Somos feitos de luzes e sombras

Somos feitos de luzes e sombras
Lorena Vara González

Escrito e verificado por a psicóloga Lorena Vara González.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Luzes e sombras habitam o nosso interior. Elas fazem parte de quem somos, do que não queremos ser e de quem podemos ser. São a luta entre o que reconhecemos, o que evitamos, o que admitimos e o que ignoramos ou não queremos ver. E neste pequeno, mas dispendioso equilíbrio, tentamos passar os nossos dias sem que nenhuma das partes domine a nossa vida.

A verdade nos diz que o equilíbrio entre o que sabemos e o que não admitimos é difícil de alcançar. Para podermos viver bem, devemos tomar uma boa dose de aceitação da realidade: somos feitos de luzes e sombras e por isso sempre haverá partes de nós mesmos que não queremos aceitar.

A aceitação das nossas sombras pode envolver dor, mas também implica evolução, mudança e aceitação de nós mesmos: conhecer a si mesmo e desenvolver uma autoestima saudável diante da vida. Nem tudo são luzes, nem sempre as luzes iluminam a nossa vida. Muitas vezes as luzes nos impedem de enxergar o caminho e as sombras podem nos dar as respostas.

“Não é possível despertar a consciência sem dor. As pessoas são capazes de fazer qualquer coisa, por mais absurda que possa parecer, para evitar enfrentar a sua própria alma. Ninguém se ilumina fantasiando figuras de luz, mas se tornando consciente da sua escuridão”.
– Carl Jung –

Somos feitos de luzes e sombras

Você está consciente das suas próprias sombras?

Carl Jung definia as nossas sombras como o conjunto das frustrações, experiências constrangedoras, experiências dolorosas, medos ou inseguranças que se alojam no nosso inconsciente. A sombra contém todos os aspectos negativos da personalidade que o “eu” não está em condições de assumir e que, por essa razão, pode impedir a manifestação do nosso verdadeiro modo de ser e de sentir.

A maldade, o egoísmo, a inveja, a covardia, o ciúme, a ganância e muitas das nossas emoções e dos nossos medos são as nossas sombras. Muitas vezes nos tornamos conscientes delas quando nos levam a conflitos com os outros. Em outras ocasiões, se expressam como sentimentos de culpa ou até depressões inexplicáveis, refletindo uma imagem na qual não nos reconhecemos.

Somos capazes de projetar essas sombras sobre os outros para não assumir que esses sentimentos, julgamentos ou ideias nos pertencem. Nós somos programados desde pequenos para esconder os fracassos, o desespero e tudo o que há de negativo na nossa vida. Então, pelo simples fato de sermos humanos, guardamos a luz e as sombras dentro de nós.

“Um homem que não passou pelo inferno das suas paixões nunca as superou. Até onde conseguimos discernir, o único propósito da existência humana é acender uma luz na escuridão do mero Ser”.
– Carl Jung –

Somos feitos de luzes e sombras

Você já se cegou seguindo a sua própria luz?

As luzes que nos compõem, que nos rodeiam e que nos iluminam por dentro são todas aquelas qualidades, virtudes, emoções, comportamentos ou desejos que gostamos de mostrar. São as máscaras com as quais nos disfarçamos em cada ocasião como se fossem a nossa única e verdadeira identidade.

Podemos escolher ser brincalhões, inteligentes, compreensivos, sociáveis, tímidos ou corajosos; podemos escolher o que queremos mostrar diante do grande cenário social. Atualmente, as luzes de nossa personalidade estão mais brilhantes com o uso das aparências nas redes sociais. Vivemos uma segunda vida escondendo as sombras, agindo como se elas não existissem. Isto que no início pode parecer uma vantagem, uma maneira de nos proteger das tristezas da nossa vida, na realidade se transforma no ponto central da expressão do narcisismo moderno.

Nós nos deixamos cegar pelas nossas luzes. Elas se transformam no nosso verdadeiro foco de expressão para o exterior, deixamos de ser humanos para sermos máquinas de sorrisos nas fotos que guardam grandes vazios interiores.

Por isso é tão importante conhecermos as nossas sombras, elas nos ajudam a manter o equilíbrio interno. Nós somos falíveis, sentimos ciúmes, inveja ou culpa, mas também nos recompomos. Somos humanos e aceitar viver a realidade como ela é, e não um conto de fadas, nos ajudará a desenvolver uma autoestima saudável e a viver uma vida melhor e mais completa. Não negue as suas sombras, aceite-as; não fique cego com as suas luzes, procure o seu equilíbrio interior.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.