O que você achava que era benéfico pode te atrapalhar
A mente humana. Que criatura mais fascinante! Capaz de criar, adicionar, subtrair, ocultar, memorizar… Por exemplo, ao longo da leitura, mantenha estas palavras em mente:
CADEIRA – LÁPIS – CADERNO – ALUNO – APAGADOR – GIZ – LOUSA – PROFESSOR – BORRACHA
Em sua opinião: ser bastante autoconfiante é importante para realizar sonhos? Se você respondeu “sim”, tenho más notícias!
A autoconfiança é uma benção e uma maldição. No nono episódio da segunda temporada de de “Brain games” (Truques da mente) este foi o tema abordado. Um dos experimentos foi bastante interessante, e, na verdade, você está passando por dois deles, neste exato momento. E é bem possível que você não tenha percebido, e tudo bem, a maioria não percebeu no teste e não percebe no dia-a-dia (eu estou junto nesta! Toca aqui o/\o), pois o nosso cérebro é programado para esta “habilidade”, ele é programado para ser autoconfiante.
Este fato pode nos dizer muitas coisas, mas quero direcioná-lo para o uso da mente, dos pensamentos e da falsa ideia de que estamos no controle, focando num fato que nos ajuda a melhorar quem nós somos, como pensamos e até mesmo como lidamos com os outros. Como eu disse no início do texto, a nossa mente adiciona informações, isto é, ela inventa fatos e registra em nossa memória, e também, curiosamente, ela é capaz de ignorar completamente coisas que existem, coisas que estão diante de nós.
Ei, não se esqueça das palavras que estão na lista acima, hein?
A mente tem algo bem interessante que se chama sistema de ativação reticular (SAR). Grosso modo, o SAR é um mecanismo natural da mente, isto é, uma atividade automática que seu subconsciente faz para transformar seus pensamentos em coisas reais. Como? É simples: diariamente, incontáveis informações passam por você e seus sentidos: cor, som, cheiro, estampa, ruído, tamanho, formato, etc. É impossível (e seria inútil) captar todas estas informações; então, o SAR filtra as mais relevantes. Seria, mais ou menos, a mesma função que tem o “CTRL+F”; você pressiona as teclas, escreve “manga” e encontra todos os lugares onde houver qualquer referência à “manga”, ignorando o restante. Então, se você está curioso para aprender sobre o Camboja, tudo o que estiver relacionado a ele será captado pela mente. O mesmo funciona com palavras novas, roupas, marcas, etc.
Seleção natural da mente
Sua mente filtra todas as informações presentes no seu dia-a-dia. T-O-D-A-S. Isto significa que ela pode estar excluindo informações que você vivenciou – tipo o “de” e o “do” que se repetiram nas sentenças acima e você não notou. Espera! Não precisa voltar e ler tudo de novo, eu vou dizer onde estão: “…segunda temporada de ‘Brain games’…” e “Como eu disse no início do texto…”. Sim, você pode voltar e ver que não é sacanagem, ele aprontou uma com você!
Mas a sacanagem mesmo vai acontecer quando você descobrir que o efeito oposto também acontece! Surpreendentemente, seu cérebro inventa coisas que não aconteceram de fato.
Mas antes de dar continuidade, vamos ver se você se lembra das palavras da lista anterior, e encontra uma que se repita nesta nova sequência (não vale voltar lá agora):
FREEZER – MARTELO – VOLANTE – CARTEIRA – SORVETE – CAPIM
Eu poderia apostar que a sua escolha foi “carteira”. Acertei? E você, será que acertou? Está confiante? … Sim, errou! Na verdade, nenhuma das palavras desta lista está na lista anterior?
Loucura, não? O que aconteceu aqui é que você associou “carteira” ao contexto da outra lista, que é “escola”, então quando viu “carteira” nesta lista, ela se destacou e te enganou.
A mente inventa e a mente ignora. Imagine o tanto de informação falsa que há na sua memória, e quanta coisa relevante você está ignorando? É um pouco assustador, não é?