar e que suas ideias, crenças ou pontos de vista não têm porque incomodar ninguém, a menos que tente impô-los.

Não é fácil desfazer os mecanismos de manipulação inculpatória, mas também não é impossível. O segredo é adotar uma nova atitude e mantê-la. Com o tempo, os resultados virão.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.