O poder das carícias

O poder das carícias

Última atualização: 27 abril, 2015

Nenhum outro sentido nos coloca em contato tão direto com outro ser humano como o tato. Na verdade, as pessoas são puro tato: a pele cobre todo o nosso corpo. E a mão, sede principal da função tátil, é uma extremidade complexa que nos separa definitivamente dos outros membros do reino animal.

Não é exagero dizer que a ampla linguagem do tato é um dos fatores decisivos que nos coloca no universo do humano. É conhecido e muitas vezes citado o fato de que um bebê não acariciado corre inclusive risco de vida.

Estudos sobre as carícias

Logo após a Segunda Guerra Mundial, houve um caso espontâneo que chamou a atenção dos pesquisadores. Havia dois orfanatos estatais e foi observado o fato de que em um deles as crianças tinham melhor altura e peso do que no outro. A situação era estranha, uma vez que as duas instituições pertenciam ao mesmo programa.

Quando os fatos foram investigados, constatou-se que a diferença ocorria por causa da pessoa que era responsável em cada um deles. Enquanto a Senhora Grun costumava brincar e acariciar as crianças sob seus cuidados, a Senhora Schwarz mantinha uma relação distante com os pequenos que cresciam em sua instituição.

Por acaso, as duas mulheres foram transferidas e cada uma terminou dirigindo o orfanato que estava anteriormente a cargo da outra. Então se confirmou o que todos pensavam: as crianças que antes tinham uma taxa de crescimento muito favorável começaram a perder peso e tamanho. Enquanto isso, as outros cresceram e engordaram.

A Universidade de Miami também relatou um estudo em que aparecem conclusões similares. Ali se observou que os prematuros paravam seu desenvolvimento enquanto estavam em incubadoras. Por isso, propuseram tirá-los de lá por quinze minutos, três vezes ao dia, para acariciá-los. O resultado foi extraordinário. Em pouco tempo eles alcançaram um nível de maturidade normal e puderam ter alta uma semana antes das outras crianças que não recebiam carícias.

As mães modernas muitas vezes não têm tempo suficiente para compartilhar com seus bebês. Por esse motivo, há um setor pesquisadores que começa a se perguntar se o crescimento exponencial da violência juvenil pode ter uma relação direta com essa falta de contato entre mãe e filho nos primeiros estágios da vida.

No Reino Unido, um pesquisa foi feita a respeito. O estudo foi conduzido pelo doutora Penelope Leach, e investigava as diferentes formas de cuidado dado às crianças menores de cinco anos e seus efeitos no desenvolvimento.

Os especialistas analisaram a saliva dos bebês que não recebiam nenhuma resposta quando irrompiam em lágrimas. Eles detectaram, então, que havia uma alta presença de cortisol no organismo dessas crianças. Cortisol é um hormônio produzido pelo estresse.

Esta substância tem um efeito altamente negativo quando atua em um cérebro em desenvolvimento. Ele também é capaz de modificar a capacidade de resposta do sistema imunológico. Portanto, concluiu-se que estas crianças eram mais propensas a ficarem doentes.

Da mesma forma foi constatado que o estresse é derivado não só de estímulos ameaçadores, mas também é produzido devido à carência ou à tensão que geram as necessidades emocionais não satisfeitas. Essa frustração poderia se tornar a semente de uma agressividade latente ou expressa.

A ciência confirma, portanto, algo que todos nós intuímos de uma maneira ou de outra. O contato emocional através do tato nos torna mais fortes e melhores. Isto não se aplica somente aos bebês; embora o impacto das carícias neles seja ainda maior, em toda a vida continua existindo a necessidade de contato físico, que tem exatamente o mesmo efeito que nas crianças.

Foto cedida por Xavi Talleda


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