Você é um empático ansioso? 5 características para sabê-lo
Existem virtudes brilhantes que escondem um lado cinza. São como presentes envenenados que às vezes se arrepende de ter recebido. A alta empatia ou a capacidade de se conectar com os outros de maneira mais intensa e profunda é uma dessas características que possuem duas faces. Transforma-nos em ouvintes fabulosos, em mentes hábeis em compreender, em sentir em nossos próprios corações a emoção que pertence aos outros.
Essa particularidade ainda é uma vantagem social. Compreender as perspectivas dos outros e senti-las como suas torna mais fácil chegar a acordos, resolver problemas e formar alianças mais compassivas. Se 80% da população tivesse essa competência emocional, é provável que nossa humanidade estivesse em um caminho melhor.
No entanto, a alta empatia geralmente ocorre com a ansiedade e com os pensamentos que caem no ciclo perpétuo da ruminação. Não é apenas comum ficar “impregnado” pelas emoções dos outros. Os problemas dos outros e a vontade de dar apoio, de ajudar, também se tornam pegajosos. Sem falar que, sem perceber, eles se descuidam. Esse é um perfil de personalidade no qual vale a pena se deter e analisar.
Pessoas com alta empatia tendem a apresentar maior risco de sofrer de transtornos de ansiedade e também de depressão.
Como é o empático ansioso?
O empático ansioso é uma pessoa com uma alta sensibilidade às emoções dos outros que geralmente leva a vários estados de ansiedade. Trabalhos de pesquisa como os realizados na Universidade de Haifa, em Israel, já antecipavam essa relação em 2011. O que eles viram nesse caso foi como as pessoas com ansiedade social mostraram maiores habilidades empáticas e de mentalização.
Em outras palavras, esses homens e mulheres apresentam um perfil excepcional em termos de habilidades sociocognitivas. Também na precisão nas atribuições do estado mental e emocional dos outros. No entanto, isso deve ser uma vantagem, às vezes não é tanto. E não é porque essa sensibilidade anda de mãos dadas, em média, com um maior nível de preocupação e pensamentos obsessivos.
É como uma rua de mão dupla. A intensa conexão emocional nos incapacita para estabelecer uma fronteira entre nosso próprio estado psicoemocional e o dos outros. Também para aumentar os estados de ruminação, superanálise e sofrimento emocional. Vejamos, portanto, quais características definem um empático ansioso.
Quanto maior for a sua empatia, mais difícil será para desligar o botão da preocupação.
1. Empatia e alta sensibilidade emocional
Pessoas altamente sensíveis apresentam alta empatia como sua principal característica. Um dos maiores desafios desse perfil de personalidade é conseguir lidar com o contágio emocional. Em outras palavras, não conseguem desenvolver aquela “ecpatia” saudável que torna mais fácil para se colocarem no lugar de outras pessoas e voltarem ao seu lugar sem carregar o fardo do outro, as emoções difíceis que não lhe pertencem.
Um empata ansioso abriga em sua forma de sentir, responder e se movimentar pelo mundo, pinceladas típicas de pessoas altamente sensíveis (PAS).
2. Maior esgotamento e estresse
Existe uma tendência automática e inconsciente na pessoa com alta ansiedade. Estamos nos referindo à necessidade de analisar tudo, de pensar em cada acontecimento cem vezes ao dia e mais duzentas à noite. Um hábito recorrente é analisar cada uma das conversas mantidas com outras pessoas.
Eles se perguntam se deveriam ter dito isso ou aquilo. Eles se perguntam se deveriam ter agido de alguma forma ou como poderiam fazer melhor da próxima vez. As relações interpessoais são uma fonte de estresse permanente devido à análise excessiva após cada interação.
3. Preocupação sobre como os outros os percebem
Um empático ansioso tem seu olhar focado quase constantemente em seus arredores. Eles se preocupam com os julgamentos dos outros, com as opiniões do entorno, com cada palavra recebida e também imaginada. Esse perfil de personalidade está altamente preocupado com a forma como as outras pessoas os percebem e isso faz com que caiam em preocupações obsessivas.
