No meio do caos, a calma

No meio de tanto ruído, a calma. No meio do medo e do barulho que a incerteza e o pânico trazem, a calma. Só uma mente concentrada e relaxada pode explorar toda a sua força psicológica. Esse é o momento de despertá-la.
No meio do caos, a calma
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 15 novembro, 2021

Não é fácil viver com calma no meio do caos. Não é simples manter o equilíbrio quando há uma tormenta, quando o vento passa entre os cabelos e sussurra mensagens de medo com sabor de incerteza nos nossos ouvidos.

Estamos desenhados para antecipar os acontecimentos, para responder emocional e cognitivamente de maneira precipitada quando o pânico aparece. No entanto, o ideal no meio desses cenários é manter a calma.

Nos campos da psicologia e da sociologia, já é um consenso que a palavra deste ano de 2020 será medo. Os acontecimentos atuais formam um caleidoscópio marcado por essa palavra, e dentro do qual se pode ver desde o fantasma do comportamento mais irracional até as reações mais integradoras. São aquelas que assumem a presença do medo, mas escolhem enfrentá-lo com comportamentos proativos para dar soluções para os problemas.

Já dizia o psiquiatra Karl Augustus Menninger que os medos podem ser educados, e é aí que podemos dar passos mais firmes. É fácil dizer isso, mas colocar em prática é possivelmente o ato mais complexo e traumático que o ser humano pode concretizar. Porque quando o caos bate à porta e nos tira a calma, a mente se descontrola e, o que é ainda mais perigoso, contagia os outros até fazer do medo um inimigo comum de dimensões extraordinárias.

Nesse contexto, devemos disseminar a calma. Essa dimensão também pode ser treinada porque, no fim das contas, o próprio medo, a ansiedade e os comportamentos irracionais são um vírus que também podemos aprender a conter.

Manter a serenidade

No meio do caos, devemos ensinar a mente a criar a calma

Chegamos a um ponto no qual estamos metaforicamente doente de tantas notícias ruins. A televisão, o rádio, nossas redes sociais… Os dados inquietantes, os fatos preocupantes, as mensagens negativas, tudo isso, em conjunto, está ganhando de qualquer manifestação positiva.

E mais, no que diz respeito ao tempo, as notícias negativas sempre são divulgadas antes das que trazem um pouco mais de esperança. Fazemos isso sem nem mesmo aplicar o filtro da prudência, sem sopesar se o que estamos divulgando está certo ou não.

Bem, é verdade que temos o direito de saber de tudo, que a informação traz poder e que temos que estar em contato com a realidade que nos cerca. Mas há momentos em que as circunstâncias e determinados fatos são interpretados como ameaças, e logo surge um sentimento de impotência. Não saber o que pode acontecer amanhã é, sem dúvida, o que mais assusta e limita o homem.

Somos criaturas acostumadas a ter o controle sobre a realidade imediata – ou ao menos a pensar que temos. Sentir que estamos no meio do caos, que o que ontem estava certo e seguro hoje está incerto ou nem está mais, nos machuca e nos perturba.

O que podemos fazer diante dessas circunstâncias?

A calma é uma atitude, e ela aparece quando aceitamos que não podemos controlar o caos

Em um contexto de incerteza, a ansiedade aumenta. A isso se soma outro fator: nosso ambiente, a informação que recebemos, as pessoas que nos rodeiam, nos contagiam com suas emoções e seus medos. Nada eleva tanto a angústia quanto o não saber, quanto a incerteza em si.

Um exemplo: é muito pior não saber se vamos perder o emprego do que ter a certeza de que o perdemos. O cérebro age de forma diferente. É necessário, portanto, aprender a tolerar a incerteza.

Devemos assumir que, ainda que não tenhamos o controle sobre certas coisas, temos sempre o controle de como podemos reagir a elas. Essa é a chave.

  • Agir com calma é a melhor atitude que podemos ter. É a mentalidade por meio da qual poderemos responder de maneira mais acertada, racional e justa, dando o melhor de nós mesmos.
Paz interior

Limpe a mente: elimine pensamentos catastróficos

Em meio ao caos, os pensamentos catastróficos não ajudam, eles apenas nos ajudam a afundar. No meio das dificuldades, de um cenário cheio de problemas e dúvidas, a mente deve ser nossa aliada, e não uma adversária que nos atrapalha a cada passo.

Portanto, é fundamental que sejamos capazes de limpar nossa mente de qualquer pensamento tóxico, qualquer pensamento que alimente o medo e que, em vez de nos ajudar com uma solução, só adicione mais problemas ao dia.

Sejamos conscientes do que se passa na nossa mente e eliminemos o diálogo interno negativo. A calma deve ser o farol capaz de nos guiar na escuridão do caos.

Quem você quer ser no meio do caos?

Responder, em épocas difíceis, à questão de quem queremos ser pode nos ajudar em meio ao caos. Você quer ser um herói ou uma vítima? Alguém que ajudou ou alguém que piorou a situação? Alguém de quem você se sente orgulhoso ou uma figura que escolheu o pânico e o desespero?

Você escolhe, você decide que marca você vai deixar nesses dias nos quais estamos sendo chamados a dar o melhor de nós mesmos.

Em cenários de crise, a calma é aquela companheira capaz de traçar caminhos mais serenos e corretos. De mãos dadas com ela, veremos as coisas com maior nitidez para saber reagir, ser proativos e responsáveis.

É o momento de ativá-la. É hora de estar no presente e aceitar as mudanças do amanhã e as incertezas do futuro. Devemos agir juntos com serenidade, inteligência e prudência.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.