A mentira, inimiga da autoestima

A mentira, inimiga da autoestima
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 19 março, 2016

Existem muitas formas de mentira e podemos encontrar muitas justificativas para usá-la. Ela pode ser muito útil em algumas ocasiões: nos afasta dos problemas, desvia a atenção e liberta nossa mente. É uma outra forma de gerenciar uma situação que não sabemos como resolver.

No entanto, é uma medida que podemos chamar de “curto prazo”. Ela pode nos ajudar em um momento de dificuldade ou quando não queremos dar explicações apropriadas, mas com o passar do tempo ela se transforma em uma armadilha para a nossa autoestima. A mentira tem as suas consequências nas relações com os outros e com nós mesmos.

“Uma mentira não teria sentido se a verdade não fosse percebida como perigosa.”

-Alfred Adler-

Por que mentir?

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A mentira pode ser algo excitante. Muitas vezes, são apenas travessuras adultas ou algo proibido que em um primeiro momento pode nos trazer algum benefício. Mentir, enganar… é algo que se não fosse útil, não existiria mais. Listamos aqui alguns motivos pelos quais mentimos:

– A autoexigência e o autoengano

Atender às expectativas dos demais

– Distorcer a realidade para ajustá-la ao que nos convém

– Evitar o castigo ou a vergonha

– Tentar parecer o que não somos

– Obter admiração dos outros

Não preocupar nossos parentes

– Enganar um amigo que nos pede um favor

– Chamar a atenção

Nestes motivos, encontramos um ponto em comum: o medo. Pode ser o medo da realidade, da situação ou de nos encontrarmos com nós mesmos. O medo está sempre relacionado com a mentira.

Por que não mentir

A mentira pode ser um instrumento a mais, algo que nos livra dos problemas, mas não é uma solução. Ela nos proporciona alívio e libera a ansiedade no momento presente, mas a longo prazo…

No entanto, apesar de conhecermos as consequências, continuamos mentindo. Quando um homem quer mostrar que é forte e poderoso, ou quando uma mulher finge preocupação com os outros, ficam presos numa rede de mentiras da qual não conseguem escapar.

Isto, na maioria dos casos, causará várias consequências em relação aos sentimentos e pensamentos, desde o exame de consciência mais profundo até o mais superficial. Entre outras coisas podemos sentir:

Culpa

– Responsabilidade social

Ansiedade

– Fuga de si mesmo ou da situação

– Avaliar o tempo que estamos perdendo com essa mentira como “perda de tempo”

A mentira é algo que consome aquele que mente. É muito difícil manter uma mentira.

Precisamos nos esforçar muito para esconder, gerenciar as situações e dissimular para sustentar as mentiras. A pessoa que mente acaba se desgastando, sentindo-se culpada, e não consegue sair dessa situação.

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“Eu não minto, eu omito”

“Eu não minto, eu omito”, “Eu filtro e seleciono informações”… Aqueles que se escondem atrás destas frases famosas precisam saber que existem duas formas básicas de mentira:

Ocultar: Tentamos fugir da culpa dizendo a nós mesmos que estamos omitindo uma informação e que isso não é o mesmo que inventar uma história. Entretanto, aos olhos da psicologia da mentira, esta estratégia pertence ao mesmo conceito de engano.

Inventar ou falsificar: neste caso, modificamos a informação. Este tipo de fraude deixa a pessoa encurralada, porque ela precisa alimentar essa mentira. Terá que contar sempre a mesma história, e isso requer muito esforço para colocar em prática. É necessário ter uma boa memória e agilidade mental.

“Aquele que diz uma mentira não calcula a pesada carga que põe em cima de si, pois tem que inventar uma infinidade de mentiras para sustentar a primeira”.

-Alexander Pope-

Como já dissemos antes, mentir é um tiro no centro da nossa autoestima. A mentira é um peso que nos angustia; no princípio é fácil e reconfortante porque obtemos bons resultados, mas a longo prazo se torna difícil de gerenciar.

A realidade fica distorcida e a pessoa que mente acaba se perdendo nesse falso mundo que foi construído com base em mentiras e falsidades. O pior é que essa situação esconde suas virtudes; as pessoas só conhecem as suas mentiras.

“O maior castigo para o mentiroso é não ser acreditado mesmo quando fala a verdade”.

-Aristóteles-

Quando a mentira se torna algo patológico, os psicólogos a chamam de “pseudologia fantástica”. Há um caso conhecido, como o de Tania Head, que se apresentou ao mundo como uma vítima dos atentados de 11 de setembro e se tornou a Presidente da Associação dos Sobreviventes do World Trade Center.

Todos nós já mentimos alguma vez na vida: por necessidade, piedade, emoção, perigo, por amizade… A mentira pode ser um recurso, mas existem limites que nos mostram se devemos mentir ou não. Pergunte a si mesmo: me sinto bem mentindo? Estou prejudicando alguém? Cada pessoa sabe o que quer e onde pode chegar.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.