Alfabetização emocional: identificar, compreender e expressar as emoções

Alfabetização emocional: identificar, compreender e expressar as emoções
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Saber o que sentimos e como sentimos não é tarefa fácil. O universo emocional segue sendo um total desconhecido para cada um de nós, em maior ou menor medida. Neste contexto, a alfabetização emocional surge como alternativa para preencher todos aqueles vazios emocionais que ainda nos perseguem.

Ninguém nos ensinou o que são as emoções, quais funções têm ou como podemos identificá-las. Nenhuma matéria se preocupou com isso no colégio e nem sequer era considerado algo importante para nossa educação. Nesse sentido, as emoções passaram inadvertidas durante anos, até que pouco a pouco foram recuperando o protagonismo que merecem.

Hoje em dia, além de seres sociais, sabemos que somos seres emocionais e que, dependendo de como administramos este fascinante diálogo interno, assim nos encontraremos. Sem dúvidas, as emoções ganharam terreno, demandando que a educação dê um passo a frente. Vejamos com mais profundidade do que trata a alfabetização emocional.

“A aprendizagem sócio-emocional ajuda as crianças a desenvolver habilidades de comunicação e integração social”.
-Neva Milic Muller- 

O que é a alfabetização emocional?

A palavra alfabetizar se relaciona comumente com o processo de ensinar a ler ou a escrever, habilidades básicas no âmbito educativo. No entanto, parece que este conceito pouco a pouco desenvolveu diferentes sobrenomes dependendo do conteúdo do ensinamento. Exemplo disso são os termos de alfabetização informática, científica ou tecnológica.

Com estes avanços, não podemos deixar de pensar que a educação parece enfrentar novos desafios. Entre eles, um dos mais superiores e interessantes para nosso bem-estar é a alfabetização emocional: o processo de educar as emoções, começando no âmbito escolar.

Crianças desenhando rostos para aprender sobre as emoções

A alfabetização emocional consiste em ensinar o que são as emoções, para que servem e como são expressadas. É ensinar a se compreender e a compreender aos demais a nível emocional. Um desafio educativo que cada vez mais colégios e escolas infantis enfrentam através dos programas nos quais já está integrada a educação emocional.

Na verdade, os conceitos e alfabetização emocional e educação emocional são utilizados indistintamente para se referir ao mesmo. Um trem com nome diferente e mesmo trajeto.

“A educação emocional é o processo educativo contínuo e permanente que pretende potencializar o desenvolvimento emocional como complemento indispensável do desenvolvimento cognitivo, constituindo ambos os elementos essenciais do desenvolvimento da personalidade integral”.
– Rafael Bisquerra –

Autores como Daniel Goleman e Rafael Bisquerra mostram grande interesse por este conceito, e ainda mais por seu desenvolvimento. Na verdade, Goleman indica que a educação do caráter, o desenvolvimento da moral e do civismo de um indivíduo ocorrem ao mesmo tempo que a alfabetização emocional e a educação em inteligência emocional.

Assim, a alfabetização emocional se ergue como uma oportunidade de enfrentar os comportamentos disruptivos, a agressividade e os conflitos nas relações interpessoais, já que a ausência de competências emocionais costuma estar ligada a estes problemas. Se educarmos as emoções, provavelmente reduziremos estes tipos de situações.

Objetivos da alfabetização emocional

Muito além de conhecer o universo emocional no qual estamos todos imersos, a alfabetização emocional possui uma série de objetivos (Carpena, 2001; Vallés, 2000; Bisquerra, 2000; entre outros):

  • Identificar casos de desempenho emocional pobre.
  • Entender o que são as emoções e como reconhecê-las nos demais.
  • Aprender a classificar as emoções.
  • Modular e administrar o nível de emocionalidade.
  • Desenvolver a tolerância às frustrações da vida diária.
  • Prevenir o consumo de substâncias viciantes e outros comportamentos de risco.
  • Desenvolver a resiliência.
  • Adotar uma atitude positiva diante da vida.
  • Prevenir conflitos interpessoais.

Além disso, outros autores indicam outros objetivos, como a aprendizagem da empatia, do autocontrole emocional e a demora de gratificação. Comportamentos positivos que, de um modo ou de outro, não só influenciam o próprio bem-estar, como também o dos demais.

Menina segurando rostos desenhados

Os frutos da alfabetização emocional

O incentivo do aprendizado das emoções nas escolas pretende fazer com que aprendamos a ser inteligentes para sermos felizes. Uma inteligência focada em uma perspectiva integral na qual não apenas a dimensão cognitiva é importante, mas também as dimensões emocional e comportamental.

Com isso nos referimos ao fato de que não apenas é importante entender como vivenciamos tudo aquilo que sentimos, mas também a sua expressão, como devemos processar a informação que as emoções nos transmitem e, finalmente, como as administramos. Tudo isso influencia o nosso bem-estar psicológico.

Além disso, as crianças não são as únicas que se beneficiam deste processo de ensinamento e aprendizado; os professores e toda a comunidade educativa também. E de alguma maneira, os pais também querem e tentam firmar com seus filhos o que foi aprendido em sala de aula.

A alfabetização emocional é um desafio e, como tal, uma oportunidade. Uma ponte facilitadora do conhecimento de si mesmo e das relações com os demais. Falamos, sem dúvidas, de um despertar que vale a pena.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.