4 metáforas terapêuticas para a depressão que nos convidam a refletir
As metáforas terapêuticas para a depressão são frequentemente usadas em abordagens como a terapia de aceitação e compromisso. O objetivo é fazer com que o paciente tenha uma perspectiva diferente da sua situação e seja capaz de analisar a sua realidade de uma forma mais profunda, pensativa e original.
É claro que esses recursos linguísticos não farão a pessoa superar a sua depressão da noite para o dia. É mais uma etapa, uma estratégia no conjunto de ferramentas que o psicólogo tem à sua disposição para favorecer o processo terapêutico com o seu paciente. No entanto, é interessante ver o seu efeito.
Independentemente da idade da pessoa, esses exercícios dialéticos despertam ideias, convidam ao confronto e, muitas vezes, até quebram padrões de pensamento negativo.
Um dos verdadeiros gurus das metáforas terapêuticas é, sem dúvida, Sheldon Kopp. Em seu livro Metáforas Terapêuticas de um Psicoterapeuta, ele coleciona uma ampla variedade desses recursos. George W. Burns também nos fornece um trabalho mais recente e aprofundado sobre esse tópico em seu livro Curando com Histórias: Casos para usar Metáforas Terapêuticas.
Estes tipos de estratégias estão em uso há décadas. Na verdade, Milton Erickson, pioneiro no uso do relaxamento muscular e da hipnose no processo terapêutico, costumava salientar que as metáforas terapêuticas nunca poderiam faltar em suas sessões. Era uma forma de “ligar” a mente do paciente, de posicioná-lo em situações que pudessem gerar um confronto e uma descoberta…
“Em geral, uma metáfora é definida como uma forma de falar em que uma realidade se expressa em termos de outra. Dessa forma, podemos lançar luz sobre o que o paciente está vivenciando para que ele veja a situação de outra forma”.
-Sheldon Kopp-
Metáforas terapêuticas para a depressão
A primeira coisa a se ter em mente sobre as metáforas terapêuticas para a depressão é que, às vezes, elas podem não ser úteis. Não serão úteis se o paciente sofrer, por exemplo, de uma depressão maior e não puder centrar a atenção e realizar um processo de reflexão.
Portanto, tudo vai depender de como a pessoa está naquele determinado momento, algo que o profissional deve avaliar. Vamos ver que tipo de metáfora pode ser útil nesses casos.
1. A metáfora do pântano
Imagine que o seu objetivo na vida é conquistar o topo de uma bela montanha. Agora, quando você inicia sua jornada para esse destino mágico, de repente se depara com um obstáculo: um pântano. Você cai nele, seus pés afundam, você tenta se mover para frente, mas a cada passo você percebe como vai mais fundo naquela lama fria.
Reflexão⇒ Na jornada da vida, somos forçados a superar obstáculos. A depressão é mais uma parte do caminho para a sua realização pessoal, para o topo daquela montanha. Quer goste ou não, você é forçado a sair daquele pântano para continuar caminhando até o topo. É mais um processo, que mais cedo ou mais tarde você vai vencer com a ajuda da terapia.
2. A metáfora da gárgula
A depressão é como carregar uma gárgula pesada no ombro. Uma pedra que constantemente sussurra para você quão pouco você vale, quão obscuro é tudo ao seu redor. Ela é hábil em lhe trazer fatalidades quase todos os momentos, e o pior de tudo é que aquela gárgula nunca se cala e pesa cada vez mais.
Reflexão⇒ você deve tirar o poder daquela gárgula, removê-la do seu ombro, da sua vida. Essa criatura que sussurra para você é o seu diálogo interno, essa dimensão psicológica que você deve começar a controlar, a higienizar, a colocar a seu favor.
3. Metáforas terapêuticas para depressão: o interruptor de luz
Entre as metáforas terapêuticas da depressão, aquela que faz referência à luz é uma das mais interessantes. Nesse caso, a ideia dos pensamentos negativos entra em cena novamente. Para entender, pense naqueles momentos em que a luz queima em um cômodo da sua casa.
Automaticamente, toda vez que você cruza a soleira para entrar naquela sala, você leva a mão até o interruptor. Você sabe que a lâmpada está queimada, mas seu cérebro tenta girar o botão porque está acostumado.
Reflexão⇒ A mesma coisa acontece com a depressão. Nossos pensamentos negativos também são automáticos. Nós os ativamos quase a todo momento. Pense nisso, pondere essa metáfora e tente controlá-los.
4. Mensagens do meu computador
Imagine que você se sente para trabalhar em seu computador um dia e algo incomum acontece. De repente, mensagens como “você é inútil”, “tudo vai dar errado”, “você sempre será infeliz”, “você merece a solidão”, “não tem solução para os seus problemas” e assim por diante. Você se sente alarmado e com medo.
Você sabe que é um vírus, que o seu computador está infectado. Agora, em vez de parar para fazer algo, pedir ajuda para que alguém elimine o vírus, você se limita a tentar trabalhar.
Você tem muitas coisas a fazer, os outros esperam que você entregue aqueles relatórios. Portanto, você tenta aceitar essas mensagens enquanto executa sua tarefa com grande dificuldade. Agora, depois de dois dias, você se sente incapaz. Essas mensagens estão minando o seu ânimo.
Reflexão⇒ às vezes, somos forçados a parar e pedir ajuda. Não importa o que os outros esperam de você. Não importa o seu trabalho ou as pressões que o cercam. Quando algo não está indo bem em sua vida, você deve parar e pedir ajuda. Deixar o problema que você tem hoje para amanhã só aumentará o desconforto.
Para concluir, as metáforas terapêuticas para a depressão não são úteis apenas para essa condição psicológica. De alguma forma, elas nos convidam a refletir, a mergulhar em nossas realidades pessoais para ter outras perspectivas. Seu poder é imenso, então vamos manter esses recursos em mente e aproveitar os seus benefícios.
Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.
- Burns, G. (2009). Healing with Stories: Your Casebook Collection for Using Therapeutic Metaphors. Australian and New Zealand Journal of Family Therapy (Vol. 30, pp. 315–316). https://doi.org/10.1016/S0014-5793(99)00327-0
- David Gordon (1978) Metáforas terapéuticas para el cambio. Ariel
- Grinder, R. Bandler, R (1981) Trance-Formations. Explore Press
- Kopp, Sheldon (2009) Metáforas de un psicoterapeuta. Gedisa.
- Witztum, E., van der Hart, O., & Friedman, B. (1988). The use of metaphors in psychotherapy. Journal of Contemporary Psychotherapy, 18(4), 270–290. https://doi.org/10.1007/BF00946010