O que fazer quando a empatia nos causa desconforto?

A empatia é uma qualidade desejada. Teoricamente, desenvolvê-la nos torna pessoas melhores. No entanto, há casos em que ela pode nos prejudicar, e muito, sendo a pedra que nos leva ao fundo do poço emocional.
O que fazer quando a empatia nos causa desconforto?

Última atualização: 02 julho, 2021

A empatia, dentro da estrutura de uma boa inteligência emocional, é um traço que nos confere uma vantagem adaptativa. Pode nos tornar melhores em nossa vida social e também profissional. Contudo, quando esse canal destinado a sentir e identificar as emoções do outro é muito amplo, ele pode acabar nos anulando, nos bloqueando e finalmente nos incapacitando. Então o que fazer quando a empatia nos causa desconforto?

Decidir com inteligência a posição que queremos adotar diante dos problemas alheios ou tomar boas decisões são alguns dos processos que podem ser afetados por altos níveis de empatia. Se esse for o seu caso, neste artigo você encontrará algumas dicas para administrar melhor a situação.

Desmistificando a empatia

Os amigos de pessoas altamente empáticas apreciam poder contar com alguém que tenha a qualidade de compreendê-los no âmbito emocional de forma tão precisa.

No entanto, essa situação também tem uma outra face, como acontece, por exemplo, com muitos medicamentos: uma dose controlada ajuda o corpo a se recuperar, uma dose alta demais pode nos fazer muito mal. Além disso, pode ser uma dose pontual muito alta, mas também um consumo muito grande ou frequente.

A empatia costuma estar associada a um sentimento de justiça universal. Essa crença coloca a capacidade empática como um valor moral, fazendo com que as pessoas acreditem que suas decisões baseadas na empatia são as mais justas e corretas. No entanto, nem sempre é isso que acontece.

Após o Putsch de Munique, um casal cuidou e escondeu da polícia Hermann Göring – um dos tenentes de Hitler – quando ele ficou gravemente ferido. Depois, esse casal morreu em um campo de concentração.

O que fazer quando a empatia nos causa desconforto?

O desconforto causado pela empatia tem amplo espectro, desde a própria dor física até o contágio emocional. Embora não seja negativo, pode se tornar um problema e até mesmo interferir no desempenho normal da vida diária.

Em geral, o desconforto causado pela empatia tem a ver com o desgaste dessas emoções alheias ou com o controle delas. Portanto, a seguir vamos apresentar algumas dicas para recuperar o controle dos sentimentos que se refletem em suas próprias emoções.

1. Concentre-se em suas necessidades

Pode parecer egoísmo, mas sua saúde mental e física pode se deteriorar se, como regra, você relegar seus interesses a um segundo plano para priorizar os dos outros.

Portanto, antes de pensar em ajudar uma pessoa, verifique se você vai conseguir administrar essa ajuda. Essa é uma das principais razões pelas quais a empatia nos causa desconforto.

Não é ruim se colocar como prioridade. Se você não está em posição de ajudar alguém, não vai conseguir e apenas se desgastará mais.

2. Os problemas dos outros não são seus problemas

A intensidade das emoções despertadas pela empatia pode fazer você assumir os problemas dos outros de forma inconsciente. Às vezes, afastar-se de uma pessoa ajuda a reduzir a intensidade da empatia e torna mais fácil pensar em soluções mais úteis.

Reduzir o contato pessoal com essas pessoas necessitadas é um bom método para isso, já que a empatia é ativada principalmente por meio do que você vê e ouve. Às vezes, você pode ajudar mais por meio de mensagens de texto do que conversando pessoalmente.

3. Quando a empatia causar desconforto, relativize

Seria utópico ter um interruptor que ligasse e desligasse a empatia nos momentos em que ela se torna muito intensa. Infelizmente essa não é a realidade, mas o sentimento pode ser relativizado: não levá-lo tão a sério ou até usar o humor.

Desta forma, é estabelecida uma linha entre a emoção e a observação de tal emoção. Isso também reduz a fadiga por compaixão.

Quando a empatia nos causa desconforto, o que fazer?

4. Estabeleça limites

Ser muito empático é um dom quando se trata de conhecer a realidade dos outros e se conectar com eles. O sofrimento e a alegria que a empatia suscita são genuínos, não um reflexo ou uma ideia.

Os vampiros emocionais, os narcisistas, as pessoas furiosas ou com muita autocompaixão são exemplos de perfis a se evitar nas relações interpessoais. Se você não tem outra escolha a não ser lidar com isso, estabeleça limites que não permitam que esses perfis se aproveitem da sua capacidade de se colocar no lugar deles.

5. Quando a empatia causar desconforto, encontre espaço para você

A solidão e a tranquilidade ajudam a recarregar as energias que foram gastas pela empatia ao longo do dia. Reservar um tempo ou lugar para isso não é nada egoísta: se você evitar que sua bateria fique esgotada, terá mais capacidade de cuidar de si mesmo e dos outros da melhor maneira possível.

Como você pode ver, a empatia pode ter efeitos muito diferentes dependendo dos outros componentes da nossa inteligência emocional. Uma grande empatia, aliada a uma capacidade muito elevada de regular e administrar as emoções, pode ser uma grande vantagem. No entanto, também pode ser uma grande sentença se os dois elementos não estiverem alinhados em qualidade.


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