Como reconstruir a relação com um filho "malcriado"?

Como reconstruir a relação com um filho "malcriado"?

Última atualização: 27 agosto, 2017

Nenhum pai quer ter um filho “malcriado”, com certeza. Contudo, nem sempre as coisas dão certo. Dizem que de boas intenções o inferno está cheio, e isso pode se aplicar muitas vezes à questão da criação. A mãe e o pai sempre fazem o que acham melhor, mas pensar que é o melhor não significa que assim seja.

Não é fácil educar uma criança em meio a uma sociedade com grande poder de influência e tentações perversas. Existem toneladas de informação a respeito, mas muitas vezes a gente se depara com mensagens contraditórias ou elaboradas para famílias que só existem na imaginação de quem as criou. Os pais reais, de carne e osso, cometem erros, se cansam, se exaltam e contradizem seus manuais.

“Os pais são os ossos com os quais os filhos afiam seus dentes”.
-Peter Ustinov-

O ponto é que em algum momento as crianças crescem, e enquanto isso acontece não se pode evitar de ter a sensação de que existem muitos pontos que falham. Às vezes muito agressivos, outras vezes exclusivamente impetuosos. Não obedecem e a gente também não conta com as ferramentas para conseguir que o façam. Em resumo, percebemos que apesar de tudo que fizemos, acabamos com um filho “malcriado”.

No entanto, nem tudo está perdido. Sempre é possível recuperar o rumo, mas dependendo da idade esta missão pode ser mais complicada. Estes são alguns conselhos para reparar esses erros que podem ter ocorrido na criação.

Como reconstruir a relação com um filho malcriado?

Sinais de que seu filho é um “malcriado”

Sempre é bom se assegurar primeiro de que realmente existe um problema de criação. Nem todas as crianças têm o mesmo temperamento. Algumas têm uma personalidade mais forte e isso não têm a ver com a educação que receberam, mas com uma inclinação natural para com as atitudes fortes. O que distingue uma criança “malcriada” é um conjunto de traços:

  • Usa os chiliques ou birras como arma para conseguir o que deseja. Um alternativa ao chilique, mais “sofisticada”, é a chantagem.
  • Tem explosões de temperamento frequentes e de intensidade muito elevada nas quais perde completamente o controle.
  • Usa palavras fortes para se expressar.
  • Com frequência estraga os próprios objetos ou dos outros, acidental ou deliberadamente.
  • Fala mentiras de forma consciente e das quais pretende tirar partido.
  • Precisa fazer muito esforço para cumprir com suas tarefas e não coopera se você tenta ajudá-la a cumpri-las.
  • Delega suas responsabilidades ou precisa fazer muito esforço para assumi-las.
  • Às vezes rouba.

Quanto mais características descritas a criança apresentar, maior é a probabilidade de estarmos diante de uma criança “malcriada”. Sem dúvida, os pais procuraram educá-la para que fosse responsável e contasse com mais estratégias de autocontrole, mas alguma coisa falhou e agora a criança pode transmitir a sensação de ser “incontrolável”.

O mau comportamento: causas e soluções

As crianças não se comportam mal porque sim, e na maioria, ou praticamente na totalidade dos casos, os pais têm muito a ver com a forma como elas agem. Como é evidente, a má criação é o que resulta em um filho malcriado. Então, a primeira coisa a detectar é porque a criança não se comporta direito. O comum é que isso ocorra devido a algum destes motivos:

  • Ninguém lhe ensinou a administrar a energia que emana de suas emoções, e também não aprendeu por conta própria. Na maioria dos casos é essa falta de gestão a que possibilita a expressão impulsiva e descontrolada dessa energia.
  • Os pais também não sabem administrar suas emoções, de modo que o exemplo que dão a seus filhos não é o apropriado.
  • Sente que, de alguma forma, foi maltratado, seja por pais indiferentes ou ausentes ou por agressividade verbal ou física. Criará resistência ou mostrará o ressentimento que esses maus-tratos causaram se comportando mal.
  • Sente-se muito pressionado. Alguns pais acham erroneamente que seu filho é um adulto em miniatura e o sobrecarregam de exigências e/ou responsabilidades. Depois de um certo limite, a criança se revoltará.
  • Os pais não sabem impor a sua autoridade. Às vezes implementam normas ambivalentes, irracionais ou incoerentes. Às vezes eles mesmos não cumprem as normas que impõem a seus filhos. Em outras ocasiões, temem feri-los ou se sentem culpados por algum motivo e procuram compensar este fato sendo muito permissivos.
Como reconstruir a relação com um filho malcriado?

A primeira coisa, então, é procurar identificar onde está a fonte do problema. Em outras palavras, enxergar o aspecto da criação que falhou. Além disso, munir-se de amor e paciência porque serão necessários na missão de reverter a situação.

Também será preciso um profundo exercício de sinceridade. Os pais precisam estar dispostos e ter a capacidade de admitir seus erros, e a isto adicionar vontade para corrigi-los. Não se deve delegar essa tarefa aos filhos: isto é resultado de erros de ambas as partes.

Existem três dicas que nunca falham nesse processo de reverter uma má criação. A primeira é impor certas normas não negociáveis começando por aspectos práticos, como os horários. A segunda é encontrar momentos relaxados nos quais a comunicação seja fluida. Lembre-se de que, por exemplo, a brincadeira facilita a comunicação e contribui para entender o sentido das regras. Finalmente, a escuta é infalível: ouvi-lo com atenção e procurar entender seu mundo fortalecerá e enriquecerá o relacionamento.

Como reconstruir a relação com um filho malcriado?

Imagens cortesia de Rhed Fawell.


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