Transtorno de personalidade esquizotípica

As pessoas que sofrem de transtorno de personalidade esquizotípica tendem a se distanciar do contexto social. Por que fazem isso? Porque estão convencidas de que as relações sociais são perigosas.
Transtorno de personalidade esquizotípica
Paula Villasante

Escrito e verificado por a psicóloga Paula Villasante.

Última atualização: 05 janeiro, 2023

O transtorno de personalidade esquizotípica é raro. Como o nome sugere, é considerado um transtorno de personalidade, podendo ser enquadrado no contexto do transtorno de esquizofrenia.

As pessoas afetadas por este transtorno geralmente não têm uma vida social particularmente rica. Além disso, a pobreza emocional é comum neste transtorno. Isso significa que a pessoa não expressa seus sentimentos e emoções positivas muito bem. Isso, evidentemente, complica ainda mais as suas relações sociais.

Muitas vezes as pessoas com transtorno de personalidade esquizotípica sentem um medo generalizado (típico da esquizofrenia). Por exemplo, elas temem o paranormal.

Também é típico deste transtorno a baixa autoestima. As pessoas afetadas apresentam um sofrimento mental geral.

Características comuns do transtorno de personalidade esquizotípica

Características comuns do transtorno de personalidade esquizotípica

Segundo o autor Jorge Castelló, as pessoas com transtorno de personalidade esquizotípica apresentam as seguintes características:

  • Distanciamento social mais ou menos evidente.
  • Bloqueio emocional ou má expressão e percepção de sentimentos.
  • Crenças que levam a uma má interpretação do comportamento dos outros em relação a elas.
  • Crença de que os relacionamentos são perigosos. Suspeita e desconfiança são muito comuns.
  • Experiências perceptivas incomuns. Não chegam a ser alucinações, sendo descritas como “sensações de presença” (sensação de haver alguém ou algo com a pessoa quando ela está sozinha, muitas vezes como se a estivesse observando).
  • Comportamento e aparência física excêntricos.
  • Crenças que não chegam a ser delírios, mas que se assemelham a eles. Muitas vezes são pensamentos sobre o paranormal, sobre ameaças externas imaginárias, sobre forças ocultas, “energias”, habilidades ou poderes estranhos.

Sintomas nucleares

As características que acabamos de descrever são gerais. A seguir, falaremos sobre os chamados sintomas “nucleares”, isto é, que persistem na pessoa que sofre de transtorno de personalidade esquizotípica.

Distanciamento interpessoal

A pessoa tende a se distanciar do contexto social. Por que ela faz isso? Porque considera as relações interpessoais perigosas. Ao contrário de uma pessoa que sofre de transtorno de personalidade paranoide, ela não planeja vingança, não revida. No entanto, em ambos os transtornos as pessoas afetadas apresentam suspeitas e desconfianças constantes (1).

Não deve ser fácil para estas pessoas lidar com o pensamento de estarem sendo zombadas ou ridicularizadas. É assim que as pessoas que sofrem de transtorno de personalidade esquizotípica vivem: com suspeitas paranoicas, o que as leva a se distanciarem dos outros.

Afastamento da realidade

Além das ideias paranoicas sobre o seu ambiente, a pessoa pode ter outras sensações que podem distanciá-la da realidade. Às vezes, ela pode ter a sensação de que algo oculto está afetando a sua vida. 

Este “algo oculto” pode ser descrito como “energias”, “espíritos” ou ter explicações mais elaboradas. Por exemplo, são frequentes crenças sobre telepatia e controle da mente pela pessoa esquizotípica ou outros em relação a ela.

O transtorno de personalidade esquizotípica também pode levar a pessoa afetada a ter ilusões. Ela pode ver rostos onde não existem ou sentir presenças, mesmo quando está sozinha.

Também é comum a pessoa com este transtorno ser considerada socialmente “estranha”. É possível que ela se vista de maneiras consideradas não convencionais.

Sofrimento psíquico

Normalmente, a pessoa que sofre do transtorno de personalidade esquizotípica tem baixa autoestima, medo constante e não se relaciona emocionalmente com as pessoas ao seu redor.

Além disso, ela não demonstra um grande interesse pelas relações sociais, tendendo a limitá-las.

Saiba mais sobre o transtorno de personalidade esquizotípica

Assim, ela tem uma rede de amizade limitada, sendo esta a causa e consequência do seu desinteresse pelas relações sociais. Pode-se dizer que o medo das relações sociais afeta seu autoconceito, levando-a a pensar que merece ser marginalizada.

Neste sentido, deve-se destacar que a falta de afetividade pode agravar outros sintomas que ela pode apresentar, acentuando o seu sofrimento.

Conclusão sobre o transtorno de personalidade esquizotípica

Embora seja um transtorno raro, é importante conhecer as características que definem o transtorno de personalidade esquizotípica. Ele difere da esquizofrenia quanto à intervenção, que deve envolver uma abordagem terapêutica integrativa não limitada a medicamentos.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Castelló Blasco, J. (2006). Reflexiones sobre el trastorno esquizotípico de la personalidad.
  • American Psychiatric Association. (1995). Manual diagnóstico y estadístico de los trastornos mentales, 4ª edición (DSM-IV). Barcelona: Masson
  • Millon T, Davis R. (1998). Trastornos de la personalidad: más allá del DSM-IV. Barcelona: Masson

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.