Tipos de insônia: causas e tratamento

Tipos de insônia: causas e tratamento
Julia Marquez Arrico

Escrito e verificado por a psicóloga Julia Marquez Arrico.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Muitas vezes, quando temos problemas para dormir, costumamos dizer que temos insônia, mas você sabia que existem diferentes tipos de insônia? Não existe apenas um tipo, mas vários, e cada um deles requer um tratamento diferente. Neste artigo, vamos nos concentrar em explicar os diferentes tipos de insônia e o tratamento adequado para cada caso.

A insônia é um dos motivos mais frequentes para uma consulta médica e, além disso, é um dos sintomas compartilhados por praticamente todos os distúrbios psicológicos.

Tal como acontece com outros problemas que são muito comuns na nossa sociedade, como a ansiedade ou a depressão, muitas pessoas usam o termo insônia incorretamente. Por exemplo, ter problemas para dormir por um dia ou dois não é insônia. Estar muito estressado e não conseguir dormir adequadamente também não pode ser classificado como um distúrbio do sono.

Como podemos ver, há certas especificações que são essenciais para entendermos esse problema, avaliá-lo e prescrever o tratamento adequado. Abaixo, veremos cada um desses aspectos.

Mulher com insônia rolando na cama

O que é insônia?

A insônia é oficialmente chamada de insônia primária, um distúrbio do sono no qual são encontradas as seguintes características:

  • A pessoa experimenta uma dificuldade persistente para dormir por pelo menos quatro semanas.
  • A dificuldade pode ser experimentada no início do sono, durante, na finalização ou na sensação de um sono não restaurador (a pessoa dorme, mas não descansa).
  • Não há nenhuma causa orgânica, como lesão cerebral traumática, demência, acidente vascular cerebral, ou causa médica/fisiológica que possa explicar a insônia (ou uso de drogas, medicação ou doenças que causem insônia).
  • Não existe nenhum distúrbio psicológico como ansiedade ou depressão. Porque nesses casos estaríamos diante de um diagnóstico de transtorno de ansiedade ou qualquer outro tipo de transtorno (com sintomas de insônia relacionados a outro transtorno mental de acordo com o DSM-5).

Dessa forma, existem três tipos de insônia, dependendo do momento em que a pessoa experimenta dificuldade para dormir:

  • Insônia de conciliação ou de início do sono
  • Insônia de manutenção ou sono fragmentado.
  • Insônia tardia ou despertar precoce.

Portanto, para podermos dizer que temos insônia (estritamente falando), é necessário que atendamos aos critérios diagnósticos descritos acima. Se tivermos outro distúrbio, o simples tratamento da insônia não acabará com o problema. O distúrbio principal precisa ser diagnosticado e tratado para acabar com os problemas do sono.

Tipos de insônia

A seguir, vamos nos aprofundar nos três tipos de insônia existentes.

Insônia de conciliação ou de início do sono

Este é o mais comum e o mais conhecido dos três tipos de insônia. É a incapacidade de adormecer quando vamos para a cama, ou seja, você não consegue pegar no sono. A insônia de conciliação geralmente se deve à máxima “nós dormimos como nós vivemos”. Ou seja, se passarmos o dia estressados ​​ou preocupados, será muito difícil para a mente se desconectar e entrar no modo “sono”.

Na maioria dos casos, a insônia de conciliação corresponde a um estado de sofrimento psíquico, que é responsável pela dificuldade de adormecer. No entanto, você também pode ter problemas para iniciar o sono quando houver alterações na programação normal da sua rotina ou nas horas de exposição à luz solar.

“Termine cada dia antes de começar o próximo e coloque uma parede sólida de sono entre os dois”.
– Ralph Waldo Emerson –

Homem com insônia

O tratamento da insônia de conciliação

O tratamento recomendado para a insônia de conciliação tem várias fases. Inicialmente se utiliza o que é conhecido como higiene do sono. Essa abordagem é utilizada porque, na maioria dos casos, com o desenvolvimento da insônia, a pessoa adquire hábitos que não são saudáveis ​​e que pioram ainda mais a sua situação. Dessa forma, como primeiro passo, são elaboradas algumas diretrizes para termos hábitos corretos e rompermos a associação: ir para a cama → não dormir → ansiedade antecipada por não conseguir dormir.

Em segundo lugar, se as diretrizes de higiene do sono não forem suficientes, serão prescritas técnicas ou tarefas diferentes que procurem romper a associação entre a hora de dormir e a impossibilidade de adormecer, juntamente com o desconforto que isso acarreta. Para cada caso e pessoa, o psicólogo prescreve uma tarefa específica e uma série de objetivos terapêuticos que buscam gerar mudanças no seu dia a dia.

