A somatização das emoções nas pessoas dependentes 

A somatização das emoções nas pessoas dependentes 
Gema Sánchez Cuevas

Revisado e aprovado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 05 janeiro, 2023

Se você já sofreu de ansiedade alguma vez, é provável que saiba a que se refere o conceito de somatização das emoções. Nosso corpo começa a manifestar uma série de sintomas que parecem não ter nenhuma causa aparente. Alguns exemplos são notar que algo obstrui nossa garganta, notar o aparecimento de erupções cutâneas na pele ou problemas digestivos.

Hoje vamos descobrir que a somatização das emoções nas pessoas dependentes, além de ser muito comum, é maior do que o normal.

O grande problema que surge quando somatizamos emoções é a incapacidade de relacionar aquilo que estamos sentindo com o que está se manifestando em nosso corpo. Nós tendemos a justificar a dor de barriga que sentimos com algo que comemos e que, talvez, não estivesse bom.

Pensamos até mesmo que os problemas de pele que temos são fruto de uma reação alérgica. Às vezes pode ser que seja verdade, mas se sofremos de ansiedade e nos encontramos em uma relação de dependência, o mais provável é que nossos sintomas signifiquem algo a mais. 

Para entender melhor como a somatização das emoções age nas pessoas dependentes, vamos contar a história de Rebeca (nome fictício). Com este personagem, vamos entrar em uma relação de apego insano. Nela, podemos ver como a sintomatologia a está advertindo que saia dessa relação.

A somatização das emoções de Rebeca

Rebeca estava num relacionamento há 3 anos, apesar do mesmo não ir nada bem. Seu parceiro sempre estava jogando videogame e queria ficar o tempo todo em casa. Ela, por sua vez, desejava sair mais e fazer outros tipos de atividades. Entretanto, existiam muitos outros aspectos que indicavam que eles não combinavam muito; mas Rebeca tinha entrado nesse relacionamento por medo de ficar sozinha e não o deixaria ir tão facilmente. 

Além disso, Rebeca tinha muitas desavenças com a mãe de seu namorado. A mulher havia sido mãe solteira e era muito apegada ao seu filho. As constantes ligações e até mesmo fingimentos dizendo não se sentir bem para manter a atenção de seu filho eram algo muito comum e que gerava discussões. Rebeca reclamava, ficava chateada, mas no fim de tudo voltava a ser como sempre foi.

Mulher sentindo dor de cabeça

Durante o terceiro ano de namoro, algo estranho começou a acontecer com Rebeca. Às vezes, nas situações mais inesperadas, ela tinha uma reação alérgica em seu rosto. Algumas vezes, as erupções cutâneas apareciam quando mantinha relações íntimas com seu parceiro. Ela não deu muita importância no começo. Ela tomava alguns remédios e continuava com sua vida.

Este é um claro exemplo de emoções que se manifestam no corpo. De fato, como dissemos no começo do artigo, a somatização das emoções nas pessoas dependentes é um claro indicativo de que algo não vai bem.

Além disso, o corpo, à medida que os sintomas vão sendo ignorados, vai agindo com outros tipos de problemas (digestivos, dores, dermatites, etc.) até que a pessoa se dê conta do que está acontecendo e tome alguma atitude para mudar a situação.

O momento em que tudo piorou

Um dia, em um jantar com amigos da mãe de seu parceiro, Rebeca começou a ter dificuldade para falar. Parecia que a sua garganta estava se fechando. Rebeca se controlou, mas a partir desse dia, isso voltou a acontecer em outras situações. Quando foi ao médico, lhe disseram que tinha um “bolo histérico”.

Rebeca, assim como no caso das erupções cutâneas, não deu muita importância a isso. Ignorou o fato de que começou a sofrer de paralisia do sono, dores de cabeça muito intensas e náuseas. Além de fortes dores de barriga antes de encontrar seu parceiro.

Mulher com coceira no corpo

Um dia, quando brigou com seu parceiro por algo relacionado a sua mãe, passou um dia inteiro sem saber nada dele. De fato, quando Rebeca ligou para ele e ele não atendeu, ela não aparentava estar bem.

Ela teve seu pior estado, estava pensando que seu parceiro queria terminar com ela. De repente, começou a sentir uma dor de cabeça insuportável, perdeu a vontade de comer e sua pressão caiu. Ela não podia levantar do sofá, pois se sentia tonta. Quando seu parceiro ligou para ela, toda esta sintomatologia se reduziu até o ponto de esquecer o que tinha acontecido.

A relação de dependência

Rebeca não percebia que não queria mais estar com seu parceiro. Ela sempre se recriminava quando tinha que passar um determinado tempo em casa para que o namorado jogasse videogame ou que ele não colocasse limites em sua mãe. Ela estava farta de aguentar a mesma situação. E mais, estava chateada com ela mesma porque, no começo, não dizia nada, estava cega, e agora tudo a incomodava.

Em seu interior, ela queria terminar o relacionamento porque isso a estava esgotando. Mas não era capaz, tinha muito medo de ficar sozinha. Sua incapacidade de tomar uma decisão coerente se manifestava em seu corpo. Não estava em um relacionamento no qual se sentisse bem.

No fim das contas, Rebeca terminou o relacionamento, mas já tinha outra pessoa em mente para evitar ficar sozinha. Após um determinado tempo, os mesmos sintomas voltaram a se manifestar, mas desta vez multiplicados por 100. O ciclo estava se repetindo mais uma vez e a sintomatologia estava piorando.

Como vimos, se o problema que levou à somatização não for resolvido, voltará a aparecer em outras circunstâncias e com outras pessoas. A somatização das emoções nas pessoas dependentes é um aviso de que elas devem se aprofundar no que estão sentindo e ignorando há tanto tempo.

Casal deitado junto

A somatização das emoções nas pessoas dependentes pode ser muito grave e provocar ataques de pânico, mal-estar físico muito sério e uma grande infelicidade. Aqueles que sofrem de dependência não percebem que isso está acontecendo com eles. No entanto, se parassem para ouvir seu próprio corpo, saberiam que desejam sair da situação na qual se encontram.

O que nós queremos com esta história não é apenas aprender a identificar o que os sinais do nosso corpo querem dizer, mas também reconhecê-los em nós mesmos para, então, poder agir. Se você acha que seu corpo está mandando uma mensagem, trate de ouvi-lo. No geral, você vai acabar descobrindo algo realmente valioso.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.