7 mitos que envenenam o casal

7 mitos que envenenam o casal

Última atualização: 20 agosto, 2017

O ser humano tem uma tendência básica e natural ao vínculo, ao apego e ao relacionamento amoroso. Nasce de um relacionamento de fusão e de dependência com a mãe. De uma forma ou de outra, esta tendência a um relacionamento com vínculo afetivo, à formação de um casal, se mantém ao longo da vida toda.

Deste ponto de vista, quase todas as pessoas, em algum momento da sua vida, procuram um relacionamento amoroso. Pode ser um relacionamento breve e instável ou prolongado no tempo e estável. Ou uma combinação destas variáveis.

Contudo, estes vínculos afetivos em forma de relacionamento amoroso não são isentos de problemas. Paradoxalmente, muitos casais se mantêm unidos através do conflito e da discussão. É como se temessem que se os confrontos desaparecerem, também desaparecerá o relacionamento.

“Escolha o seu parceiro com muito cuidado. 90% de toda a sua felicidade ou sua tristeza depende desta decisão; mas depois de escolher cuidadosamente, o trabalho vai apenas começar.”

Os problemas dos casais podem aparecer e se manter por diversos fatores. Aqui vamos nos concentrar nos mitos sobre os relacionamentos de casais. São aquelas ideias que são dadas como certas pela sociedade e a cultura na qual vivemos mas que, em vez de ajudar, complicam a manutenção do vínculo afetivo.

Casal se beijando

Estas ideias que exponho a seguir são difundidas em maior ou menor grau na nossa sociedade. As damos por certas e mal as questionamos. Contudo, o preço a pagar pode chegar a ser muito alto se acreditarmos nelas piamente.

O casal deve fazer tudo junto sempre

Trata-se do mito da união total, coisa que é impossível de alcançar. Se o casal fizesse tudo sempre junto, os dois deixariam de agir como indivíduos, renunciando à identidade. É verdade que é preciso contar com o outro, mas não depender absolutamente do outro, pois se ele falhar, nós também iremos desmoronar.

As decisões dentro do casal são importantes, mas nem todas as decisões precisam ser compartilhadas com o outro. O mito do amor romântico influencia esta ideia. Este mito nos leva a pensar que o estágio da paixão vai durar durante todo o relacionamento, com tudo que isso implica.

Tudo aquilo que não resolve nada e que causa um enorme dano no relacionamento não deve ser compartilhado. Essa é a regra a seguir. Se nos sentíssemos obrigados a dizer absolutamente tudo, nos sentiríamos invadidos e sem a menor possibilidade de manter a nossa própria identidade.

“Procuramos mais o prazer da paixão do que a tranquilidade de um relacionamento amoroso estável. Eu insisto, não importa o quanto amam você, mas sim como amam você.”
-Walter Riso-

Ter um filho melhora uma relação em crise

Os filhos consolidam e enriquecem um bom relacionamento amoroso. Contudo, pioram o relacionamento quando o casal não anda bem, já que se transformam em um peso adicional. A mudança para a paternidade exige dos membros do casal adaptações importantes. Estas são bastante impossíveis de assumir de forma adequada se não existir um bom relacionamento de casal.

É preferível que, antes de assumir a responsabilidade de ter um filho, exista um sólido relacionamento de casal, e ao mesmo tempo, flexível. Além disso, é preciso que os canais de comunicação estejam abertos, já que é imprescindível para a criança que os pais definam regras consensuais e aplicadas por ambos.

O casal deveria ser uma sociedade de 50%

A flexibilidade dos papéis homem-mulher é uma mudança positiva, em geral, para os relacionamentos de casal. Contudo, encarar de forma rígida o 50% em muitos casos provoca transtornos significativos no convívio cotidiano.

Os acordos aparentemente desiguais podem promover maior equilíbrio e harmonia. Por outro lado, existem casais que discutem o número de vezes que cada um cozinhou ou o número de vezes que um colocou a lava-louça para funcionar e o outro não.

Casal discutindo

O outro pode tornar todos os seus sonhos realidade

O fato de o outro se sentir responsável por satisfazer todos os nossos sonhos e necessidades implica uma enorme carga de responsabilidade. Isto é a manifestação de um amor ingênuo e de uma pessoa imatura afetivamente. São aqueles que precisam e, por isso, amam. Há uma enorme carência afetiva que é transferida à sua capacidade e habilidade de tomar decisões.

Contudo, os indivíduos maduros afetivamente podem ou não viver com seu companheiro, mas decidem. Escolhem viver com o outro porque o amam, não porque precisam.

“Nunca acima de você, nunca abaixo de você, sempre ao seu lado.”
-Walter Winchell-

Os que amam de verdade adivinham o que outro pensa e sente

Este é um mito muito propagado e que provoca enormes problemas de comunicação no relacionamento. Realmente é impossível saber o que o outro pensa. É um grave erro de comunicação tentar ler a mente do outro ou pretender que o outro leia a nossa mente.

As pessoas que fazem isso não apenas não aproveitam o que recebem e estragam o convívio, mas também não conseguem valorizar a manifestação de amor que o outro lhes está dando ao lhe oferecer aquilo que eles pedem e precisam.

Este mito também tem enormes consequências negativas na área da sexualidade. Isto se deve a que o outro precise saber que tipo de carícia mais lhe agrada. A verdade é que se não disser, é impossível que o outro venha a saber.

“Às vezes confundimos querer estar sozinhos com a necessidade de estar com a pessoa certa.”
-Francesc Miralles-

Um casal infeliz é melhor do que um lar quebrado

Existem poucas situações mais dolorosas e destrutivas do que um convívio mantido somente pelo medo, a culpa ou o dever, onde falta o afeto. Manter um casamento “pelos filhos” é tornar responsáveis, senão culpados, os mesmos, por um relacionamento que só os adultos devem ser responsáveis por manter. Trata-se de uma carga que o filho não pode carregar, e quando tenta, isso costuma ter um custo da sua própria saúde física e mental.

O mais adequado para o bem-estar dos filhos e do casal, se o relacionamento é inviável, é uma separação amistosa. Os filhos precisam ter a sensação de que não perdem nenhum dos pais. Mesmo que se separem como casal, poderão continuar desenvolvendo sua função de pais de forma adequada e benéfica para seus filhos.

Casal apaixonado

Os polos opostos se atraem e se completam

É verdade que, se existem algumas diferenças e estas puderem ser vividas como enriquecedoras e estimulantes, isto tornará a relação mais dinâmica. Mas os bons casamentos geralmente contam com semelhanças básicas que superam as diferenças.

É fácil compreender que se existirem muitas diferenças que superem as semelhanças, e se estas diferenças forem realmente polos opostos, o relacionamento não será bom. Se um dos cônjuges gosta de falar e expressar seus sentimentos e o outro passa absolutamente longe desta dinâmica ou pensa que não é a melhor forma de resolver os problemas, será fácil pressentir que haverá graves conflitos na comunicação.

Se um cônjuge for extrovertido e sociável e o outro for introvertido, haverá conflitos no relacionamento de casal. O mesmo acontecerá se um for fervoroso e outro for frio. Ou se um gostar de gastar e outro for comedido ao extremo. Todas essas diferenças certamente trarão conflitos no convívio.


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