No entanto, é necessário lembrar que todas as abordagens terapêuticas que mencionamos são direcionadas para a insônia de conciliação como transtorno primário. Ou seja, são tratamentos e abordagens concebidos para o caso de outros tipos de insônia ou distúrbios psicológicos, como ansiedade, depressão, transtorno obsessivo-compulsivo ou transtorno bipolar, terem sido descartados.

Por outro lado, se a pessoa não consegue dormir usando técnicas psicológicas, pode ser necessária a introdução de medicamentos. As melhores opções para a insônia de conciliação são os indutores do sono não benzodiazepínicos. São drogas que agem rapidamente e por um curto período de tempo, sem efeito ansiolítico ou residual no dia seguinte. Por exemplo, zolpidem, zaleplon ou zopiclona.

Em qualquer caso, o tratamento farmacológico da insônia deve sempre ser prescrito e supervisionado por um médico, que decide qual medicamento é o mais adequado para o seu caso e por quanto tempo deve ser administrado.

“Parece que a insônia é diferente para cada um de nós, assim como a vida cotidiana e as aspirações”.
– F. Scott Fitzgerald –

A insônia de manutenção ou sono fragmentado

Na insônia de manutenção, há uma dificuldade em permanecer dormindo durante a noite. Em outras palavras, a pessoa é capaz de adormecer, mas acorda e permanece desperto por um longo período várias vezes durante a noite. Quando isso acontece, as consequências negativas são muito evidentes, já que você tem a sensação de não ter tido um sono reparador.

Se o diagnóstico de insônia de manutenção for feito, é essencial descartar causas orgânicas ou fisiológicas responsáveis pelo problema. Por exemplo, problemas hormonais que levam a pessoa a acordar. Os despertares durante a noite são muito comuns quando há um mau funcionamento da glândula tireoide ou, no caso das mulheres, quando elas apresentam irregularidades no seu ciclo hormonal.

Insônia

O tratamento da insônia de manutenção ou sono fragmentado

Em primeiro lugar, é necessário tratar as causas médicas que expliquem a insônia de manutenção ou sono fragmentado. Uma vez que essas causas tenham sido controladas ou descartadas, o tratamento para este tipo de insônia envolverá todas as técnicas utilizadas na insônia de conciliação, mas, além disso, deve ser incluído um tratamento farmacológico.

Nesse caso, o medicamento recomendado seria um benzodiazepínico que aja durante toda a noite, pois é necessário um medicamento que mantenha a pessoa dormindo durante todo esse tempo.

Por outro lado, não há tratamento psicológico efetivo até o momento que permita a redução imediata do número de despertares noturnos. No entanto, o trabalho de um psicólogo nesses casos também é fundamental.

A maioria das pessoas que têm sono fragmentado ou insônia de manutenção também apresentam problemas psicológicos, como transtornos de ansiedade ou transtorno depressivo maior. Com isso, a primeira coisa que se busca no curto prazo é que a pessoa consiga dormir corretamente, para que depois possa trabalhar, através da psicoterapia, todos os aspectos psicológicos que são a causa desse tipo de insônia.

Insônia tardia ou despertar precoce

No terceiro tipo de insônia a pessoa é capaz de adormecer, não acorda durante a noite, mas não consegue dormir todas as horas que precisa. Por exemplo, colocamos o despertador para às 7:00 e acordamos às 5:00 sem conseguir dormir novamente. Isso faz com que passemos o dia mais cansados e até mesmo com uma sensação de ansiedade ou angústia.

Este tipo de insônia está muito associado a problemas como a depressão ou o estresse no trabalho. A depressão provoca uma série de mudanças nos ciclos do sono, que muitas vezes resultam na pessoa acordar cedo demais e não conseguir voltar a dormir. E em segundo lugar, quando há excesso de trabalho, é muito comum a pessoa se estressar, acordar antes da hora e não conseguir voltar a dormir.

Mulher com insônia

O tratamento da insônia tardia ou despertar precoce

O tratamento da insônia tardia consiste em uma combinação de tratamento farmacológico para evitar que a pessoa desperte antes da hora e tratamento psicológico para gerenciar as emoções que causam o despertar precoce.

A abordagem psicológica é semelhante à utilizada nos outros dois tipos de insônia, mas, neste caso, é essencial fazer uma intervenção destinada a controlar o estresse e as emoções relacionadas ao despertar.

Também é muito importante, embora pareça estranho, que se acordarmos cedo e não adormecermos, nos levantemos da cama. Isso é importante porque aumentar o cansaço é um dos melhores remédios contra a insônia, e além disso, dessa forma, quebraremos a associação entre estar na cama e a sensação de angústia provocada por não conseguir dormir.

Assim, enquanto no caso da insônia de conciliação o tratamento de primeira escolha é psicológico, no caso dos outros dois tipos de insônia (manutenção ou tardia), um medicamento deve ser combinado com o tratamento psicológico.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.