5 fascinantes pequenos contos para imaginar e sonhar
Existem muitos pequenos contos para imaginar e sonhar. O mais fascinante é que uma boa parte deles são contos no sentido estrito da palavra. Têm introdução, meio e fim. Personagens, espaço e tempo. Tudo condensado em algumas poucas frases.
São muitos os grandes escritores que nos deixaram contos inspiradores. Em um abrir e fechar de olhos, nos transportam para um mundo de ficção para nos deixar assombrados com finais engenhosos e desconcertantes. São verdadeiros magos da palavra.
Estes pequenos contos são um bálsamo para a mente e para o coração. Nos convidam a olhar por outro ponto de vista. Cumprem com essa função da arte de dar uma ótica nova a situações conhecidas. Apresentamos uma breve coleção dessas pequenas jóias da literatura a seguir.
“Deus ainda não tinha criado o mundo; somente o estava imaginando, entre sonhos. Por isso o mundo é perfeito, mas confuso”.
– Juan José Arreola –
1. Quem sonha com quem?
O seguinte é um maravilhoso conto de Ana María Shua. Diz assim: “Desperte-se, que é tarde, grita da porta um homem estranho. Desperte-se, que você faz falta, respondo eu. Mas ele, muito obstinado, continua sonhando”.
Esta história nos traz para o limite do real. Faz com que desapareça a fina linha que existe entre estar dormindo e acordar. É um dos relatos para imaginar e sonhar, precisamente porque abre o mundo da fantasia.
2. Um dos melhores pequenos contos
Existe uma tese de doutorado na literatura dedicado a este pequeno conto de Jorge Luis Borges. É, de verdade, extraordinário. Diz: “Em Sumatra, alguém quer fazer doutorado de adivinho. O bruxo examinador lhe pergunta se será reprovado ou se passará. O candidato responde que será reprovado…”
O que Borges faz aqui é brincar com a lógica e criar um paradoxo com enorme genialidade. A proposta é fascinante, porque coloca os personagens e os leitores em uma encruzilhada. Não se sabe qual dos dois envolvidos na história está jogando com quem.
3. O problema do cego
O seguinte conto é um dos muitos pequenos textos para imaginar e sonhar que Alejandro Jodorowsky nos presenteou. Diz o seguinte: “Um cego, com seu bastão branco, no meio do deserto, chora sem poder encontrar seu caminho porque não existem obstáculos”.
Este caso também nos traz um paradoxo. O cego deve se esquivar dos obstáculos para poder avançar. São uma barreira para ele, mas também constituem um ponto de referência. Ele descobre isso sozinho quando desaparecem.
4. O desamor, um tema eterno
Os contos de amor sempre têm desenlaces inesperados. Ao menos os bons. Neste pequeno conto de Gaspar Camerarius, que está na metade do caminho entre a poesia e a narrativa, aparece muito bem desenhada a marca do desamor. Diz: “Eu, que tantos homens fui, não fui nunca aquele cujo abraço desfalecia Matilde Urbach”.
Pode-se dizer que resume toda uma vida em um par de frases. Sintetiza a ideia das várias mudanças que ocorrem em nossa existência. Somos um e somos muitos: todos que fomos. Por outro lado, introduz uma falta, uma carência determinante. Esteve em muitas peles, menos naquela na qual foi amado por alguém especial.
5. O órfão e seu pedido
O mais extraordinário de todos os pequenos contos para imaginar e sonhar é a forma de introduzir uma quebra na lógica cotidiana. Com enorme graça, eles nos mostram que existem arestas da realidade que a relativizam.
Isso é apreciado nesta simpática pequena história de Carlos Monsiváis: “E, depois, havia o menino de nove anos que matou seus pais e pediu ao juiz clemência porque ele era órfão”. Neste relato se cruzam duas realidades que são coerentes em um plano e contraditórias em outro. O assassino se apresenta como vítima. E o é. No entanto, é vítima principalmente de seu próprio ato.
Os pequenos contos para imaginar e sonhar estão aí para que possamos apreciá-los. São como portas que se abrem para outras dimensões do pensamento. Seu principal valor está no fato de nos levarem a olhar tudo com outros olhos. Um belo fruto da inteligência, da sabedoria e da sensibilidade.