Tratamentos eficazes para a ansiedade infantil

A infância de hoje está repleta de atividades extracurriculares, provas e pais ausentes. Esses e outros fenômenos podem gerar estresse nos pequenos. Assim, neste artigo apresentamos os tratamentos psicológicos mais eficazes para problemas de ansiedade na infância.
Tratamentos eficazes para a ansiedade infantil
Alicia Escaño Hidalgo

Escrito e verificado por a psicóloga Alicia Escaño Hidalgo.

Última atualização: 29 dezembro, 2022

O medo é uma emoção que faz parte do desenvolvimento normal de qualquer indivíduo. Geralmente é de intensidade moderada e, em geral, tende a desaparecer com o tempo. No entanto, às vezes essas reações de medo em algumas crianças podem ser desadaptativas e levar a diferentes problemas de ansiedade na infância.

Os transtornos de ansiedade na infância têm prevalência não desprezível. Aproximadamente 18%. Os transtornos mais frequentes são: ansiedade de separação, principalmente em crianças menores de 12 anos; fobia específica e ansiedade generalizada. Por outro lado, os transtornos de ansiedade na infância são mais frequentes no sexo feminino e geralmente apresentam alta comorbidade com a depressão.

A ansiedade causa sintomas que interferem no funcionamento diário da criança, afetando negativamente diferentes contextos: escolar, familiar ou social. Os sintomas físicos mais frequentes são palpitações, dores de cabeça, desconforto gástrico, náuseas e distúrbios do sono.

Os sintomas de ansiedade são acompanhados por uma forte preocupação com diferentes situações que muitas vezes provocam comportamentos de evitação e fuga. Esses comportamentos são muito difíceis para os pais gerenciarem porque geram reforço negativo. Os pais muitas vezes cedem à evitação da criança, agravando assim o problema.

Menina ansiosa sentada na escada

Tratamentos eficazes contra a ansiedade infantil

Atualmente, existem diversos tratamentos para tratar a ansiedade na infância. O mais recomendado, principalmente no caso de crianças, é oferecer terapia psicológica, pois não apresenta efeitos colaterais e também se mostrou eficaz.

A farmacoterapia deve ser oferecida se a terapia psicológica não for bem-sucedida ou se a ansiedade for muito incapacitante. Nesse sentido, prefere-se o uso de antidepressivos: afetam menos os processos cognitivos, como a memória e o aprendizado, do que os ansiolíticos. Os benzodiazepínicos também são usados, sendo úteis para reduzir a ansiedade ao mesmo tempo que se aplicam medidas comportamentais.

Em relação ao tratamento cognitivo-comportamental, são recomendados tratamentos multicomponentes, ou seja, que incluam várias estratégias. Aqui estão os mais úteis:

  • Treinamentos de relaxamento para crianças. Eles são o tratamento de escolha para a ansiedade generalizada e de separação. Consiste em duas fases: na primeira, verifica-se que a criança possui as habilidades mínimas para realizar o exercício. São eles: ficar parado por 5 segundos, manter contato visual por 5 segundos, ter habilidades de imitação e seguir instruções simples. Uma vez verificado que a criança pode fazê-lo, será explicado como funciona a ansiedade e serão ensinadas técnicas de relaxamento. Esta última pode ser explicada de diferentes maneiras: massagem infantil, jogos de relaxamento (“robô- boneco de pano”) e técnicas baseadas na imaginação em que histórias são contadas e, em determinado momento, a criança aperta uma área do corpo, para então relaxar.
  • Auto-instruções. A criança aprende a substituir os componentes cognitivos que geram ansiedade por verbalizações de enfrentamento.
  • Programa Coping Cat de Kendall. É uma terapia cognitivo-comportamental que consiste em duas partes. Na primeira fase, a criança aprende a reconhecer sintomas de ansiedade, pensamentos e desenvolve um plano de enfrentamento (Plano “FEAR”). Os pais são ensinados a reforçar comportamentos de enfrentamento e eliminar reclamações e recriminações. Na segunda fase, as habilidades aprendidas são colocadas em ação através de uma exposição imaginativa e ao vivo às situações temidas.
  • Programa Coping Koala (Barrett et al). É muito semelhante à versão anterior, mas inclui um livro para pais chamado “Enfrentando a ansiedade na família”, em tradução livre.
  • Programa FRIENDS (Barrett e colaboradores). É uma terapia cognitivo-comportamental de base familiar para problemas de ansiedade na infância. Possui duas versões: para crianças de 6 a 11 anos e de 12 a 16. Cada inicial do programa corresponde a uma técnica. Por exemplo, o “F” em Friends significa: Feeling Worried? (Analisa e detecta os sinais de ansiedade da criança).
  • Programa FORTIUS. É uma terapia destinada a crianças entre 8 e 12 anos. O objetivo é desenvolver a força psicológica e prevenir dificuldades emocionais. É baseada no lema olímpico “Citius, altius, fortius” (mais rápido, mais alto, mais forte). Ensina como enfrentar situações difíceis e como controlar as emoções negativas, principalmente a ansiedade. Foi aplicado com sucesso em ambientes escolares e clínicos.
ansiedade infantil

Conclusões

Os tratamentos psicológicos têm se mostrado muito eficazes no tratamento da ansiedade em crianças e adolescentes. No entanto, o mais relevante nesse sentido é a prevenção. Às vezes, as crianças são submetidas a um estresse que é esmagador para elas. Mudanças na família, indisponibilidade dos pais, atividades escolares ou extracurriculares são alguns fatores que podem contribuir para que a criança desenvolva um transtorno de ansiedade.

Portanto, é fundamental que os pais aprendam a diminuir as exigências, estabelecendo limites com base em ordens simples, realistas e corretamente formuladas.

Tanto a redução das expectativas em relação a eles quanto o estabelecimento de limites concretos e firmes são elementos que proporcionam segurança à criança. Por outro lado, é essencial dedicar um tempo de qualidade substancial à criança para brincar, cuidar dela ou ouvi-la. Neste sentido, seria aconselhável que, na presença de seus filhos, os pais deixassem seus telefones celulares, preocupações de trabalho e discussões com seus parceiros bem longe.


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  • American Psychiatric Association (APA) (2014): Manual de Diagnóstico y Estadísitico de los Trastornos Mentales, DSM5. Editorial Médica Panamericana. Madrid.
  • Comeche, M y Vallejo, P, M (2016). Manual de Terapia de Conducta en la infancia. 3º edición. Editorial: Dykinson-Psicología

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