O experimento do pequeno Albert

O experimento do pequeno Albert
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 05 junho, 2018

John B. Watson  é conhecido como um dos pais do condicionamento clássico. Seu principal referencial intelectual foi Pavlov, o fisiologista de origem russa que realizou as primeiras descobertas sobre o condicionamento. Watson realizou um famoso estudo, conhecido como o experimento do pequeno Albert.

Contaremos o caso por partes. Ivan Pavlov realizou um famoso experimento com cachorros. Podemos dizer que foi um dos parágrafos mais importantes no capítulo introdutório do que viria a ser a psicologia como ciência. Ele descobriu os aspectos básicos do funcionamento do estímulo e  resposta e estabeleceu os princípios do que se chamou de “condicionamento clássico”.

O que Pavlov  fez com os cachorros, Watson tentou replicar no experimento com o pequeno Albert. Em outras palavras, experimentou com seres humanos. Nesse caso, um bebê foi manipulado para provar sua teoria.

Os experimentos de Pavlov

Ivan Pavlov foi um grande pesquisador da natureza. Depois de estudar varias disciplinas, se interessou  pela  fisiologia, e foi exatamente um elemento fisiológico que permitiu que ele descobrisse o condicionamento a partir do esquema estímulo e resposta.

Experimento de Pavlov

Pavlov percebeu que os cachorros  salivavam antes de receber um alimento. Então, descobriu que esses animais se “preparavam” para comer quando chegava o momento. Eles o relacionavam ao estímulo. Essa observação o deixou curioso para começar seus experimentos. Foi assim que começou a introduzir diferentes estímulos antes de servir a comida para os animais, na forma de aviso.

O mais famoso desses elementos foi um sino. Chegou ao ponto  de comprovar que os cães salivavam quando escutavam o sino. Sabiam que esse som precedia a chegada de seu alimento. Desse modo, eles haviam se condicionado a essa situação. O som, que era o estímulo, provocava uma resposta, a salivação.

Os antecedentes do experimento do pequeno Albert

John B. Watson era um positivista radical. Pensava que a conduta humana devia ser estudada exclusivamente com base nos comportamentos aprendidos. Para ele não havia sentido algum falar de elementos genéticos, inconsciente ou instintos. Para ele devia-se estudar unicamente o comportamento observável.

O experimento do pequeno Albert

Watson era um pesquisador da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore (Estados Unidos). Partiu da ideia de que em todo ser humano, a maior parte do comportamento pode ser explicado pela nossa história de aprendizado, baseada no condicionamento. Assim, lhe pareceu uma boa ideia tentar demonstrar que as conclusões de Pavlov também poderiam ser aplicadas aos seres humanos.

Desse modo, juntamente com sua assistente, Rosalie Rayner, se dirigiu a um orfanato e escolheu um bebê de apenas 8 meses de idade. Ele era filho de uma das cuidadoras do orfanato. Mesmo com essa ligação, ele vivia em um ambiente onde a frieza dominava. O bebê se mostrava completamente tranquilo. Assim nasceu o experimento do pequeno Albert.

O experimento do pequeno Albert

Na primeira fase do experimento do pequeno Albert, foram apresentados a ele diversos estímulos. O objetivo era observar quais deles causavam medo. Foi comprovado que o medo só se manifestava quando ele escutava fortes sons. Isso era algo comum com todas as crianças. Tirando isso, não demonstrou medo algum diante dos animais ou mesmo do fogo.

O teste prosseguiu induzindo a um medo por condicionamento. Foi apresentada ao bebê uma ratazana branca, e ele quis brincar com ela. Entretanto, ao fazer isso, os pesquisadores soavam um forte som que o assustava. Depois de repetir várias vezes o mesmo procedimento, o bebê acabou por sentir medo da ratazana. A seguir foram introduzidos outros animais, como coelhos, cachorros, e inclusive casacos de pele. Em todos os casos, a criança terminou condicionada. Sentia medo ao ver esses elementos.

O bebê passou muito tempo sendo submetido aos testes. O experimento do pequeno Albert durou quase um ano. No final, o bebê havia passado de muito tranquilo a viver praticamente em um estado de contínua ansiedade. Chegou a sentir medo de uma máscara de Papai Noel. Os pesquisadores o obrigaram a tocar na máscara, o que causou um ataque de choro. Finalmente, a Universidade expulsou Watson pelo seu polêmico experimento e também por ter iniciado um romance com sua assistente.

A segunda fase do experimento consistia em reverter o condicionamento; quer dizer, “descondicionar” os medos previamente condicionados. Contudo, isso nunca chegou a ser realizado. Não se sabe o que aconteceu com o bebê depois do famoso experimento. Entretanto, uma publicação da época noticiou que a criança veio a falecer aos 6 anos de idade, devido a uma hidrocefalia congênita. Sendo assim, os resultados do macabro experimento poderiam vir a ser questionados.

De qualquer maneira, o experimento do pequeno Albert é um dos mais famosos da história da psicologia. Pelo nível de suas pretensões, por suas conclusões, e principalmente por violar uma série de normas de conduta que hoje qualquer pesquisador teria de respeitar ao realizar um experimento.


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