O que é filosofia? Introdução para iniciantes

Entrar no mundo da filosofia pode ser difícil no início. Por isso, apresentamos a você um guia que explica a história dessa disciplina de forma simples.

A filosofia é uma disciplina incrível que aborda questões fundamentais. Essas questões têm interessado os seres humanos por mais de dois milênios. No entanto, entendemos que a filosofia é um tanto avassaladora e intimidadora para iniciantes devido à densidade de seu conteúdo.

Por isso, neste artigo oferecemos uma explicação simples da filosofia, sua utilidade e um percurso essencial para entender os principais períodos dela. Vamos começar!

Filosofia: explicação para iniciantes

A filosofia é uma disciplina particular. Nasceu aproximadamente no século VII a.C.  na Grécia antiga e, desde então, não deixou de nos fazer pensar e questionar o mundo que nos rodeia. Como sempre com ela, não há uma resposta única para seu conceito, mas tentaremos estabelecê-la.

Segundo sua etimologia, filosofia significa amor à sabedoria. O termo foi cunhado por Pitágoras de Samos, um matemático e filósofo grego que aprendeu sua profissão morando no Egito por 22 anos. Com esta palavra, Pitágoras procurava distinguir o ser filósofo dos sofistas ou sábios, explica um artigo da revista Amauta.

Nesse sentido, a filosofia é uma disciplina que se empenha em responder às questões existenciais que dizem respeito ao ser humano. Alguns exemplos dessas questões são:

• Que é o tempo?
• O que é a morte?
• O que é a verdade?
• O que é a liberdade?
• O que é a natureza?

A peculiaridade da filosofia é que ela não aceita uma única resposta, por isso é considerada uma disciplina que “incomoda”.

Desde a sua criação, ela se encarrega de investigar e responder ao que já foi respondido, valendo-se especialmente da capacidade de raciocínio do ser humano, dos debates coletivos e da lógica em seus postulados.

Para que serve a filosofia?

O debate gerado por esta questão não é menor. Alguns dizem que a filosofia não deveria ter utilidade própria. Outros atribuem-lhe um papel meramente especulativo ou teórico, mais próximo do campo académico. No entanto, nela podem ser encontradas duas utilidades importantes para o dia a dia.

De acordo com o livro Learning to Live: Philosophy for Young Minds (2010), uma dessas utilidades práticas vê a filosofia como salvação. Ou seja, encontrar nela um meio de superar nossas ansiedades. Para tanto, apela ao próprio esforço do ser humano e à sua razão.

Nesse sentido, medos e angústias são superados conhecendo o mundo, os outros e a nós mesmos. A partir dessa perspectiva, podemos viver felizes se superarmos nossos medos.

O segundo uso encontrado na filosofia é que ela nos permite entender o mundo em que vivemos. Pode acontecer que a realidade muitas vezes se torne complexa ou problemática. Por que certos fenômenos acontecem? O que está por trás do que é perceptível a olho nu? De acordo com essa visão, nossos valores e pensamentos foram moldados ao longo da história da filosofia.

Para conhecer o mundo em que vivemos e acalmar ansiedades através desta disciplina, vários ramos de estudo são sistematizados. Cada um é responsável por um determinado objeto. Estes são os seguintes:

• Ética.
• Lógica.
• Metafísica.
• Epistemologia.
• História da Filosofia.

História da filosofia, um passeio para iniciantes

Como especifica Gaos na sua obra Introdução à Filosofia (1939), desde a antiguidade até aos nossos dias, esta disciplina percorreu um percurso por diferentes e extensos cenários. Mas, concentrando-nos nos principiantes da filosofia, vejamos de forma sintetizada quais são os vários momentos e dimensões que a caracterizam.

Filosofia antiga

Este período começa aproximadamente no século VII a.C. na Grécia. Os primeiros pensadores foram chamados por Aristóteles como “os primeiros a filosofar”. Entre eles estão figuras como Tales, Anaxímenes, Anaximandro e os chamados “pré-socráticos”: Heráclito e Parmênides. É claro que Sócrates, Platão e Aristóteles fazem parte dessa etapa histórica.

