Nós temos o poder de esculpir nosso cérebro 

Nós temos o poder de esculpir nosso cérebro 
Fátima Servián Franco

Escrito e verificado por a psicóloga Fátima Servián Franco.

Última atualização: 05 janeiro, 2023

Nós temos o poder de esculpir o cérebro. Hoje em dia esta frase de Santiago Ramón e Cajal está mais vigente do que nunca. São os nossos pensamentos que, em grande medida, criaram e vão criar o nosso mundo. Atualmente, sabemos que a confiança em si mesmo, o entusiasmo e os sonhos têm a capacidade de favorecer as funções superiores do cérebro.

De acordo com diversos estudos científicos, o cérebro é excepcionalmente plástico. Isso quer dizer que ele tem a capacidade de mudar em função da experiência, dependendo de como e quanto é utilizado. Além disso, nós não perdemos esta qualidade, ela pode continuar acontecendo ao longo da vida. De fato, toda vez que aprendemos algo, nossa mente muda. Consequentemente, nós esculpimos nosso cérebro através das experiências que temos.

Assim, o cérebro coordena um complexo conjunto de ações que envolvem a função motora, o processamento visual e auditivo, os conhecimentos linguísticos verbais e muito mais.

Dessa forma, quando aprendemos algo novo, principalmente no começo, nossa habilidade pode ser rígida, mas à medida que praticamos, vamos adquirindo um certo domínio sobre a experiência. Esta capacidade nos assegura, no âmbito clínico, a possibilidade de modificar tanto os estados de ânimo ansiosos quanto depressivos, em outros processos.

“A mente não é um copo a ser cheio, e sim uma lâmpada a ser acesa”.
-Plutarco-

Esculpir o cérebro para mudar o comportamento

Jose Dispenza, doutor em Quiropraxia, bioquímico e neurocientista, defende o poder do ser humano de se reinventar diariamente. Ele acredita na capacidade de construir e conduzir o cérebro através da experiência pessoal. “Se a cada manhã nós parássemos para pensar em qual é a melhor ideia que podemos ter de nós mesmos, teríamos outro tipo de mundo”, afirma Dispenza.

Além disso, as últimas pesquisas científicas de vanguarda estão mostrando que a genética tem a mesma plasticidade que o cérebro. Os genes são como interruptores e, dependendo do estado químico do nosso corpo, alguns deles são ligados e outros desligados. Este fenômeno é conhecido como epigenética.

Podemos esculpir o cérebro à nossa maneira

Neste sentido, foi realizado um estudo muito interessante com pessoas portadoras de diabetes tipo 2. Foi possível demonstrar que as pessoas com este tipo de diabetes, quando submetidas a programas de comédia, normalizavam seus níveis de açúcar no sangue sem a necessidade de insulina. A explicação é que alguns genes foram ativados só pelo fato de rir. Esta descoberta abre portas para novas intervenções e hipóteses.

“Nada me inspira mais veneração e assombro do que um idoso que sabe mudar de opinião”.
-Santiago Ramón y Cajal-

A mente é como um paraquedas

Toda vez que pensamos, fabricamos substâncias químicas que atuam como sinalização para permitir que nos sintamos como pensamos. Estas substâncias nos permitem mudar nosso senso de humor de forma automática. Por isso, se tivermos pensamentos negativos e infelizes, é assim que vamos nos sentir depois de alguns segundos.

O problema de tudo isso é que nossos pensamentos e emoções se retroalimentam e, assim que começamos a sentir de acordo com os nossos pensamentos, também vamos começar a pensar da mesma forma como nos sentimos. Portanto, se tivermos um pensamento de tristeza e começarmos a nos sentir tristes, podemos cair em estados muito desagradáveis. 

Pouco a pouco vamos memorizando este estado como a nossa personalidade e chegamos a pensar, e inclusive a nos identificar, como pessoas infelizes, negativas ou cheias de culpa. Entretanto, a única coisa que fizemos foi memorizar a quantidade de substâncias químicas que se produziram em nosso interior e nos definimos com base nelas.

Homem sentado na beira de lago

Além disso, é preciso ter em conta que nosso organismo se acostuma ao nível de substâncias químicas que circulam pela nossa corrente sanguínea, que rodeiam nossas células e inundam nosso cérebro. Qualquer perturbação na composição química constante, regular e confortável do nosso cérebro terá como resultado um mal-estar.

Faremos praticamente tudo que estiver ao nosso alcance, tanto consciente quanto inconscientemente a partir do que sentimos, para restaurar o equilíbrio químico ao qual estávamos acostumados. Mas este é o momento no qual o corpo manda na mente.

Porém, a boa notícia é que não há nenhum destes elementos que seja imóvel. Com um pouco de esforço, conhecimento e prática, é possível modificar nosso humor e a forma como nos sentimos. 

“É preciso sacudir energicamente o bosque dos neurônios cerebrais adormecidos; é necessário fazê-los vibrar com a emoção do novo e infundir neles nobres e elevadas inquietudes”.
-Santiago Ramón y Cajal-


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