Como prevenir as birras das crianças?
É a terceira vez que seu filho faz uma birra no dia. Grita, chora, e você se pergunta se o está educando direito, além disso, o que você quer é fugir para o mais longe possível daquele lugar ou desaparecer. Você sente frustração e confusão diante do caos, você tenta todas as estratégias que vêm à cabeça para acabar com aquilo, mas não sabe mais como agir. Afinal, como podemos prevenir as birras?
Depois de uma birra existe um aprendizado e uma ocasião para aprender juntos como administrar melhor as emoções. Logo, neste artigo oferecemos algumas ferramentas e estratégias para mudar sua visão sobre as birras e utilizá-las como oportunidades educativas.
O que são as birras?
Entre os 2 e os 4 anos a maioria das crianças manifesta sua frustração de maneira muito intensa, por meio das birras. Apesar de ser uma reação emocional frequente nesta idade, as birras são uma reação normal e que a princípio deveria desaparecer entre os 4 ou 5 anos. Nestas idades as crianças vão adquirindo linguagem e estratégias mais adequadas para expressar sua frustração ou seu mal-estar, de modo que já não precisam recorrer às birras para se expressarem.
Além de servirem para as crianças expressarem frustração e mal-estar, as birras podem ocorrer quando as crianças estão famintas, cansadas ou incomodadas, quando não podem conseguir o que querem ou quando tentam fazer as coisas sozinhas, mas não possuem as habilidades necessárias para fazê-lo.
“Nossa raiva é mais humilhante para nós mesmos do que as situações que a produzem.”
– Marco Aurelio –
Como prevenir as birras?
A seguir vamos oferecer uma série de dicas a respeito de como prevenir as birras:
1. Identifique o que causa a birra
O primeiro passo é identificar o que as está causando. As birras podem ocorrer por um motivo comum, como por fome, sono, querer um objeto ou atenção ou por um motivo particular. Ou seja, por algo que causa a nosso filho, em particular, alguma frustração.
As rotinas podem ser de grande ajuda para prevenir as birras, especialmente quando estão associadas a um horário. Também é bom tentar respeitá-las durante o final de semana, quando passamos mais tempo com as crianças e quando é mais provável que as birras surjam.
“Educação é o que a maioria recebe, muitos transmitem e poucos a têm”.
– Karl Kraus –
2. Considere o pedido
Quando nosso filho nos faz um pedido, uma boa ideia será considerar o que nos pede. Pense: é muito despropositado ou excessivo? Se não é, é interessante ceder alguns pontos do pedido que sejam razoáveis. Isso não quer dizer que devemos ceder em todos e cada um de seus desejos, o limite pode ser: Machucará a si mesmo? Machucará outras pessoas? Causará danos ao meio ou à natureza? Podemos ceder sem que isso o coloque em uma posição de autoridade?
Os que têm a última palavra são os adultos, mas normalmente costumamos utilizar o “não” automaticamente. Desta maneira coagimos a curiosidade e a liberdade, e inclusive a linguagem de nossos pequenos: como isso provocamos mais birras do que as que são as normais nestas idades.
Para estimular que nosso filho se expresse da melhor forma possível, devemos mostrar problemas simples com alternativas concretas e fáceis de serem compreendidas. Por exemplo: “Você quer jantar frango ou carne?”, “Quer esta camiseta ou a outra?”. Este tipo de escolha gera confiança e faz com que as crianças se sintam importantes. Também evita que nos respondam com um “não”.
“Uma criança pode ensinar três coisas a um adulto: a ficar feliz sem motivo, a estar sempre ocupado com algo, e a saber exigir com todas as suas forças aquilo que deseja”.
– Paulo Coelho –
3. Antecipe certas situações
Conte para os seus filhos o que irá acontecer, por exemplo: “Hoje você irá para a escola e depois que tirar o cochilo e lanchar eu irei buscá-lo. Depois iremos para a casa da vovó”, “Vamos jantar, depois você vai tomar banho e escovar os dentes, vamos ler uma história e você irá para cama”, e assim com as atividades que iremos fazer.
Saber o que vem antes e depois dá segurança para o pequeno. Se nos mantivermos firmes e seguirmos sempre as rotinas, evitaremos o caos e impediremos que nosso filho queira quebrá-las. Desta maneira afastaremos tentações que possam criar birras: contar o que iremos fazer evita a geração de planos alternativos em sua cabeça.
Quando tivermos que deixar um lugar, avise a criança uns 5 ou 10 minutos antes da hora de ir embora. Também podemos negociar “Uma última rodada”, “Mais uma vez no escorregador”, etc. Isso evitará muitas brigas e imposições e as crianças se sentirão mais respeitadas e lhes custará menos ir embora dos lugares.
“Não afaste seus filhos das dificuldades da vida; ensine-os a superá-las”.
– Louis Pasteur –
4. Mostre opções
Quando é necessário que façam algo e eles se negam, mostre opções. Por exemplo, “uma vez mais e vamos” ou “te ajudo e fazemos juntos”, “você toma banho e depois brincamos um tempo juntos”. Nossos filhos podem chegar a sentir muita impotência diante de nossas ordens fechadas.
Ao estarem formando sua personalidade, o “não” é uma resposta afirmativa quase que automática. Para evitar que se aborreçam ou se frustrem, podemos lhes oferecer uma opção em troca do que vamos negar. Esta é uma possibilidade para prevenir as birras.
O que não fazer quando pressentir uma birra?
Alguns dos pontos que teremos que levar em consideração quando pressentirmos que uma birra irá se formar são:
- Não ceder à demanda para evitar o início da birra. Poderemos prevenir as birras neste caso específico, mas virão outras e provavelmente mais intensas.
- Não dar explicações longas, porque seus recursos de atenção são limitados.
- Não perder a paciência nem a calma, lembrar que somos o adulto de referência e não devemos fazer nós uma birra também.
- Não abandonar o quarto ou sair do local onde estávamos, acompanhar nosso filho, dar-lhe opções ou distrair sua atenção.
As birras, se administradas bem, provavelmente irão desaparecer entre os 4 ou 5 anos. Além disso, por ser um período normal, se conseguirmos administrá-las adequadamente, quando nossos filhos tiverem superado esta etapa poderão sair com melhores estratégias para enfrentarem este mundo complexo e que não nos poupa na hora de trazer frustrações.
É importante se lembrar que não estamos sozinhos nestas situações, existem pais que também vivem as birras de seus filhos e talvez falar com eles possa nos dar ideias novas. Se as coisas estão fugindo do seu controle e a criança está adotando um comportamento exagerado, não há problema em consultar um profissional.
“As pessoas com sensação de realização pensam que o mundo é bom e gostariam de conservá-lo assim como está, enquanto os frustrados desejam uma mudança radical”.
– Eric Hoffer –
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- Daniels, E., Mandleco, B., & Luthy, K. E. (2012). Assessment, management, and prevention of childhood temper tantrums. Journal of the American Academy of Nurse Practitioners. https://doi.org/10.1111/j.1745-7599.2012.00755.x