Terminar um relacionamento para que o outro reaja não é uma boa ideia

Terminar um relacionamento para que o outro reaja não é uma boa ideia

Última atualização: 12 novembro, 2016

Costuma acontecer. Há pessoas que se atrevem a terminar um  relacionamento não porque querem que ele termine, mas sim porque esperam que essa atitude faça a outra pessoa reagir. O que esperam é que a pessoa, diante da iminência da perda, decida finalmente responder às suas necessidades emocionais, que foram ignoradas até agora. Trata-se de um recurso extremo que pode funcionar imediatamente, mas ao mesmo tempo pode implicar grandes custos a longo prazo.

A manipulação e  a chantagem  emocional não são a melhor maneira de abordar os problemas em um relacionamento. Muito pelo contrário: acabam sendo péssimas alternativas, porque no fim das contas não propiciam a resolução do conflito, mas acabam o encobrindo, adiando e, na maioria das vezes, agravando.

“Isolamento, controle, incerteza, repetição da mensagem e manipulação emocional são técnicas utilizadas para fazer lavagem cerebral”.
– Eduardo Punset-

Os ultimatos e os falsos términos são um recurso de eficácia limitada. Está bem, pode ser que com esses recursos você consiga fazer com que seu parceiro se comprometa (falsamente) a mudar em algum âmbito, mas apenas para que você reveja a sua decisão. No entanto, ao mesmo tempo você está começando a andar em uma lógica de condicionamento e controle que pode se voltar contra você a qualquer momento.

Terminar o relacionamento como uma isca

A intenção final de terminar com o parceiro para que ele reaja não é outra além de colocar a pessoa sob seu controle. Nesse sentido, trata-se de um comportamento manipulador e de uma chantagem emocional com todas as letras. A outra pessoa é colocada “contra a parede” e acaba ficando sem uma opção real para escolher. Desse modo, ela se rebaixa e aceita ficar sob o controle da outra pessoa.

casal

Esse é um recurso pobre e o pior é que somente é utilizado quando a pessoa tem consciência de que a outra sente afeto. Como ela sabe que é amada, leva a outra pessoa a uma situação extrema para que ela reaja exatamente como ela quer: colocando-se sob o seu controle. Em outras palavras, coloca suas necessidades acima de qualquer coisa e deixa o outro sem capacidade de reação.

A ameaça de perder a pessoa atua como uma isca. Se a vítima morder a isca, o que acontece em seguida é uma forma de relacionamento na qual a manipulação triunfou. Daí em diante, mesmo que a pessoa não queria, fica instaurada uma lógica na qual é válido “jogar com o outro”. Já não é a espontaneidade, mas sim o cálculo, o que determina o passo a seguir. Já não é a sinceridade, mas sim as táticas que definem o vínculo que une o casal.

No pior dos casos, o que acontece é um erro de cálculo. Você termina com alguém para que ela reaja suplicando para que isso não aconteça e se comprometendo a fazer o que você pedir. Mas, às vezes as coisas não saem como você quer e acontece exatamente o contrário: a outra pessoa reafirma seu valor e decide terminar o relacionamento para não ser vítima de manipulações. Então o perigoso jogo pode se voltar contra você, e é justamente você quem terá que se retratar. No fim das contas é você quem acaba perdendo.

Aprenda a dar valor as suas palavras e ações

O que muitas das pessoas que utilizam esse tipo de tática esquecem é que, com elas, não somente estão tirando o valor do outro, mas também delas mesmas. Logo os demais vão aprender que o que for dito por você, ou o que você fizer, tem um valor relativo. Não são a expressão do que você realmente pensa ou sente, mas pode ser simplesmente a manifestação de algum tipo de jogo psicológico que está acontecendo. Assim, o preço destas manipulações e destas chantagens é o de não poder ter uma relação de confiança e real intimidade.

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Às vezes também acontece de um relacionamento terminar prematuramente ou sem motivos reais para isso. Um termina para que o outro reaja e o outro, que não quer se deixar manipular, aceita esse final imposto para não perder sua autonomia. Nem um nem outro se beneficiam com isso.

Declarar fim a um relacionamento sob uma lógica de poder não é uma boa ideia. Certamente alguns benefícios podem ser obtidos, mas a perda é muito maior. Faz com que o relacionamento perca seu valor, que torne-se “barato” e que, imperceptivelmente, deixe de ser um vínculo que enriquece sua vida.

Assim, a união se transforma em um elemento que gera ansiedade e dor, algo que subtrai e não soma. Quando esses tipos de manipulações e chantagens existem, mais cedo ou mais tarde os papéis vão se inverter e será inaugurada uma cadeia de episódios no qual os dois se comportam mais como rivais ou inimigos do que como casal.

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Os conflitos num relacionamento doem e aterrorizam, especialmente quando são graves. Mas o único jeito de resolver tais problemas é olhando-os de frente e buscando uma forma saudável de abordá-los. A comunicação é sempre uma excelente opção. Ter uma conversa com toda a sinceridade do coração sempre propicia entendimento.

Se não for assim, certamente é porque, na verdade, trata-se de um relacionamento que não tem oportunidade de crescer. Aí sim vale a pena terminar, com o propósito de que a vida de ambos vai melhorar.


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