Como as trilhas sonoras influenciam o cérebro

As trilhas sonoras, amplamente utilizadas em filmes, influenciam o cérebro e as nossas emoções. Descubra como a seguir.
Como as trilhas sonoras influenciam o cérebro
Guillermo Bisbal

Escrito e verificado por o antropólogo Guillermo Bisbal.

Última atualização: 05 janeiro, 2023

As trilhas sonoras dos filmes têm o poder de nos comover, nos fazer sorrir, nos perturbar ou nos fazer chorar. Isso só é possível por causa das consequências que elas têm no funcionamento do nosso cérebro. Vamos nos aprofundar.

A música é uma linguagem universal. Ela é capaz de evocar memórias, despertar sentimentos e até mesmo nos ajudar em momentos difíceis. Por isso é um elemento de grande impacto no mundo cinematográfico. Quem não se lembra da trilha sonora do seu filme favorito?

Para muitas pessoas, é impossível entender o cinema sem música. Um grande número de filmes se tornou imortal graças a sua trilha musical. ‘Star Wars’ é um exemplo claro disso, assim como ‘E o vento levou’ ou a cena mítica do banho no filme ‘Psicose’.

A música e o cérebro

A música nos rodeia, nos emociona e é capaz de nos fazer viajar no tempo. Na verdade, nós convivemos com ela o tempo todo. Agora, o que acontece no cérebro quando ouvimos uma melodia?

De acordo com alguns estudos, a música, além de ter um passado extenso, desempenhou um papel importante no nível evolutivo humano. Ao estudar a resposta do cérebro à música, observou-se que as principais áreas envolvidas eram aquelas relacionadas com o controle e os movimentos. Por meio dessa descoberta, os pesquisadores criaram a teoria de que a música ajudava nossos ancestrais a se unirem e a desenvolverem comportamentos altruístas.

Um estudo da Universidade de Helsinque, realizado em 2015, afirmou que a música clássica tinha um efeito sobre os genes relacionados à sensação de prazer. De fato, as pessoas que ouviram uma composição de Mozart durante o experimento mostraram uma melhor atividade cerebral. A melhora era ainda maior se elas estivessem familiarizadas com ela.

O impacto da música no cérebro

Julius Portnoy, musicólogo e filósofo, diz que a música pode aumentar os níveis de endorfinas no cérebro. Portanto, produz estados de prazer como o relaxamento. Ouvir música pode até mesmo alterar as taxas metabólicas, a pressão sanguínea, a energia e a digestão.

A música também é usada para o tratamento de alguns distúrbios psicológicos e doenças. Ela ativa simultaneamente um grande número de regiões do cérebro e é conhecida como musicoterapia. É um tipo de terapia que utiliza a música como ferramenta para melhorar o estado de saúde e o bem-estar da pessoa. De fato, tem se mostrado útil em programas de reabilitação, bem-estar e no campo educacional.

Como as trilhas sonoras influenciam o cérebro

Os compositores musicais dos filmes sabem muito bem como as trilhas sonoras influenciam o cérebro. Portanto, eles usam o poder da música como um gatilho para as emoções, de acordo com a sua conveniência. Um exemplo disso foi a insistência do compositor Bernard Herman em convencer Alfred Hitchcock a acrescentar música à cena do chuveiro em ‘Psicose’.

A música é extremamente importante no cinema, pois serve como forma de estabelecer uma relação entre a trama e as emoções que são transmitidas ao espectador.

A música desempenha um papel fundamental quando se trata de gerar medo e angústia. Por exemplo, em filmes de ação, ela age como o impulso que acelera a nossa frequência cardíaca e nos deixa em suspense durante determinadas cenas. Ou nos convida para refletir nos filmes de mistério. Qualquer gênero é enriquecido quando a música entra em cena.

Alguns estudos confirmam como as trilhas sonoras influenciam o cérebro. Em 2010, um estudo da Universidade da Califórnia mostrou que a sensibilidade que temos com os sons de alarme é muito semelhante à de alguns animais selvagens. Os sons são usados ​​pelos compositores das trilhas sonoras para gerar angústia, inquietude ou nervosismo.

Como vemos, a influência das trilhas sonoras sobre o cérebro é inevitável, embora na maioria das vezes não percebamos isso. De fato, não é necessário que a música seja de ótima qualidade, basta apresentar os tons e frequências apropriados.

Cena do filme Psicose

Infrassom usado no cinema

Existem outros tipos de sons em filmes – que não são trilhas sonoras – e que afetam o cérebro: eles são os infrassons. São sons emitidos em níveis que não são audíveis para o ser humano, mas com frequências que produzem reações físicas naturais e emocionais.

Esses infrassons acompanham as trilhas sonoras para reforçar os seus efeitos sobre o espectador e gerar um estado emocional específico de acordo com o gênero do filme. Através deles, os compositores são capazes de induzir nos espectadores emoções como o medo ou a tristeza, entre outros. Por exemplo, no filme ‘Atividade Paranormal’, o infrassom foi utilizado para garantir que os espectadores experimentassem angústia e medo em determinadas cenas do filme.

Como vemos, as trilhas sonoras enriquecem a experiência do espectador no cinema. Elas geram emoções, despertam lembranças e, em grande medida, guiam a história. A música é uma arte de infinitas possibilidades que se multiplicam se a combinarmos com o universo cinematográfico.


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