Você conhece o transtorno da personalidade esquizoide?

Você conhece o transtorno da personalidade esquizoide?

Última atualização: 28 agosto, 2017

O transtorno de personalidade esquizoide é caracterizado por um distanciamento das relações sociais, uma gama restrita de expressão de emoções em situações interpessoais, tendência a um estilo de vida solitário, frieza emocional e apatia. Esse padrão começa na idade adulta e aparece em uma variedade de contextos.

As pessoas com transtorno de personalidade esquizoide apresentam uma falta de desejo de intimidade. Elas são indiferentes às oportunidades de desenvolver relacionamentos íntimos e não sentem nenhuma satisfação em fazer parte de uma família ou de um grupo social.

Elas preferem passar o tempo sozinhas em vez de estar com outras pessoas. Geralmente vivem socialmente isoladas ou são “solitárias”. Sempre escolhem atividades individuais ou hobbies que não envolvem a interação com outras pessoas.

Essas pessoas preferem tarefas mecânicas ou abstratas, como computadores ou jogos matemáticos. Podem ter muito pouco interesse em ter experiências sexuais com outras pessoas e desfrutam de poucas ou nenhuma atividade. As pessoas com transtorno de personalidade esquizoide geralmente são desligadas do mundo exterior no sentido emocional, e não sentem prazer em nenhuma atividade sensorial, corporal ou interpessoal, como caminhar na praia ao pôr do sol ou manter relações sexuais.

Esses indivíduos não têm amigos ou confidentes próximos, com a possível exceção de algum parente de primeiro grau. Muitas vezes parecem indiferentes à aprovação ou crítica dos outros. Eles podem ser alheios às sutilezas normais da interação social. Além disso, muitas vezes não respondem adequadamente aos sinais sociais, por isso parecem inaptos socialmente ou superficiais e egoístas.

Transtorno da personalidade esquizoide

Eles geralmente têm um exterior desenxabido, sem reação emocional visível. Raramente respondem com gestos ou expressões faciais, como sorrisos ou acenos de cabeça. Não experimentam fortes emoções, como a raiva e a alegria.

Muitas vezes têm uma limitação afetiva e parecem frios e distantes. No entanto, em circunstâncias especiais quando se sentem confortáveis, podem reconhecer que têm sentimentos dolorosos, principalmente relacionados às interações sociais.

Como diagnosticar o transtorno de personalidade esquizoide?

O Manual de Diagnóstico e Estatística de Distúrbios Mentais (DSM-V) estabelece os seguintes critérios para o diagnóstico deste transtorno:

A- Um padrão dominante de desapego nas relações sociais e pouca variedade de expressão de emoções em contextos interpessoais, que começa nos primeiros estágios da idade adulta e está presente em vários contextos. É manifestado por quatro (ou mais) dos seguintes comportamentos:

  • A pessoa não quer ou não desfruta de relacionamentos íntimos, inclusive fazer parte de uma família.
  • Quase sempre escolhe atividades solitárias.
  • Mostra pouco ou nenhum interesse em ter experiências sexuais com outra pessoa.
  • Não consegue se divertir com nenhuma atividade.
  • Não tem amigos íntimos ou confidentes além dos seus familiares de primeiro grau.
  • É indiferente aos elogios ou críticas dos outros.
  • É emocionalmente fria, com desapego ou distanciamento.

B- Não ocorre exclusivamente no desenvolvimento da esquizofrenia, um transtorno bipolar ou um transtorno depressivo com características psicóticas, transtorno psicótico ou distúrbio de espectro autista. Não pode ser atribuído aos efeitos fisiológicos de outra condição médica.

Transtorno da personalidade esquizoide

Quando a “emoção” falha

As pessoas com transtorno de personalidade esquizoide podem ter dificuldade para expressar a raiva, mesmo como resposta à provocação direta. Isso contribui para a impressão de que elas não têm a emoção ou “sangue nas veias”.

Às vezes suas vidas parecem não ter direção e podem parecer “à deriva” em termos de metas e objetivos. Esses indivíduos geralmente respondem passivamente a circunstâncias adversas e têm dificuldades para responder adequadamente aos eventos importantes da vida. Além disso:

  • Sem amigos, sem sexo, sem casamento: devido à falta de habilidades sociais e à falta de desejo de experiências sexuais, as pessoas com transtorno de personalidade esquizoide têm poucos amigos. Têm poucos namorados e raramente se casam.
  • Melhor desempenho no trabalho em condições de isolamento social: o desempenho profissional pode ser afetado, especialmente se o envolvimento interpessoal for necessário. No entanto, indivíduos com este distúrbio podem surpreender quando trabalham em condições de isolamento social.
  • Às vezes, perdem o contato com a realidade: como resposta ao estresse, as pessoas com esse transtorno podem sofrer episódios psicóticos breves (podem durar de minutos a horas). Em alguns casos, o transtorno da personalidade esquizoide pode aparecer antes do transtorno delirante ou da esquizofrenia.

As pessoas com esse distúrbio, em alguns casos, podem desenvolver um transtorno depressivo maior. Esta doença geralmente coincide com distúrbios de personalidade esquizotípicas, paranoide e evitativa.

Pessoas com transtorno de personalidade esquizoide raramente experimentam emoções fortes como a raiva e a alegria.

Transtorno da personalidade esquizoide

Esquizoide vs. esquizotípico

Para concluir, faremos uma importante diferenciação. Uma pessoa com transtorno de personalidade esquizoide é diferente da pessoa com transtorno de personalidade esquizotípica. O distúrbio da personalidade esquizoide difere do tipo esquizotípico porque no primeiro caso não há distorções cognitivas e perceptivas.

No transtorno de personalidade esquizotípica, além de haver deficiências interpessoais e sociais, existe um comportamento excêntrico ou estranho. As pessoas esquizotípicas experimentam crenças estranhas ou pensamentos mágicos que influenciam o comportamento e não concordam com as normas culturais. Também têm experiências perceptivas incomuns, como ilusões corporais ou ideias paranoicas.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.