Os 7 fatores que tornam possível a eficácia terapêutica
Atualmente, contamos com uma enorme gama de opções para apoio psicológico, cada uma com um grau diferente de eficácia terapêutica. Nem os pacientes nem os próprios psicólogos têm absoluta certeza sobre qual é a abordagem mais eficaz. Para esclarecer a situação, a Universidade Autônoma de Barcelona realizou um estudo.
Depois de examinar cuidadosamente os modelos e de consultar os profissionais da área, definiram sete fatores que afetam decisivamente a eficácia terapêutica. Ao contrário do que muitos podem pensar, esses fatores têm muito mais a ver com atitudes e valores do que com técnicas específicas.
O que todo psicólogo e todo paciente procura é que o trabalho em terapia seja realmente eficaz. No entanto, além das teorias e dos conceitos, o vínculo entre ambos é fundamentalmente humano. Uma pessoa sofre e a outra a orienta para processar esse sofrimento. Segundo a pesquisa da UAB, isso é alcançado graças aos seguintes fatores.
“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”.
-Carl G. Jung-
1. Escute e presencie
Todos os psicólogos devem ouvir, no sentido de deixar o paciente falar. No entanto, o psicólogo nem sempre tem sua mente completamente aberta às preocupações do paciente. Às vezes, há ruídos internos que impedem esse processo.
É necessário que haja um silêncio interior para que seja possível uma escuta autêntica. Isso, por sua vez, gera um efeito de “presença”. Promove no paciente a certeza de que ele está diante de outro ser humano capaz de intervir em sua vida de uma maneira não invasiva.
2. Criatividade
Os terapeutas modernos sabem que a psicologia possui uma base científica, mas também é uma arte . Por sua vez, toda arte precisa de criatividade. Isso supõe não seguir esquemas pré-estabelecidos de forma rigorosa.
A criatividade afeta a eficácia terapêutica por permitir perceber as condições particulares de cada paciente e adaptar -s e a elas em função do objetivo do tratamento. Isso, por sua vez, torna mais humano um vínculo que não é perfeito.
3. Intenção
Na Universidade Autônoma de Barcelona, terapeutas de várias áreas foram convidados a determinar o fator comum que os denominava, embora suas abordagens fossem muito diferentes. A conclusão foi única: a intenção.
Todos os psicólogos queriam que seus pacientes melhorassem. No entanto, um estudo revelou que, ao longo dos anos, muitos terapeutas sentem essa intenção com mais fraqueza, e os pacientes percebem a mudança.
4. Placebo
Dan Ariely disse que “ Quando você espera que algo aconteça, seu cérebro faz acontecer “. Em 1986, foi realizado um estudo que concluiu que pelo menos 15% da eficácia terapêutica depende do efeito placebo.
Quando uma pessoa confia em seu psicoterapeuta e tem a expectativa de que a terapia pode ajudá-lo, isso provavelmente acontecerá. Daí a importância de estabelecer um vínculo positivo, no qual os avanços são enfatizados e valorizados.
5. Poesia, um fator determinante na eficácia terapêutica
Muitas vezes, as palavras do psicólogo buscam especificar e simplificar ideias. Isso é adequado por permitir colocar as ideias em ordem e esclarecer as situações. No entanto, também pode ser percebido como um reducionismo indolente.
Por outro lado, verificou-se que a utilização de uma linguagem mais metafórica e sensorial pode ter grandes efeitos no paciente. Por isso a poesia é um dos fatores que podem aumentar a eficácia terapêutica em alguns pacientes.
6. Sentimentos
O estudo da Universidade Autônoma de Barcelona nos convida a uma reflexão sobre o vínculo estabelecido entre o terapeuta e seu paciente. Por mais que se pretenda instalar a neutralidade, especialmente em algumas áreas, isso é impossível.
Tanto o paciente quanto o psicólogo têm emoções e uma tendência natural para os laços gerais. Ambos são humanos. Nesse sentido, muitas áreas sugerem que o terapeuta deve se permitir sentir compaixão por si mesmo e por seu paciente. Isso não prejudica o processo, pelo contrário, fortalece a aliança e gera maior eficácia terapêutica.
7. Mistério
Muito do ser humano se move dentro do campo do enigma. O caráter científico da psicologia frequentemente negligencia isso e quer entender, decifrar e explicar tudo, embora nem sempre seja possível.
É bom que tanto o psicólogo quanto o paciente saibam disso claramente para alcançar uma maior eficácia terapêutica. Há perguntas para as quais não existe resposta, e não é errado que isso seja assim. O enigma também tem um lugar, e um lugar importante dentro do humano.
Finalmente, a pesquisa da Universidade Autônoma de Barcelona aponta que o mais importante para a eficácia terapêutica não está nas técnicas, nas teorias ou nas correntes de pensamento. O elemento fundamental é a qualidade humana e profissional do terapeuta e sua capacidade de traduzi-la em atitudes concretas no tratamento.