5 fascinantes pequenos contos para imaginar e sonhar

5 fascinantes pequenos contos para imaginar e sonhar
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 16 janeiro, 2018

Existem muitos pequenos contos para imaginar e sonhar. O mais fascinante é que uma boa parte deles são contos no sentido estrito da palavra. Têm introdução, meio e fim. Personagens, espaço e tempo. Tudo condensado em algumas poucas frases.

São muitos os grandes escritores que nos deixaram contos inspiradores. Em um abrir e fechar de olhos, nos transportam para um mundo de ficção para nos deixar assombrados com finais engenhosos e desconcertantes. São verdadeiros magos da palavra.

Estes pequenos contos são um bálsamo para a mente e para o coração. Nos convidam a olhar por outro ponto de vista. Cumprem com essa função da arte de dar uma ótica nova a situações conhecidas. Apresentamos uma breve coleção dessas pequenas jóias da literatura a seguir.

“Deus ainda não tinha criado o mundo; somente o estava imaginando, entre sonhos. Por isso o mundo é perfeito, mas confuso”.
– Juan José Arreola –

1. Quem sonha com quem?

O seguinte é um maravilhoso conto de Ana María Shua. Diz assim: “Desperte-se, que é tarde, grita da porta um homem estranho. Desperte-se, que você faz falta, respondo eu. Mas ele, muito obstinado, continua sonhando”.

Esta história nos traz para o limite do real. Faz com que desapareça a fina linha que existe entre estar dormindo e acordar. É um dos relatos para imaginar e sonhar, precisamente porque abre o mundo da fantasia.

Dirigível com baleia voando

2. Um dos melhores pequenos contos

Existe uma tese de doutorado na literatura dedicado a este pequeno conto de Jorge Luis Borges. É, de verdade, extraordinário. Diz: “Em Sumatra, alguém quer fazer doutorado de adivinho. O bruxo examinador lhe pergunta se será reprovado ou se passará. O candidato responde que será reprovado…”

O que Borges faz aqui é brincar com a lógica e criar um paradoxo com enorme genialidade. A proposta é fascinante, porque coloca os personagens e os leitores em uma encruzilhada. Não se sabe qual dos dois envolvidos na história está jogando com quem.

3. O problema do cego

O seguinte conto é um dos muitos pequenos textos para imaginar e sonhar que Alejandro Jodorowsky nos presenteou. Diz o seguinte: “Um cego, com seu bastão branco, no meio do deserto, chora sem poder encontrar seu caminho porque não existem obstáculos”.

Este caso também nos traz um paradoxo. O cego deve se esquivar dos obstáculos para poder avançar. São uma barreira para ele, mas também constituem um ponto de referência. Ele descobre isso sozinho quando desaparecem.

Olhos em óculos gigante

4. O desamor, um tema eterno

Os contos de amor sempre têm desenlaces inesperados. Ao menos os bons. Neste pequeno conto de Gaspar Camerarius, que está na metade do caminho entre a poesia e a narrativa, aparece muito bem desenhada a marca do desamor. Diz: “Eu, que tantos homens fui, não fui nunca aquele cujo abraço desfalecia Matilde Urbach”. 

Pode-se dizer que resume toda uma vida em um par de frases. Sintetiza a ideia das várias mudanças que ocorrem em nossa existência. Somos um e somos muitos: todos que fomos. Por outro lado, introduz uma falta, uma carência determinante. Esteve em muitas peles, menos naquela na qual foi amado por alguém especial.

5. O órfão e seu pedido

O mais extraordinário de todos os pequenos contos para imaginar e sonhar é a forma de introduzir uma quebra na lógica cotidiana. Com enorme graça, eles nos mostram que existem arestas da realidade que a relativizam.

Barco navegando em mar de tecido

Isso é apreciado nesta simpática pequena história de Carlos Monsiváis: “E, depois, havia o menino de nove anos que matou seus pais e pediu ao juiz clemência porque ele era órfão”. Neste relato se cruzam duas realidades que são coerentes em um plano e contraditórias em outro. O assassino se apresenta como vítima. E o é. No entanto, é vítima principalmente de seu próprio ato.

Os pequenos contos para imaginar e sonhar estão aí para que possamos apreciá-los. São como portas que se abrem para outras dimensões do pensamento. Seu principal valor está no fato de nos levarem a olhar tudo com outros olhos. Um belo fruto da inteligência, da sabedoria e da sensibilidade.


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