Os seguidores da corrente “pré-socrática” introduziram uma nova forma de indagar sobre o mundo e o lugar do ser humano, destaca a Stanford Encyclopedia of Philosophy.

O mais notável dessa fase é o surgimento de uma atitude científica. Assim, propõe-se tomar ideias ou pensamentos como objeto da ciência. Da mesma forma, tal atitude científica se fundamenta no problema da natureza, ou seja, os filósofos tomam o mundo como o princípio de tudo o que existe. Não podemos deixar de mencionar a preocupação com o bem viver e com o convívio social.

A filosofia como ciência religiosa

Começa durante a Idade Média, por volta do século V d.C. Religiões como o judaísmo, o islamismo e o cristianismo foram interpretadas pela filosofia grega. Deus torna-se objeto de reflexão e discussão filosófica. De fato, segundo Wood (2021), os pensadores cristãos contavam com a disciplina para responder às questões relativas à providência divina e à liberdade humana.

Nesse contexto, o homem é visto como um sujeito com capacidade de pensar e raciocinar por conta própria. Além disso, é ele quem pensa em Deus por meio de suas faculdades mentais. Da mesma forma, a vida e o destino do ser humano estão na vontade do homem. Em outras palavras, é ele quem rege sua vida com base em suas próprias decisões.

As produções filosóficas feitas durante a Idade Média foram em sua maioria traduções do grego. Suas versões foram publicadas em latim, hebraico e árabe.

Isso nos diz que a filosofia ocidental foi alimentada pelos filósofos da Grécia antiga. Portanto, as interpretações e comentários desenvolvidos se originaram da antiga disciplina e fizeram novas obras com base nos textos anteriores.

Filosofia moderna

Considera-se que este ciclo se inicia no final do século XVI até o início do século XIX. Nesse período, ocorreu a “virada subjetiva”: dar prioridade e centralidade ao ser humano. Deus deixa de ser objeto de interesse filosófico e o sujeito toma seu lugar.

Nessa fase da história houve grande interesse em saber o que é verdade e como estabelecer uma ciência segura. A fundamentação desses temas tem o ser humano como princípio e como fim. Um dos filósofos mais proeminentes desse período foi René Descartes, com suas obras Meditações metafísicas (1641) e Discurso sobre o método (1637).

Da mesma forma, o mundo é interpretado e estudado de acordo com as possibilidades de conhecimento do ser humano. Immanuel Kant foi um grande filósofo para lidar com essas questões. Ele considerou que podemos saber apenas o que nossas faculdades nos permitem saber. Se ultrapassarmos os limites da compreensão, diremos ou pensaremos coisas erradas.

Filosofia contemporânea

Vivemos no período da filosofia contemporânea, embora muitos autores considerem que estamos em uma era pós-contemporânea. De qualquer forma, ela começou no início do século 20 e se interessou por temas como a essência do que é humano, ou seja, o que nos torna o que somos e nos diferencia dos outros seres.

A Enciclopédia Britânica destaca que, no período contemporâneo, a filosofia tornou-se extremamente consciente de seu próprio método e natureza.

Esta fase também está interessada na essência dos objetos. Ou seja, aquelas propriedades que pertencem apenas às coisas materiais. Nesse aspecto, a fenomenologia se destaca como um ramo da filosofia. Ela sustenta que a consciência e a experiência são o ponto de partida para entender a percepção e as experiências humanas.

Seus representantes mais proeminentes foram Martin Heidegger, Edmund Husserl, Maurice Merleau-Ponty, Jean-Paul Sartre, entre outros.

Fim do percurso da filosofia para iniciantes

Podemos dizer, então, que por meio da disciplina em questão, são exploradas as questões fundamentais sobre o ser humano, a natureza e a ciência. Embora possa parecer complexa no início, a filosofia é acessível até mesmo para iniciantes. Quem tem interesse em expandir a mente e entender o mundo de forma mais profunda encontra nela uma aliada.

Em última análise, a filosofia nos convida a refletir sobre as grandes questões da existência humana e fornece ferramentas para entender melhor o mundo e nosso lugar nele.