Uma de suas maiores necessidades é passar uma imagem de proximidade, integridade e humildade. Isso pode fazer com que gastem um tempo excessivo questionando se estão tendo sucesso e se a pessoa com quem falaram terá uma boa percepção deles.
4. Ansiedade social de alto funcionamento, uma característica comum
A ansiedade social de alto funcionamento descreve um padrão com o qual qualquer empático ansioso se identifica. Embora sejam pessoas com bom desempenho nas esferas sociais, todos os cenários os pressionam muito. Ficam exaustos, se sentem inseguros, estressados e, quando chegam à calmaria de casa, reanalisam tudo o que foi feito e dito. A seguir, suas particularidades:
- Eles tendem a agradar os outros.
- Não reconhecem suas conquistas, se desvalorizam.
- Eles têm medo de mudanças, por menores que sejam.
- Eles ficam fisicamente e mentalmente exaustos depois de estar com outras pessoas.
- Ninguém imaginaria que eles se sentem desconfortáveis em muitas situações sociais.
- Eles têm pavor de errar, passar uma imagem ruim ou mostrar alguma incompetência.
- Aparentam ser calmos e de boa resolução, mas por dentro duvidam de si mesmos.
5. A necessidade de ser útil e ajudar
A autoimagem de um empático ansioso depende em grande parte de sua eficiência em ajudar os outros, mesmo que essas demandas não tenham sido solicitadas. Sua inclinação natural e quase inconsciente é aliviar todas as preocupações, resolver os problemas alheios e conferir apoio e bem-estar.
Como bem sabemos, nem sempre isso é possível. A sensação de não ser aquela figura capaz de subtrair o sofrimento de quem está ao seu redor não só gera ansiedade, como também abala sua autoestima. São situações muito debilitantes.
Como empático, é muito fácil detectar as emoções e o sofrimento de qualquer pessoa. Uma das necessidades dos empáticos ansiosos é acabar com todo o desconforto e infelicidade que existe ao seu redor.
O que fazer se eu tiver empatia elevada e uma mente ansiosa?
Você se identifica com o perfil de um empático ansioso? Muitos de nós podemos apresentar essas características, mas o importante é ter ferramentas adequadas para que a alta empatia seja uma vantagem e não um obstáculo. Controlar e regular a ansiedade e integrar estratégias básicas de gerenciamento emocional são fundamentais. Vejamos algumas dessas estratégias:
- Defina limites para evitar sobrecargas. Você não pode alcançar a todos e seu papel não é salvar os outros.
- Desenvolva uma boa ecpatia. Equilibre a capacidade de se conectar e sentir as emoções dos outros com a capacidade de se proteger, de evitar carregar sobre você o desconforto alheio.
- Aceite sua sensibilidade emocional, mas inclua o autocuidado. Você é uma pessoa empática e sensível, não pode mudar isso. Porém, é bom que você comece a praticar o servir-se, cuidar de si, priorizar as suas necessidades.
- Técnica de aterramento. Quando pensamentos e preocupações o dominarem, tome consciência do que está ao seu redor, conecte-se com o que você vê, o que você cheira, o que você ouve. O objetivo é tirar a mente dos loops de preocupação.
Para concluir, não hesite em pedir ajuda especializada caso perceba que essas características estão além de você. A ansiedade às vezes pode nos aproximar de algum transtorno. Que a alta empatia seja aquela virtude que podemos usar a nosso favor, sem prejudicar nossa saúde e bem-estar.
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- Rivera Revuelta, J. G. (2004). Empatía y ecpatía. Psiquis, 25(6), 243-245. http://www.psicoter.es/pdf/04_25_n06_A01.pdf
- Tibi-Elhanany, Y., & Shamay-Tsoory, S. G. (2011). Social cognition in social anxiety: first evidence for increased empathic abilities. The Israel journal of psychiatry and related sciences, 48(2), 98–106.