Sua mente foi desenhada para ser maravilhosa
“Quando os bebês nascem, os ensinamos a andar e falar, para depois pedir para fazerem silêncio e ficarem quietos”, como diz a expressão popular. Quando eu tinha apenas dois anos de idade, lutava com todas as forças para poder ir aos passeios com meus irmãos mais velhos e, mesmo que fosse de rodinhas, subia na minha bicicleta vermelha e ficava na porta os esperando, para que me levassem junto.
Com o passar dos anos, essa vontade de aprender a andar de bicicleta se perdeu na rotina. Agora parece que tenho que me esforçar para fazer algo que meu instinto natural já pedia! As vezes acreditamos que se trata de aprender e, talvez o mais correto seja desaprender para, só assim, recuperar a simplicidade com a qual nascemos, recuperar somente o ESSENCIAL. Tivemos a necessidade de institucionalizar, racionalizar e parametrizar ações que, de forma natural, já fazíamos sem nenhum esforço.
Respirar, saltar, correr, dançar, escutar, perguntar, fazer cambalhotas… São coisas que as crianças fazem sem pensar duas vezes, como se fossem parte de sua natureza. Nossa mente está tão “evoluída” e inserida na cultura, que precisamos de estruturas para recuperar esse lado mais simples. Ninguém dá aulas de dança na África, nem faz yoga, nem anota na agenda um “quero aprender a escutar mais”. Não saem para correr pela manhã, nem precisam se matricular na academia.
Mas esse é o preço que pagamos para sermos civilizados. Não se trata de negar nossa cultura, nem de nos afastarmos da realidade atual, mas sim de sermos conscientes de que, dentro de nós, há uma criança que foi feita para saltar, se mexer, correr e cantar. O verdadeiro objetivo é que sejamos capazes de naturalizar essas atividades do nosso dia-a-dia. Especialmente por isso, gosto de utilizar a palavra “incorporar”, porque etimologicamente significa “inserir no corpo”. Então, dessa maneira, acredito que o segredo esteja em “inserir no corpo” os hábitos, para que eles se tornem tão naturais como comer e dormir; assim, o que ao início representava uma luta interna entre o que gostaríamos e o que queríamos/deveríamos, não existe mais, e é produzida uma sensação de harmonia dentro de nós; Uma coerência e integridade entre o que somos e o que queremos.