Questionário de Pensamentos Automáticos (ATQ-R)

Os pensamentos negativos são a raiz de muitos de nossos problemas. Esses tipos de cognições, por si só, podem levar a um transtorno de humor com limitações realmente significativas. Portanto, é fácil entender a importância de detectar quando eles estão começando a se tornar perigosos e, neste artigo, apresentamos uma ferramenta exatamente para isso.
Questionário de Pensamentos Automáticos (ATQ-R)
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 09 julho, 2023

Você costuma ter pensamentos negativos? Daqueles que oxidam um pouco as esperanças e desanimam os ânimos? Isso acontece com todos nós. Dentro de nós mora um escritor de filmes de terror que, de tempos em tempos, assume o controle e cria as mais angustiantes tramas mentais. No entanto, quase sempre conseguimos reformulá-las e aplicar uma abordagem mais realista e saudável a eles.

No entanto, nos últimos anos assistimos a uma realidade preocupante. Mais e mais pessoas derivam de um raciocínio debilitante e adverso. Eles são padrões de pensamento automáticos, ruminantes e exaustivos que podem lançar as bases para mais de um problema de saúde mental.

Longe de deixá-los passar e não lhes dar relevância, há quem lhes dê espaço e lhes ofereça veracidade. No momento em que validamos uma ideia irracional e catastrófica, perdemos o controle de nossas vidas e surge um desconforto persistente. Do ponto de vista clínico, saber como são os pensamentos do paciente permite avaliar o risco de derivar para a depressão.

Inúmeros instrumentos foram concebidos para esse fim, mas entre todos eles se destaca uma ferramenta de grande valor, que analisaremos a seguir.

Cognições e pensamentos automáticos são um grande risco para nossa saúde mental. Eles são as sementes que crescem dos transtornos de ansiedade à depressão.

Questionário de Pensamentos Automáticos (ATQ-R)
O Automatic Thought Questionnaire (ATQ-R) pode ser uma ferramenta muito útil na avaliação clínica de pacientes.

Questionário de Pensamentos Automáticos (ATQ-R): objetivo e características

Nossos pensamentos podem ser como faróis para resolver cada problema ou a laje que desmoraliza. Muitas vezes nos irritam, despertam dores do passado e nos fazem olhar para o futuro com muita insegurança. É verdade que é impossível pensar sempre de forma positiva e esperançosa, mas o mais decisivo é ter controle sobre eles e saber racionalizá-los.

No momento em que somos dominados por percepções imprecisas, fatalistas e irracionais, a mente muda. Por mais impressionante que nos pareça, é isso que cada vez mais pessoas estão vivenciando nos últimos anos, como resultado da crise sanitária, das mudanças sociais e dos problemas econômicos. Da mesma forma, devemos ter em mente um fato significativo.

A Universidade de Regina destaca em pesquisas que os sintomas depressivos estão significativamente correlacionados com pensamentos automáticos negativos. Portanto, uma maneira de detectar se uma pessoa corre o risco de sofrer de um transtorno de humor é avaliando essas cognições. Os testes podem ser muito úteis nesses casos.

A validade que damos aos nossos pensamentos irracionais é um fator de risco para o desenvolvimento da depressão.

Uma ferramenta útil na terapia psicológica

O questionário de pensamentos automáticos ATQ-R é um instrumento desenvolvido pelos psicólogos e pesquisadores Steven D. Hollon e Phillip C. Kendall, que busca detectar cognições associadas à depressão. Ou seja, não se trata apenas de avaliar se a pessoa tem ou não um raciocínio irracional com valência negativa.

O objetivo é saber se o paciente dá veracidade àquelas imagens distorcidas e raciocínios que ele mesmo produz. Também deve ser notado que este teste se baseia na teoria do psicoterapeuta Aaron Beck sobre a tríade da depressão. Ou seja, todos corremos o risco de cair nesse transtorno psicológico se ocorrerem três fatores:

  • Ter uma visão negativa de nós mesmos e interpretar o que nos acontece de forma adversa.
  • Manter esquemas de pensamento exaustivos e inflexíveis.
  • Evidenciar erros de pensamento, como catastrofização, pensamento dicotômico de preto ou branco, etc.

Nestes três casos, o questionário desenvolvido por Hollon e Kendall é muito útil e válido. Um estudo destaca a relevância de atender a esse pensamento e diálogo interno que as pessoas demonstram em ambientes clínicos.

Sobre o que é este questionário?

O questionário de pensamentos automáticos (ATQ-R) é composto por 30 autoafirmações que a pessoa deve avaliar de 0 a 4 de acordo com sua identificação com elas. As perguntas são afirmações como “ninguém me entende”, “eu gostaria de estar longe daqui” ou “decepcionei todo mundo”.

Da mesma forma, essa série de pensamentos que a pessoa deve qualificar é organizada em quatro categorias, das quais derivará a pontuação final. Graças a ele, se identificará se a pessoa está em risco ou já apresenta algum transtorno depressivo.

  • Autoconceito negativo: imagem debilitante que a pessoa tem de si mesma.
  • Desamparo: crença de que qualquer esforço ou iniciativa que você realiza para mudar sua realidade é inútil.
  • Adaptação deficiente: incapacidade de lidar com as mudanças e problemas cotidianos.
  • Autocensura: alta autocrítica.

O Questionário de Pensamentos Automáticos (ATQ-R) foi atualizado ao longo dos anos e se apresenta como um instrumento válido para identificar cognições depressogênicas.

Homem em psicoterapia recebendo o Questionário de Pensamento Automático (ATQ-R)
O questionário de pensamentos automáticos (ATQ-R) também permite verificar como uma pessoa está progredindo na terapia.

Quão válido e confiável é este instrumento?

O Questionário de Pensamentos Automáticos (ATQ-R) foi atualizado por Netemeyer et al., em 2002, e de acordo com a literatura científica se apresenta como um instrumento válido e eficaz. Sua administração é simples e fornece indicadores úteis na avaliação das cognições associadas à depressão.

Também é interessante notar que é um recurso frequente tanto na terapia de aceitação e compromisso (ACT) quanto no tratamento com terapia cognitivo-comportamental. Não serve apenas para detectar a presença de um possível transtorno depressivo, mas também permite avaliar a mudança ao longo do próprio tratamento psicológico.

O objetivo deste teste não é avaliar quantos pensamentos distorcidos e negativos uma pessoa produz. Com sua administração, o que se busca é saber se ela dá veracidade a todas aquelas produções mentais adversas que produz. Esse é o problema real, e aquele a que temos de atender.

Nem tudo que pensamos é válido, útil e racional. Vamos analisar a veracidade de tudo o que dizemos a nós mesmos, pois isso garantirá boa parte do nosso bem-estar psicológico.


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