O curioso relato de um sobrevivente do Titanic

O curioso relato de um sobrevivente do Titanic

Última atualização: 26 fevereiro, 2018

Um casal espanhol sobrevivente do Titanic contou vários detalhes dessa fatídica viagem inaugural. Esse casal, que viveu por muitos anos em Havana, Cuba, durante décadas guardou alguns segredos e fantasmas do Titanic, detalhes do que aconteceu no suposto navio “inafundável” que tentava chegar a Nova York e custou a vida de centenas de pessoas, de todas as idades.

Julián Padró Manent e sua esposa Florentina Durán estavam nesse barco e tiveram contato com um jornalista que lhes fez muitas perguntas sobre essa viagem, para poder responder alguns dos mistérios que o cercam há um século. Uma das lembranças do homem foi que “A água negra e gelada avançava e subia lentamente pelo barco e ali percebi que não havia como voltar atrás. Quando estava na altura dos pés, eu tentei por todos os meios me salvar”.

A entrevista aconteceu em 1955 e foi publicada na Revista “Bohemia”. O encarregado de perguntar foi o então estudante de jornalismo Rodolfo Santovenia.

O relato de um sobrevivente do Titanic

Padró contou que durante essa viagem muitos foram os estresses que ele sofreu. Eles subiram no barco na França em 11 de abril de 1912, e em todos os lugares se dizia que era o navio mais seguro que existia. Isto devia-se aos 16 compartimentos em que se dividia o casco. Tinha todas as características de um barco salva-vidas gigante.

“As cabines de luxo foram ocupadas por personalidades destacadas e conhecidas como o proprietário das lojas de departamento Macy And Company (Isidor Straus) e o CEO da empresa britânica White Star Line (Bruce Ismay)”.

“No quarto dia de navegação o clima estava muito bom, claro e ensolarado. Estava muito frio no convés e o mar estava calmo. Todo mundo estava muito feliz e ninguém imaginava que uma tragédia estava por vir. No jantar naquela noite, muitos se reuniram para fumar e jogar xadrez ou cartas. Fui para a cama e meio sonolento ouvi uma batida, mas não dei importância e voltei a dormir. Isso aconteceu com muitos mais. A colisão tinha sido tão leve que alguns nem sequer acordaram. Além disso, a noite estava tão bonita, ninguém pensaria que um iceberg tinha feito um buraco de 150 metros de comprimento”, continuou ele.

A história continua quando um de seus parceiros de jogo bateu à porta de sua cabine e o alertou para o perigo. Eles correram para o convés, onde muitos passageiros já estavam tentando encontrar respostas. Um oficial disse-lhes que era um problema menor, mas a água não parava de entrar. Depois de um tempo foi dada a ordem de subir mulheres e crianças nos botes e os homens vestirem os coletes salva-vidas. Alguns riram, outros choraram, houve aqueles que se recusaram a usar o colete e senhoras que não subiram nos botes. O resgate foi muito lento.

“A confusão era cada vez maior. Eu não ouvi os músicos em nenhum momento, perdoe-me quem disse o contrário. Os segundos pareciam séculos, a água não parava e não havia mais botes disponíveis. Alguns homens pularam no vazio, outros não se decidiam. Caí em um dos botes que estava sendo arriado, onde quase todos eram tripulantes. Afastaram-se rápido do Titanic, que parecia uma baleia a ponto de afundar.”

“Vi como submergia lentamente, mas, depois, cada vez mais depressa. As luzes se apagaram e as caldeiras explodiram, havia gente gritando, um redemoinho na água e, de repente, escuridão. O navio tinha afundado em uma hora. Passamos a noite no bote até que topamos com o navio Carpathia. Chegamos em Nova York na quinta-feira à noite. Nunca esquecerei as pessoas esperando no cais, famílias de sobreviventes e de desaparecidos.”

Alguns dados sobre o Titanic

O transatlântico transportava 11 mil libras de peixe, 75 mil libras de carne e 2 mil litros de sorvete. Tinha quatro chaminés, seu casco era preto, a parte superior branca e a linha de flutuação vermelha. Para poder lançá-lo à água foram necessárias 3 toneladas de sabão e óleo de trem para que escorregasse para o mar. Em um minuto baixou 1.800 pés e foi detido por âncoras e correntes que pesavam 80 toneladas.

Para sua viagem inaugural (primeira e última) levava 2.230 pessoas, entre passageiros e tripulantes. Tinha percorrido 546 milhas no momento em que bateu no iceberg, por volta da meia noite. O comandante e o construtor deram uma olhada na avaria e perceberam que inevitavelmente iria afundar. Às 2 da manhã a água estava muito perto do convés e o comandante ordenou que os homens se salvassem. Muitos deles morreram congelados e não afogados. No total, 705 pessoas se salvaram e 1.522 morreram.

Em 1985, o Titanic foi localizado no fundo do mar, a 3.800 metros no Atlântico Norte, 900 Km ao sul de Saint Jhon’s, em Terranova, Canadá. Foram realizadas três expedições submarinas para capturar restos valiosos, incluindo um carregamento de diamantes


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