Regulação emocional proativa no TEA

O transtorno do espectro autista (TEA) é uma entidade clínica cujas manifestações podem envolver comportamentos desafiadores. Neste sentido, estratégias proativas de regulação emocional podem ser implementadas. Agora, em que consistem?
Regulação emocional proativa no TEA
Gorka Jiménez Pajares

Escrito e verificado por o psicólogo Gorka Jiménez Pajares.

Última atualização: 13 março, 2023

Você reage ou antecipa? A regulação proativa das emoções tem muito a ver com a prevenção de comportamentos desafiadores. A abordagem proativa consiste em antecipar os comportamentos disruptivos das pessoas com transtorno do espectro autista (TEA) com o objetivo de preveni-los, e ainda promover comportamentos alternativos mais adaptativos ao contexto.

O que é que as faz se comportar assim? Por que elas fazem isso? Quais intensificadores ou gatilhos foram identificados? A abordagem proativa investiga essas questões com o objetivo de prevenir comportamentos desafiadores com base nas informações que temos de comportamentos que ocorreram no passado.

“A intervenção proativa no TEA não consiste no que fazer quando o comportamento já ocorreu ou em como agir quando ele ocorreu, mas em indagar, pesquisar e encontrar o motivo”.

-Cristina Tinaquero-

criança com autismo de costas

Uma abordagem para a definição de TEA

Antes de começar a falar sobre regulação emocional proativa no TEA, consideramos importante explicar algumas das características dessa entidade clínica. Assim, para a American Psychological Association (APA) na quinta edição de seu Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais ( DSM-5 ) o TEA é definido por aspectos como:

Problemas de comunicação e interação social

Esses problemas aparecem como déficits, ou seja, ocorrem abaixo do nível esperado Referem-se a múltiplos domínios (APA, 2015):

  • Alterações na reciprocidade socioemocional, como trocas sociais inadequadas na hora de expressar emoções ou compartilhar interesses.
  • Alterações nas comunicações que envolvem comunicação não verbal, como contato visual inadequado ou linguagem corporal inadequada.
  • Distúrbios no desenvolvimento, manutenção e compreensão de relacionamentos com outras pessoas, como falta de interesse em relacionamentos interpessoais.

Essas alterações devem se manifestar em vários contextos e devem ocorrer nas fases iniciais do desenvolvimento da criança.

Comportamentos restritivos e repetitivos

Seus comportamentos se traduzem em padrões de comportamento altamente repetitivos. Da mesma forma, a heterogeneidade de interesses ou atividades é muito pobre. Entre as manifestações podemos encontrar (APA, 2015):

  • Fala estereotipada, como ecolalias.
  • Invariância ambiental, manifestada por imenso desconforto quando ocorrem pequenas mudanças no ambiente. Está intimamente relacionado com padrões rígidos de pensamento.
  • Interesses muito restritivos, que podem levar, por exemplo, a comportamentos de apego intensos a objetos inusitados.
  • Hiper ou hiporreatividade a diferentes estímulos, manifestada, por exemplo, por uma aparente indiferença à dor ou à temperatura.

“Reações extremas e rituais relacionados ao sabor, cheiro, textura e aparência dos alimentos são frequentes.”

-Associação Americana de Psiquiatria-

O que é regulação emocional proativa?

Recentemente, a Fundação Quinta publicou um guia que pode consultar aqui. Nesse sentido, foi visto que investir tempo na análise das causas dos comportamentos disruptivos de crianças com TEA pode ser extremamente benéfico na hora de preveni-los.

Passos prévios

Antes de começar a intervir, é necessário refletir sobre a criança com TEA. Nesse sentido podemos nos perguntar:

  • Que conhecimento temos dessa pessoa? Teremos que responder a aspectos como quais são seus interesses, suas motivações, seus pontos fortes, qual é sua forma de se comunicar ou quais são suas dificuldades sensoriais, entre outros.
  • Como é o seu contexto? Nesse sentido, é conveniente levar em consideração suas rotinas, quais pistas visuais elas usam ou quais adaptações foram levadas em consideração por seu ambiente.
  • Como é a comunicação familiar? É importante entender como é a estrutura e a situação da família, bem como suas necessidades. Nessa perspectiva, é fundamental questionar se comportamentos disruptivos ocorrem no ambiente familiar.
  • Quais são os comportamentos problemáticos? É evidente que antes de intervir devemos saber sobre o que vamos fazer. Para isso, um método muito prático é ordená-los de acordo com seus parâmetros topográficos, ou seja: intensidade, frequência e duração dos referidos comportamentos.
  • Análise funcional. Este ponto é muito importante porque nos permite ver qual a função que um comportamento desempenha em um determinado contexto.
  • O que está tentando alcançar através de seus comportamentos? Aqui devemos responder aos objetivos de cada comportamento disruptivo de forma muito específica, ou seja, porque o manifesta e o que o pequeno com TEA necessita.
  • Como podemos minimizar tais comportamentos ? Esta é a última estação. A estação de procedimentos. Estes devem ser ajustados e feitos à medida do pequeno e dos comportamentos disruptivos que apresente.

Na análise funcional podemos fazer uso do clássico modelo ABC, que nos permite estabelecer relações entre a forma do comportamento que está ocorrendo e a função que desempenha, ou seja: com esse comportamento, a criança com TEA, está tentando me dizer que quer se comunicar, que sente dor, o que chama a atenção…?

Menina com autismo sentada no chão

Algumas estratégias

Para Cristina Tinaquero, uma das criadoras do guia a que nos referimos, existem algumas chaves que podemos ter em conta. Nesse sentido, é importante relacionar com a forma como o menino ou a menina com TEA brinca. Através dessas abordagens podemos entender quais são seus interesses. Nosso objetivo deve ser ajudá-las a aprimorar as habilidades que possuem.

Da mesma forma, o estabelecimento de rotinas deve ter um ponto de partida: os próprios interesses. O objetivo é que essas rotinas sejam previsíveis, permitindo que eles explorem e entendam o ambiente.

Se, apesar de ter obtido todo o conhecimento da criança e de sua família, como discutimos acima, continuarem a ocorrer comportamentos disruptivos, seria interessante considerar a necessidade de estabelecer planos de crise a fim de garantir a saúde física da pessoa com TEA.


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  • Consejo General de la Psicología de España. (2022). Pautas de regulación emocional proactiva para familias con personas con TEA. www.infocoponline.es. https://www.infocop.es/view_article.asp?id=19805
  • First, M. B. (2015). DSM-5. Manual de Diagnóstico Diferencial. Editorial Médica Panamericana.

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