A desconcertante decisão de não assumir as responsabilidades

A desconcertante decisão de não assumir as responsabilidades
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 23 setembro, 2017

Todos nós já encontramos alguma vez na vida pessoas que geram expectativas, fazem promessas ou se comprometem com algo e depois se recusam a assumir as responsabilidades. É muito comum acontecer com os casais, quando um deles desaparece e o outro não sabe o que pensar. Pode acontecer também nos negócios ou trabalho, quando você cede e dedica o seu tempo para chegar a um acordo e, depois, o outro não o respeita.

Não assumir os riscos é o estilo de algumas pessoas. Elas criam um conflito e se vão. Depois, quando é preciso dividir as responsabilidades, é difícil encontrá-las. É a maneira usual como agem alguns criminosos: eles querem obter o benefício, mas não estão dispostos a pagar o preço associado ao risco que correm.

“Tentar lutar contra um inimigo invisível é como tentar fugir da sua existência”.
– Anônimo –

Esses comportamentos são muito prejudiciais para as vítimas dessas pessoas: causam uma profunda perplexidade. Você pode gastar muito tempo tentando juntar o quebra-cabeças para descobrir por que alguém age dessa forma. É possível que sobre muita desconfiança para com os outros e muitas recriminações consigo mesmo. Então, está nas nossas mãos não deixar isso aconteça novamente.

Rosto feminino ilustrado com flor

Não assumir as responsabilidades é uma vergonha e cinismo ao mesmo tempo

Quem não se atreve a assumir os riscos sabe ou intui que fez algo repreensível. Além disso, está de alguma forma ciente de que os meios que usou não são justificados pelo propósito que pretendia. Portanto, as razões pelas quais agiu de forma negativa não são válidas. Falta peso, lógica, honestidade ou consideração pelo outro.

A pessoa age contra a ética ou valores, conscientemente. Ao mesmo tempo, há uma ambivalência: ela não é capaz de admitir diante dos outros que o seu comportamento é reprovável. Não admite que cometeu um erro e que a sua atitude é vergonhosa.

Ao mesmo tempo, essa atitude denota falta de pudor. Não assumir as responsabilidades é uma maneira de resolver o problema ignorando o outro, não lhe dando a consideração que ele merece. Demonstra que não há interesse em reparar o dano causado ou até mesmo um certo desrespeito (“não é para tanto”). Que os afetados assumam as consequências e aceitem que não podem fazer nada. Nesse sentido, não assumir as responsabilidades também é uma forma de cinismo: a pessoa age incorretamente, sabe disso, e deixa a pessoa afetada resolver tudo como puder.

A incapacidade de assumir as responsabilidades

Não assumir os riscos, evidentemente, é um sinal óbvio de falta de responsabilidade. As sociedades são construídas sobre acordos coletivos, implícitos ou explícitos. As leis, as religiões e as ideologias são algumas das maneiras pelas quais é transmitida a importância desses pactos tão necessários para a convivência em grupo. Nós nos beneficiamos e em troca, devemos trazer benefícios para a sociedade. Esse é o acordo básico.

Mulher com peixe nas costas

A responsabilidade refere-se à capacidade de assumir os riscos, aprendemos desde os primeiros anos de vida. É preciso respeitar os compromissos e as obrigações que temos em relação aos outros. Alguns conseguem aprender que a responsabilidade é uma escolha pessoal e autônoma. Não é preciso que ninguém lhe diga o que fazer para que cumpra um acordo. Não depende da recompensa ou da punição dos outros, mas da própria consciência.

Quem não assume as suas responsabilidades foge da obrigação de responder pelo que fez. Essa atitude rompe os compromissos e, claro, também quebra a confiança. É um comportamento que denota falta de autonomia. Aqueles que preferem se esconder permanecem prisioneiros do esquema prêmio-castigo. Eles agem como quando eram crianças, escondendo-se quando cometem um erro.

O que fazer com quem não quer assumir as responsabilidades

Uma pessoa que não assume as suas responsabilidades causa muitos problemas para os outros. Pode ser muito doloroso ser prejudicado e a pessoa envolvida sequer lhe pedir desculpas. É algo que faz com que você sinta uma enorme impotência. Guardando as devidas proporções, é algo como uma estafa emocional.

Homem se escondendo por não assumir as responsabilidades

Essas atitudes também são uma forma de manipulação. Quando deixamos a resolução da situação nas mãos de apenas uma das partes, um desconforto adicional é introduzido. Essa ausência da pessoa que não assume as suas responsabilidades cria vínculos entre ambos. O conflito fica em um limbo e, de uma forma ou de outra, se prolonga no tempo, com todas as emoções negativas que isso acarreta.

Quando você fica com a responsabilidade de terminar uma situação que era de duas ou mais pessoas, você não tem outra escolha senão enfrentar o desafio. É conveniente desistir logo da fantasia de que o outro vai voltar para responder pelos seus atos, para fazer presença. Essa fantasia faz parte das redes de manipulação. “Deixe ir” quem não quer enfrentar as suas responsabilidades. Resolva o que pode ser resolvido e vire a página. É o mais sábio.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.