O que é psicologia das multidões ?
A psicologia de massa ou psicologia das multidões é um ramo da psicologia social que estuda o comportamento e os processos psicológicos de grandes grupos sociais. Centra-se na forma como as pessoas interagem e se influenciam quando estão em grandes grupos, como comícios, protestos, multidões, eventos desportivos ou religiosos, entre outros.
Este ramo da psicologia examina a maneira como os processos psicológicos individuais, emoções, crenças e valores são afetados e moldados pelo contexto social em que ocorrem. Ela também foca em como as estruturas sociais e culturais influenciam o comportamento do grupo e como os indivíduos podem influenciar a dinâmica do grupo.
Esta é uma área importante porque pode ajudar a entender melhor como as atitudes e comportamentos coletivos são formados e mantidos. Portanto, essa perspectiva psicológica tem implicações importantes em áreas como política, publicidade, propaganda, educação e segurança pública. Vamos descobrir mais sobre este tema.
O homem é uma multidão solitária de pessoas, buscando a presença física dos outros para imaginar que estamos todos juntos.
Psicologia de massa e psicologia de grupo
Embora os termos “grupo social” e “massa” sejam frequentemente usados de forma intercambiável, existem diferenças importantes entre os dois. No livro O grupo social é indicado que este é um conjunto de indivíduos que interagem entre si, de forma regular, e que possuem uma identidade compartilhada, objetivos e normas comuns. Os membros estão cientes de sua participação no grupo e geralmente têm papéis e funções definidos.
Enquanto isso, a massa refere-se a um grande número de indivíduos que se reúnem em um local específico. No entanto, eles não têm necessariamente uma identidade compartilhada, objetivos e padrões comuns. Em uma multidão, os indivíduos costumam agir de maneira semelhante, mas sem planejamento ou coordenação prévios. É o caso do público de um show, por exemplo.
Da mesma forma, a dinâmica dos grupos sociais e das massas também pode ser diferente. No grupo social, os membros podem ter interações mais complexas e significativas. Por outro lado, nas massas as interações tendem a ser mais superficiais e efêmeras.
Além disso, em uma multidão, os indivíduos podem ser mais influenciados pelas emoções e impulsos do momento. Em um grupo social, as decisões e ações tendem a ser mais ponderadas e deliberadas.
O desenvolvimento histórico da psicologia das multidões
O pioneiro nessa área foi o psicólogo francês Gustave Le Bon. Em sua obra Psychology of Crowds, publicada em 1895, analisou os processos psicológicos que ocorrem nas multidões e as características que as definem.
Posteriormente, autores como Sigmund Freud, Wilfred Trotter ou Herbert Blumer, entre outros, deram contribuições significativas para o estudo desse ramo da psicologia e das teorias comportamentais, a partir de diferentes abordagens e perspectivas teóricas. Este campo de estudo tem gerado o interesse e a contribuição de muitos teóricos contemporâneos. Aqui estão alguns dos mais proeminentes:
- Serge Moscovici. Este psicólogo social francês realizou importantes pesquisas sobre o papel das minorias e a influência que elas podem ter na formação das crenças e atitudes das massas.
- Gustavo Dessall. Psicanalista argentino que estudou o fenômeno da psicologia das multidões através das lentes psicanalíticas. Nas suas obras destacou a importância das emoções e da identificação na sua conformação.
- Enrique Pichon-Riviere. Psicanalista e psiquiatra argentino que trabalhou no desenvolvimento da teoria do vínculo e na importância das relações interpessoais na conformação das massas.
- Manuel Castells. Sociólogo espanhol que deu importantes contribuições ao estudo da comunicação e da tecnologia na formação das sociedades e massas contemporâneas.
- Zygmunt Baumann. Sociólogo polonês que estudou as mudanças sociais e culturais da modernidade líquida e sua influência na conformação das massas.
As aplicações da psicologia das multidões
As percepções dessa perspectiva são aplicadas em diferentes campos, incluindo política, publicidade, propaganda, religião, entre outros.
Há vários casos emblemáticos. Uma dos mais conhecidos é a do regime nazista na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. Lá , técnicas de propaganda e manipulação psicológica foram usadas para mobilizar e controlar as massas, como indica um artigo apresentado no V Congresso da Associação de História Contemporânea.
O ministro da propaganda nazista, Joseph Goebbels, empregou técnicas de comunicação persuasivas. Entre eles estavam a repetição de mensagens, o apelo às emoções e a criação de uma imagem de inimigos externos e internos para mobilizar a população alemã em torno do regime.
Outro caso emblemático da aplicação da psicologia de massa é o da campanha publicitária de Marlboro na década de 1950. Essa empresa usou a imagem do cowboy americano para criar uma ideia de masculinidade e liberdade associada ao cigarro. A campanha é considerada um exemplo de aplicação eficaz de técnicas de persuasão e manipulação psicológica.
Conclusões
Em resumo, o conhecimento da psicologia de massa é aplicado para entender como as emoções, valores e atitudes coletivas influenciam a percepção e o comportamento das pessoas, a fim de persuadi-las ou influenciá-las.
Como pudemos observar, nos encontramos diante de um ramo da psicologia que se concentra em grandes grupos sociais, tentando ajustar uma ótica a cada um deles em termos de procedimentos cognitivos e comportamentais.
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