Nosso barulho mental

Nosso barulho mental

Última atualização: 13 maio, 2015

Ser incapaz de deixar de pensar é algo terrível. Esse ruído mental que nos acompanha constantemente nos impede de encontrar a nossa quietude interior e em maior medida, a conexão com nós mesmos.

Você não é a sua mente

Vivemos numa época de velocidade e indeterminação, rodeados por milhares de tarefas pra fazer que às vezes vamos adiando, pois agora o tempo é curto. Enquanto tomamos essa decisão, outra ideia se encontra aterrissando na pista da nossa mente, que contribui com a nossa sobrecarga. Assim, terminamos o dia com a sensação de não ter realizado tudo o que tínhamos nos proposto, e no caso de tê-lo feito, com uma terrível sensação de cansaço e irritabilidade, porque ainda temos outras tantas coisas para fazer… Pois é, vivemos indo pra trás e pra frente, rodeados de muito barulho, o da rua e o nosso interno mesmo.

Temos nos transformado em viciados do nosso pensamento, e como consequência disto, temos nos desligado de nós mesmos.
Esse barulho mental que nos acompanha, o pensamento, além de impedir que tenhamos momentos de calma, também tem a capacidade de criar um falso eu fabricado pela mente, que lança sobre nós uma capa de sofrimento e medo.

Mas, por que isso acontece?

Frequentemente nos identificamos com o nosso pensamento, com nossa mente criando uma tela opaca de uma grande quantidade de etiquetas, conceitos, palavras, julgamentos, imagens que bloqueiam a verdadeira relação com nós mesmos.

E assim acreditamos que nós somos nossa mente, o instrumento se apoderando de nós.

“É bastante comum que nossa própria voz interna seja nosso pior inimigo, e vivamos com um torturador na cabeça que nos ataca e castiga, esgotando a nossa energia vital.” Eckhart Tolle.

Temos que aprender a observar e tomar distância de nós mesmos com respeito aos pensamentos e emoções que suscitamos, de modo que saibamos distinguir entre o ato de ter um pensamento, o conteúdo daquilo que foi pensado e da pessoa (nós) que está percebendo isto.

Para isto proponho a “metáfora do tabuleiro de xadrez” (Wilson e Luciano, 2002) para demonstrar a importância de um observador que reconhece e aceita.

O tabuleiro de xadrez

Imagine um tabuleiro de xadrez. Sobre ele, as peças estão em luta umas com as outras, enquanto o tabuleiro tem apenas o papel de observador. O tabuleiro nunca perde, mas as peças estão se combatendo, sendo às vezes eliminadas. Agora apliquemos isto ao nosso caso.

Se estamos lutando contra nossos medos e preocupações, com as peças brancas ou pretas, o jogo nunca terminará, já que quando acabar uma partida, outra começará, nos colocando num círculo vicioso. A questão está em jogar a partida servindo como tabuleiro, isto é, observando a luta sem participar. Desta forma, podemos considerar as peças como os nossos pensamentos ou inclusive sentimentos, lembrando e sendo testemunhas de que isto não faz a nossa identidade. Não somos o pensamento, mas sim o tabuleiro capaz de conter todos os conteúdos cognitivos.

Como expliquei anteriormente, as verbalizações, palavras e pensamentos, por mais verídicos que possam parecer, não são fatos.

Nota: A mente é um instrumento soberbo se usada corretamente. Contudo, se usada incorretamente, se faz muito destrutiva (Eckhart Tolle)

Imagem cortesia de Lee Kyeong Hwan


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