A teoria da troca social
Existem diversas formas de explicar tudo que as relações sociais implicam. George C. Homans o fez através de sua teoria da troca social. Esta teoria, nascida de conceitos econômicos e de intercâmbio, fala de como ocorre a interação social e indica quais são os fatores que nos motivam a ela.
Assim, a teoria da troca social propõe que todas as relações se formam, se mantêm ou se rompem devido a uma análise de custo-benefício. Ela nos leva a realizar comparações de alternativas levantadas e, finalmente, optar por aquelas relações que nos ofereçam um benefício maior com um custo menor.
Esta teoria foi muito valorizada entre os paradigmas behavioristas por ser possível de quantificar e medir por sua simplicidade. Com o tempo, e com o surgimento dos paradigmas cognitivos e construtivistas, tornou-se obsoleta. Neste artigo vamos fazer uma análise da teoria da troca social junto com as críticas que recebeu, para conhecê-la em maior profundidade. Confira!
Características da teoria da troca social
Como mencionamos antes, a teoria da troca social gira em torno dos aspectos econômicos das relações. Segundo esta teoria, cada vez que temos uma relação, fazemos um balanço de seus custos e benefícios e, dependendo do resultado, a valorizamos mais ou menos. Desta maneira, modificando nossa interação social segundo estes padrões, conseguiremos um estado amplamente satisfatório para nós.
Esta teoria se baseia em dois princípios que sustentam todo o raciocínio:
- Individualismo: este princípio postula que toda conduta sempre é dirigida para o indivíduo. Inclusive, os atos puramente sociais não seriam mais do que condutas intermediárias para uma meta de caráter individual.
- Hedonismo: a finalidade última do ser humano é conseguir satisfação e prazer. Assim, toda conduta será focada para a obtenção de tal prazer.
Depois de observar estes postulados, os raciocínios se tornam óbvios. Segundo eles, as relações sociais são orientadas para uma meta pessoal (individualismo). Além disso, a consecução dessa meta deve proporcionar prazer (hedonismo), por isso deve ser rentável em termos de custo-benefício.
É preciso ter em conta que esta teoria deriva do behaviorismo, o qual é baseado em um paradigma de “estímulo-resposta” sem atender a variáveis cognitivas. Na teria da troca social, os estímulos sobre as relações sociais estariam representados pelos custos e benefícios derivados das mesmas. A resposta a estes estímulos seria simples: diante de um balanço negativo, deixar o relacionamento; diante de um balaço positivo, mantê-lo.
Trata-se de uma teoria que foi muito atraente durante a época behaviorista da psicologia. Porém, depois do surgimento do cognitivismo, encontrou sérios problemas e fortes críticas. A seguir, exploraremos os erros e limitações da teoria da troca social.
Críticas à teoria da troca social
A primeira limitação que podemos encontrar na teoria da troca social é sua pouca preocupação com os processos internos. Ela só leva em conta os estímulos positivos e negativos que são recebidos dos outros, mas no interior do indivíduo existe um processamento muito mais complexo que também merece atenção.
Outro aspecto que podemos criticar nesta teoria é a validade de seus dois postulados teóricos. Tanto o paradigma individualista quanto o hedonista ficaram antiquados no panorama atual da psicologia. Eles têm uma série de erros que derrubam sua validade.
No que se refere ao individualismo, é certo que existe uma grande preocupação por si mesmo e que parte da interação social é usada em benefício próprio. No entanto, é um erro dizer que toda conduta é dirigida a favor do indivíduo. As condutas de apoio mútuo e a coletividade favorecem em grande medida a adaptação, por isso é fácil que existam condutas não individuais na natureza. Além disso, os estudos sobre a identidade social mostram como abandonamos nossa individualidade para nos sentirmos parte de um grupo, e como nossas metas mudam por isso.
No que se refere ao postulado hedonista, ocorre um erro de forma. O hedonismo diz que a meta da conduta do ser humano é o prazer, mas nós sabemos que a alegria ou até o prazer servem de incentivo para aprender condutas dirigidas a metas. Então, isso nos leva a afirmar que o prazer é o meio e o fim. O prazer serve para alcançar prazer. Isso se torna, em grande medida, uma redundância que não oferece nenhuma informação.
Como vimos, a teoria da troca social é interessante para o estudo da psicologia social, e provavelmente foi útil para explicar determinados aspectos da interação social. Apesar disso, atualmente se encontra afastada de uma teoria integrada sobre a realidade social em que os seres humanos vivem.
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