Todos vivemos em uma bolha que nos limita

Todos vivemos em uma bolha que nos limita
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 27 janeiro, 2023

Você, eu e nossos vizinhos vivemos em uma bolha na qual existem várias restrições, concepções ou acomodações fracas. Muito fracas, e são assim porque dificilmente nos sustentam quando abrimos nossos olhos para uma realidade mais extensa e nos atrevemos a percorrer caminhos diferentes, longe do conforto de caminhar pelos já conhecidos.

Em muitas ocasiões, nossos pontos de vista limitados fazem com que determinados estereótipos e preconceitos se mantenham. Vemos apenas o que queremos ver, aquilo que, do lugar onde estamos sentados, podemos apreciar.

No entanto, a verdade é que o mundo é muito mais rico do que nossos sentidos são capazes de revelar trabalhando em um ambiente que faz parte dessa bolha da qual falamos no começo. Vamos dar um exemplo e entenderemos melhor.

Homem pensativo de olhos fechados

A bolha da seleção argentina

Dizem que a seleção argentina de futebol estava concentrada se preparando para um grande campeonato. Não fazia muito tempo que os jogadores haviam levantado a taça de campeões mundiais. O treinador havia preparado uma sessão de treinamento um pouco mais longa do que o habitual, cerca de três horas.

Esta história conta como os jogadores se queixaram com seu treinador. Não entendiam por que os campeões mundiais tinham que treinar tanto se já eram os melhores. Diante dessas reclamações, o treinador suspendeu o treinamento e deixou que retornassem ao hotel.

Conhecendo seu treinador, os jogadores suspeitaram de que o assunto não ficaria assim. E, de fato, não ficou. No dia seguinte, todos foram acordados às cinco da manhã e chamados na recepção do hotel. Quando entraram no ônibus, todos pensaram que um treinamento de castigo os esperava por causa da atitude do dia anterior.

Porém…

O ônibus passou direto e deixou o campo de treinamento para trás, para mergulhar na cidade grande. Estacionou em frente a uma estação de metrô e os jogadores receberam apenas uma ordem, a de observar. Em uma hora, viram centenas de pessoas descerem pelas escadas, vestidas de uma maneira mais ou menos humilde, indo para seus empregos.

Muitos deles ainda tinham uma longa viagem pela frente até chegarem ao local de trabalho. Depois, um longo expediente e um novo trajeto de volta. O treinador lembrou aos jogadores que aquelas pessoas que ganhavam uma quantidade insignificante do seu salário treinavam mais de oito horas todos os dias, e que a grande maioria, quando chegava em casa, não tinha comida pronta ou a casa limpa.

O treinador os tirou de sua bolha e os fez olhar para a realidade. Foi um chamado à humildade. Uma lembrança para aqueles que haviam esquecido que, independentemente de serem campeões mundiais, não deixavam de ser “iguais” a aquelas pessoas que viram. Os mesmos que se levantavam quando seus filhos ainda não haviam acordado e que voltavam para casa quando seus filhos já estavam dormindo.

Mulher na floresta com folhas voando

Nós também vivemos em uma bolha

Todos, em alguma ocasião, fomos a seleção da Argentina. Lapidamos o nosso humor ou o dos outros com reclamações injustas, sem sair da nossa bolha e olhar o mundo como semelhantes do resto dos seres humanos que estão em uma situação muito pior que a nossa.

Isso não significa que devemos abandonar a vontade de optar por aquilo que consideramos melhor, mas é apenas um lembrete, um alerta para que essas aspirações não terminem nos cegando, gerando uma frustração que carece de sentido quando olhamos com olhos abertos para a realidade, às seis da manhã, em frente a uma estação de metrô.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.