Síndrome extrapiramidal: o que é e por que ocorre?

A síndrome extrapiramidal pode aparecer como consequência de um tratamento farmacológico que bloqueie os receptores da dopamina, ou pode ser a consequência de uma lesão direta em determinadas regiões cerebrais. Neste artigo, vamos analisar esse assunto com mais detalhes.
Síndrome extrapiramidal: o que é e por que ocorre?

Última atualização: 30 maio, 2020

A síndrome extrapiramidal é um transtorno motor produzido, principalmente, como reação adversa ao tratamento com fármacos antipsicóticos. Falamos de um transtorno motor desencadeado por uma lesão do sistema extrapiramidal, formado pelos gânglios basais do cérebro, que incluem os núcleos cinzentos e suas vias e conexões.

O sistema extrapiramidal é responsável pelo controle dos movimentos voluntários e do tônus muscular, bem como pela produção de movimentos automáticos, instintivos e aprendidos. Por isso, diante de um problema nesse sistema, surgem transtornos do movimento, do tônus e da postura.

O exemplo mais claro de doença extrapiramidal é o Parkinson. De fato, para definir a síndrome extrapiramidal, fala-se de sintomas parkinsonianos.

Pessoa segurando seu pulso

Por que a síndrome extrapiramidal ocorre?

A síndrome extrapiramidal ocorre, principalmente, como reação adversa ao tratamento com fármacos antipsicóticos, embora também possa surgir devido a uma lesão em determinadas regiões cerebrais. A causa fundamental é a falta de regulação da dopamina, o neurotransmissor da função motora do organismo.

Os fármacos antipsicóticos ou neurolépticos bloqueiam, principalmente, os receptores D2 de dopamina para controlar o aumento da ativação das vias dopaminérgicas que ocorre na psicose. Ao bloquear os receptores de dopamina, provocam alterações da motricidade que chamamos de síndrome extrapiramidal.

Os antipsicóticos típicos são os que mais provocam sintomas extrapiramidais. De fato, os atípicos surgiram para evitar esse efeito secundário tão frequente. Os fármacos mais comuns que podem provocar essa síndrome são, por exemplo, o haloperidol e a clorpromazina.

Principais sintomas

Os sintomas principais da síndrome extrapiramidal são:

  • Hipocinesia: diminuição da velocidade e da capacidade de realizar movimentos voluntários. É necessário muito esforço, e o resultado são movimentos lentos e desajeitados.
  • Hipertonia: aumento da tensão muscular, especialmente nas extremidades, assim como distonias agudas nos músculos do rosto, do pescoço e da língua.
  • Acatisia: quadro de inquietude, ansiedade e agitação que impede a pessoa de ficar sentada.

Além disso, existem muitos outros sintomas motores relacionados que caracterizam essa síndrome. Alguns deles são, por exemplo:

  • Hipercinesia: movimentos involuntários, como tiques, balismos ou mioclonias.
  • Tremores involuntários, oscilatórios e rítmicos, que podem ocorrer em repouso e durante a manutenção de uma postura específica.
  • Movimentos parkinsonianos, com a cabeça e o tronco inclinados para frente, e os cotovelos, os joelhos e os pulsos flexionados.
  • Amimia: ausência de expressão no rosto devido à rigidez dos músculos da face.
  • Alterações no andar, com passos curtos, sem movimento oscilatório de braços e com muita facilidade para perder o equilíbrio.
  • Alterações da linguagem e da escrita.
  • Ausência de reflexos posturais e de movimentos automáticos e rápidos.
Consulta médica

Tratamento da síndrome extrapiramidal

Como regra, quando é necessária uma intervenção rápida, o tratamento da síndrome extrapiramidal é realizado com fármacos anticolinérgicos e dopaminérgicos.

No entanto, na maioria das vezes, o objetivo prioritário é suspender os fármacos que provocaram essa reação adversa. No caso de um tratamento com antipsicóticos típicos, o normal é tentar substituí-los por outros com menos efeitos secundários, como os antipsicóticos atípicos.

Entretanto, para evitar o aparecimento da síndrome extrapiramidal durante o tratamento com fármacos antipsicóticos, é preciso controlar com especial cuidado as doses administradas, assim como manter um acompanhamento rígido das possíveis reações que podem aparecer a fim de poder agir rapidamente e evitar complicações.

Em relação ao tratamento da rigidez muscular e das alterações motoras, especialmente quando tiverem sido provocadas por ou derivadas de lesões cerebrais nas vias extrapiramidais, a fisioterapia é uma especialidade que desempenha um papel muito importante. Sua contribuição, em relação à reabilitação do paciente, tem um enorme valor: o que vamos tentar fazer é melhorar a qualidade de vida da pessoa.


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