Sempre chega um momento em que você descobre seus pontos fortes

Há um ponto de inflexão em nossas vidas. É aquele momento em que o destino nos coloca à prova e acende o núcleo interno onde residem nossas forças. A partir desse momento, não importa que o vento esteja soprando na direção contrária, você avança apesar do medo e das dificuldades.
Sempre chega um momento em que você descobre seus pontos fortes
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 15 novembro, 2021

A escritora Dorothy Parker costumava dizer que quem fica entediado em tempos de calmaria é porque não conhece os tempos de tempestade. De algum modo, uma parte de nós sempre se revela nesses momentos de mar agitado, nesses dias em que o destino tira o nosso equilíbrio para nos colocar à prova. É nessa fase da complexa jornada existencial que você descobre seus pontos fortes.

Até então, poderíamos dizer que as pessoas se limitam apenas a improvisar. Esse tópico não deixa de ser tão interessante quanto revelador. Há alguns anos, Gallup, uma empresa de pesquisas de opinião dos Estados Unidos, quis descobrir quais tipos de pontos fortes eram mais comuns na população. Para isso, desenvolveu uma pesquisa para que as pessoas pudessem se avaliar.

Mais tarde, os psicólogos Nick Epley e David Dunning destacaram algo relevante sobre esse tema. Muitos de nós somos juízes inexperientes do nosso valor. Existem aqueles que o engrandecem e aqueles que o subestimam. A melhor maneira de saber quais são nossos pontos fortes é virar o espelho e ver o que os outros dizem.

Outra forma é nos colocarmos à prova. Mais cedo ou mais tarde, chega o momento em que emergem nosso verdadeiro valor e nossos maiores pontos fortes.

Homem contemplando paisagem

Finalmente chega o dia em que você descobre seus pontos fortes

Foi em 2004 que Martin Seligman e Chris Peterson publicaram um livro intitulado Character Strengths and Virtues: A Handbook and Classification.

Esse trabalho era uma antítese do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais e, basicamente, buscava destacar os talentos, as habilidades e os valores que cada pessoa guarda em seu interior.

Esse livro sempre despertou certas críticas por parte da comunidade científica. Definir como pontos fortes a bondade, a generosidade ou a alegria pertencia, para muitos, mais ao campo das virtudes morais e não à área das competências psicológicas.

Talvez por isso, em 2014, Laura King e Louis Trent, doutores da Universidade da Califórnia, tenham contribuído com uma nova abordagem que deixava de lado as “virtudes” para falar sobre os “pontos fortes da personalidade humana”.

Essa abordagem pretendia encontrar aqueles valores que nos permitem uma melhor adaptação às mudanças, aos desafios da vida. É esse tecido emocional e psicológico que funciona como mediador entre o bem-estar, a melhor tomada de decisões e até mesmo a nossa capacidade de atingir todo o nosso potencial humano. Vamos ver mais características.

Quando você descobre seus pontos fortes, lida melhor com os tempos de calmaria e de adversidade

Às vezes, acontece algo imprevisto: a perda do emprego, o fim de um relacionamento… Esses acontecimentos nos colocam à prova, eles nos imobilizam e, é claro, nos machucam. No entanto, ao superá-los, você descobre os seus pontos fortes.

Você percebe que existem recursos em si mesmo que não conhecia. Você aprendeu a lidar com suas emoções, a lidar com a dor, a alimentar a esperança e até a motivação mais uma vez…

Todos esses aprendizados ficam integrados em você e oferecem um maior tempo de estrada, uma maior visão. É aí que você começa a se movimentar melhor, tanto nos dias calmos quanto nos mais difíceis. Você faz isso porque tem clareza sobre seus propósitos, sabe o que quer, e sua bússola pessoal está bem calibrada.

Todos nós temos forças que devem florescer em nossa personalidade

Muitos de nós passamos anos acostumados à nossa zona de conforto. Àquela estabilidade onde tudo está sob controle, em que tudo é previsível e considerado “garantido”. Até que, de repente, a primeira rachadura aparece e, em pouco tempo, uma parte da nossa área segura desmorona e vem abaixo. Então, passamos à ação, reagimos e percebemos que temos pontos fortes.

Quando descobre seus pontos fortes, você percebe que é mais resiliente do que achava, mais criativo, esperançoso e proativo.

No entanto, embora às vezes uma demanda situacional ou experiencial nos faça reagir de maneira adequada, isso não significa que vai acontecer novamente da mesma forma. Ou seja, hoje podemos ter agido bem diante de um fracasso no trabalho, diante de um problema vivido no relacionamento.

No entanto, é possível que, ao nos depararmos com outra situação complicada, não tomemos as mesmas ações tão corretamente. Então, o que isso significa? Significa que, quando descobrir seus pontos fortes, você deve garantir que eles continuem a florescer.

Quanto mais você os usar, mais eles vão se desenvolver e se aplicar a muitas outras áreas da sua vida. Se você teve habilidade para resolver um incidente no trabalho, essa capacidade de reação também deve ser aplicada a outros cenários do seu dia a dia.

Os três componentes dos pontos fortes: sentir, pensar, agir

Quando você descobre seus pontos fortes, muda a sua realidade. No entanto, para que isso aconteça, é preciso alinhar três forças, três processos excepcionais que nos conduzem à conquista, ao progresso nessa luta para superar nossos medos, para abrir caminho em meio a adversidade. Falamos sobre a emoção, o pensamento e a ação.

Toda força parte de uma emoção, aquela que nos convida a nos superar, a cruzar aquela ponte na qual os medos permanecem embaixo e as esperanças estão em frente. Usar os pontos fortes também é garantir que nossos pensamentos sejam alimentados pela motivação, pela confiança em nós mesmos. Somente então conseguiremos agir sem sermos imobilizados pelo medo, sem sermos cercados pela insegurança.

Vamos confiar um pouco mais no motor de superação pessoal que todos carregamos dentro de nós.


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  • King, L. A., & Trent, J. (2013). Personality strengths. In H. Tennen, J. Suls, & I. B. Weiner (Eds.), Handbook of psychology: Personality and social psychology (p. 197–222). John Wiley & Sons Inc.

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