Ser diferente: necessidade, cruz ou virtude?

Como você trata a diferença? Você é uma daquelas pessoas que prefere ser comum e passar despercebida na multidão? Você se lembra de uma época em que ser diferente teve consequências negativas para você ou alguém próximo?
Ser diferente: necessidade, cruz ou virtude?

Última atualização: 06 outubro, 2020

Cada um de nós é único e irrepetível. Não existem duas personalidades iguais. Todos nós temos uma maneira diferente de sentir, agir, pensar e tomar decisões. Uma combinação de variáveis ​​genéticas e ambientais – nossa história passada, nossas experiências e o contexto, entre outras – determinam nossa maneira de ser. O que significa, para você, ser diferente?

Ser diferente pode ser percebido como positivo ou negativo dependendo da fase da vida e do momento de desenvolvimento em que nos encontramos.

Apesar de sermos diferentes, há momentos na vida em que nos esforçamos para nos parecer com os outros tanto quanto possível. No entanto, há outros momentos em que se diferenciar dos demais é crucial para um desenvolvimento psíquico adequado. E você? Se considera diferente? Em quê? Você gosta de ser diferente ou considera isso importante?

Ser diferente: necessidade, cruz ou virtude?

Ser diferente: uma necessidade desde a infância

A psicóloga Margaret Mahler desenvolveu um modelo de estágios de desenvolvimento. Após a fase simbiótica, na qual a criança ainda não consegue se entender como um ser diferente da sua mãe, ela passa para a fase de separação-individuação. Esta fase é decisiva para a aquisição da própria identidade, para se compreender como um ser único.

Nesta fase, ocorrem dois processos (os que dão nome a esta fase de desenvolvimento). A separação é o processo pelo qual a criança atinge a distinção intrapsíquica em relação à mãe, enquanto o processo de individuação é o sentimento de ser, a partir do qual a criança assume suas próprias características individuais.

Por outro lado, René Spitz descreve os organizadores da psique infantil: o sorriso, a angústia diante do estranho e o “não”. O “não” dos temidos 2 anos. Por mais incômoda que seja essa fase de oposição constante, é uma etapa necessária para o amadurecimento e desenvolvimento da criança.

Essa negação constante se deve ao fato de a criança passar a se identificar como diferente e independente. Isso é necessário para que a criança comece a ter consciência como um ser individual. De certa forma, isso também acontece com os adolescentes.

“Não deixe que as percepções limitadas das outras pessoas definam você.”
-Virginia Satir-

Na adolescência, ser diferente pode ser uma cruz

A adolescência é um momento da vida em que prestamos uma atenção especial aos nossos iguais. Surge o medo da diferença não aceita ou discriminada. É uma fase em que a inserção no grupo é uma das principais motivações; via de regra, influencia muito a maneira como o adolescente forma seu autoconceito.

Apesar disso, os adolescentes vivem constantemente com a ilusão de que são únicos. É o que se conhece como fábula pessoal. David Elkind descreveu esse processo como o sentimento do adolescente de ser único ou diferente dos outros. Isso leva à crença de que seus pensamentos e crenças são diferentes de todos os outros.

Elkind descreveu outro fenômeno que também pode estar relacionado à importância dada a não ser ou ser diferente. Trata-se da audiência imaginária, uma preocupação intensa com a imagem que o jovem projeta aos outros, com a imagem que os outros têm dele. Os adolescentes têm a percepção de que estão sendo constantemente observados pelas outras pessoas.

Diante da sensação de ser o foco de uma análise constante, espera-se que muitos deles, principalmente os que têm baixa autoestima ou autoconceito precário, façam todo o possível para passar despercebidos, para serem comuns, para não serem diferentes, já que ser diferente pode ser percebido de forma negativa e levar a comportamentos de rejeição por parte de seus colegas.

“Sempre que você se encontra do lado da maioria, é hora de fazer uma pausa e refletir.”
-Marc Twain-

Na adolescência, ser diferente pode ser uma cruz

A diferença é uma virtude!

Às vezes, quando somos jovens, também sentimos a necessidade de sermos diferentes. Mostrar essa parte particular da identidade que está se formando é um dos maiores presentes que podemos dar a nós mesmos e aos outros, pois é a maior demonstração de sinceridade. Além disso, aumenta a criatividade e facilita a tomada de decisões.

Ser diferente permite que você aprecie mais a diversidade e se adapte a ela. Isso o torna mais flexível e aberto.

A defesa das próprias ideias, mesmo que diferentes das demais, permite que você cresça e se desenvolva sendo fiel aos seus princípios e com uma autoestima e autoconfiança muito fortes. Ser único é um dom e, como tal, devemos aprender a apreciá-lo. Esta é uma das maiores virtudes que uma pessoa pode ter.

“A pessoa que segue a multidão normalmente não vai além da multidão. Quem anda sozinho provavelmente chegará a lugares onde ninguém esteve antes”.
-Albert Einstein-


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