
O que é a consciência? Cientistas e filósofos fizeram esta mesma pergunta durante anos. Consciência é, antes de mais nada, aquilo que nós sentimos: é a calma daquele abraço da pessoa que amamos, é a doçura daquele sorvete de morango…
Chamamos de pais helicóptero e mães agenda aqueles progenitores que pretendem controlar e organizar a vida dos filhos por completo. Eles agem com as melhores das intenções, mas sem dúvida menosprezam a liberdade das crianças.
Um pai helicóptero ou uma mãe agenda verificam constantemente as tarefas, os deveres, as provas e as atividades das crianças, não se esquecendo de nada nem deixando de programar cada minuto da vida do filho.
São os vigilantes de cada informação e de cada obrigação acadêmica (e extra-acadêmica) do filho, gerando neles uma dinâmica de autêntica dependência. Como consequência disto, é mais difícil para as crianças aprender a se responsabilizar pelas suas atividades, obrigações e interesses.
Com esta atitude de superproteção e com a vontade de criar uma bolha com as características descritas, acabamos por afetar o “crescimento” das crianças que não conhecem a si próprias, não são capazes de gerir as suas emoções e ignoram as suas necessidade e ambições.
Esta relação entre pais e filhos torna-se tóxica, pois coloca as crianças numa bolha superprotetora que tenta ser a mais resistente das armaduras, quando na realidade é a melhor semente de insegurança que podemos plantar neles. Para além disso, estas crianças ficam muito mimadas, não toleram a frustração e o tédio, e só sabem representar o papel passivo ao qual foram habituadas.
Estes pais, na sua vontade de proteger os filhos de qualquer mal-estar e de ajudá-los a serem brilhantes, planejam cada pequeno movimento dos seus “filhos bolha”.
A origem do termo remonta ao ano de 1969, quando Haim Ginnott escreveu no seu livro “Between Parent & Tennager“: “a minha mãe sobrevoava sobre mim como se fosse um helicóptero”. Este fenômeno acabou por se estender socialmente e chegamos até ao ponto em que muitos pais colocam a culpa (injustamente) das más notas dos seus filhos nos professores.
Os pais helicóptero e as mães agenda:
Essa necessidade obsessiva de ter tudo sobre controle acaba sendo devastadora para os pais, que acabam por ficar exaustos. Eles tentam oferecer aos seus filhos uma vida de perfeição, amor e carinho, dando-lhes todos os recursos e evitando que as crianças cometam erros que deveriam cometer nesta idade.
O que acontece é que a realidade acaba por se impor e os castelos no ar se desmoronam. Este tipo de relação acaba por asfixiar. Ambas as partes terminam frustradas e extenuadas, provocando grandes complexos e problemas emocionais.
Segundo vários estudos, a implementação deste estilo parental superprotetor tem consequências desastrosas a curto, médio e longo prazo: depressão, estresse e ansiedade. Um preço que será pago não só pelas crianças, mas também pelos pais.
Esta deterioração advém do menosprezo de três necessidades emocionais básicas: o sentimento ou a percepção de autonomia, o sentimento ou a percepção de competência, e o sentimento ou a percepção de se sentir conectado com alguém, especialmente na adolescência e com iguais. Deste modo, tudo aquilo que limita o desenvolvimento e o crescimento emocional trás consigo consequências devastadoras a nível pessoal e relacional.
As crianças devem ser educadas com carinho e atenção, baseando as quantidades de cada um no senso comum. Não podemos nos intrometer nas diversas áreas que compõem a sua vida nem nos responsabilizarmos pelas suas obrigações, pois elas irão crescer se sentindo inúteis, incompetentes e dependentes, e isso é precisamente o oposto do que queremos.
Ilustração de Karin Taloyr e Claudia Tremblay