Orgasmo feminino: mitos e verdades

Orgasmo feminino: mitos e verdades
Sara Clemente

Escrito e verificado por psicóloga e jornalista Sara Clemente.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Falar de sexo continua sendo um tabu. É muito o que se sugere e pouco o que se diz fora dos ambientes mais científicos. Por isso, é comum surgirem muitas dúvidas sobre o que significa manter uma relação prazerosa e satisfatória. Essas perguntas afetam muitos aspectos da sexualidade, e neste artigo vamos focar um aspecto específico: o orgasmo feminino.

Falamos de uma sensação prazerosa para a mulher ao redor da qual circulam várias crenças e ideias preconcebidas.  Quais são as verdades e quais são os mitos? Vamos tentar separar a realidade daquilo que, simplesmente, não é verdade.

Não existe um único tipo de orgasmo feminino

Em primeiro lugar, muitos autores diferenciam dois tipos de orgasmo feminino: o vaginal e o clitoriano. O primeiro é atingido por meio da estimulação da vagina durante a relação sexual, sem estimulação direta sobre o clitóris.

Por sua vez, o orgasmo clitoriano potencialmente pode ser mais intenso devido à grande quantidade de terminações nervosas que estão ao redor. Além disso, as mulheres o sentem de maneira distinta: como uma onda de calor que se espalha pelo corpo todo e que gera espasmos musculares. A seguir, vamos falar sobre o orgasmo em geral, sem distinção entre ambos os tipos.

Mulher sentindo prazer

Mitos que envolvem o orgasmo feminino

Atualmente continuam existindo várias afirmações que dizem respeito a essa sensação de êxtase feminino que são consideradas verdadeiras. Mas são considerações incorretas que, além de nos confundir, podem nos impedir de aproveitar ao máximo as nossas relações sexuais.

Se uma mulher não consegue chegar ao orgasmo, é porque não está gostando

Embora isso possa acontecer, este não necessariamente é o motivo. É possível que a experiência tenha sido pouco prazerosa para a mulher e que, portanto, ela não tenha chegado ao ápice. Mas também pode ser que a relação sexual tenha sido realmente boa e que ela também não chegue ao clímax. Reduzir o ato sexual a “com orgasmo” ou “sem orgasmo” é banal.

Essa afirmação é equívoca e fruto de uma confusão terminológica. Atualmente, impera na nossa sociedade a crença incorreta de que orgasmo e satisfação sexual são a mesma coisa ou que andam lado a lado. Mas não é verdade. São independentes, de forma que um pode acontecer sem o outro.

A masturbação diminui o número de orgasmos

É exatamente o contrário. A exploração do próprio corpo é uma maneira de adquirir experiência e se conhecer melhor. As mulheres que se masturbam sabem do que gostam mais e o que lhes ajuda a sentir prazer. Dessa maneira, elas são mais capazes de orientar seu par e conseguir que a relação seja satisfatória.

Na verdade, costuma-se usar os exercícios de Kegel para melhorar a estimulação sexual. Embora sejam mais conhecidos porque servem de preparação para o parto para mulheres grávidas ou para tratar a incontinência urinária, são exercícios muito úteis para melhorar o bem-estar sexual. São uma série de exercícios de contração dos músculos do assoalho pélvico da vagina que têm a finalidade de tonificar esses músculos.

Se a mulher não tiver orgasmos, ela é sexualmente incapaz, inativa ou sem habilidade

Além de misógina, é uma afirmação completamente incorreta. Já vimos que satisfação sexual não anda lado a lado com o clímax. Na verdade, nenhum dos membros do casal tem obrigação de ter orgasmos. Criar essa obrigação é pouco conveniente e até prejudicial, pois pode provocar, inclusive, o efeito contrário: bloquear o prazer.

No entanto, se as relações sexuais forem dolorosas ou não for possível chegar ao orgasmo, a mulher (e o homem) deveria procurar um especialista para comprovar que não tem nenhum problema sexual, como, por exemplo, a anorgasmia. Devemos pensar que uma relação sexual é muito mais do que chegar a esse instante de “prazer máximo”. Estão envolvidos fatores psicológicos, fisiológicos, motivacionais, culturais… Portanto, para que uma mulher se sinta realizada, ela não precisa sentir o orgasmo. Isso vai depender de cada caso em particular.

Orgasmo feminino

Verdades do orgasmo feminino

Depois de expor algumas das falsas crenças que circulam ao redor desse tema, vamos ver quais são as verdades dessa sensação de êxtase feminino.

As mulheres podem ter orgasmos múltiplos

Em comparação aos homens, que precisam de um tempo de recuperação após o orgasmo, o chamado período refratário, as mulheres não precisam descansar entre um orgasmo e outro. Tanto o vaginal quanto o clitoriano podem ser sentidos de maneira múltipla, ininterrupta e, até mesmo, simultânea.

Faz perder a consciência

O orgasmo é um dos instantes de maior êxtase para a mulher. Na verdade, é tão forte que até pode fazer perder a consciência. É o fenômeno denominado pequena morte, conhecido também como morte doce ou petite mort. Refere-se ao período refratário que as mulheres sentem após o orgasmo em forma de desmaios ou perda de consciência.

Especialistas defendem que esta sensação se deve a mudanças respiratórias especialmente fortes que contraem a aorta. Essa pressão sobre a artéria principal do corpo causa hiperventilação, um excesso de oxigênio no sangue. Por sua vez, ocorre uma leve isquemia, uma pequena suspensão na irrigação sanguínea no cérebro que causa a perda de consciência.

Existem os orgasmos sincronizados

Embora seja pouco provável de acontecer, pode ser que os dois membros do casal tenham um orgasmo ao mesmo tempo. É uma das fantasias que mais aparecem nos filmes, quase um ideal clássico. Mas não é preciso ficar obcecado com essa ideia, pois não é pelo fato de chegar ao orgasmo simultaneamente que o casal vai sentir mais prazer.

Além disso, é possível aprender a se sincronizar por meio de várias técnicas. Por exemplo, o homem pode estimular o clitóris durante a relação sexual. Nestes casos, o conhecimento mútuo é essencial.

Prazer da mulher

É possível ter orgasmo sem penetração

O clitóris pode ser estimulado de diversas formas (dedos, boca, …). Por isso o orgasmo feminino pode ocorrer sem a necessidade de haver penetração. Uma relação sexual é muito mais do que isso. É sentir prazer a cada instante, a cada toque, a cada carinho. Por isso esse clímax pode ser atingido de várias maneiras. Então, a relação sexual pode se transformar em um momento mágico e ambos podem se sentir satisfeitos sem a necessidade de ocorrer um orgasmo.

Como já vimos, são muitas as ideias preconcebidas e falsas sobre o orgasmo feminino, mas também existem muitas verdades que devem ser transmitidas desde a adolescência. A tarefa da educação sexual é, portanto, fundamental. 


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.