A lenda maia do beija-flor, o mensageiro dos deuses

Diz-se que quando alguém encontra um beija-flor, fica cheio de alegria. Para a cultura maia, esses belos pássaros eram mágicos e tinham uma missão muito importante: atuar como mensageiros entre a raça humana e os deuses.

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

A lenda maia do beija-flor remonta a 2000 A.C. Este legado cultural e antropológico revela o fascínio deste povo por uma ave que parece ter o arco-íris impresso na sua plumagem. Uma criatura de apenas 20 gramas capaz de bater as asas até 60 vezes por segundo. Habilidades mágicas foram atribuídas a ele, entre elas, atuar como mensageiro entre as pessoas e os deuses.

A beleza desta ave simbolizava também o amor puro e a fragilidade do coração. Poucas criaturas na natureza parecem tão delicadas e extraordinárias ao mesmo tempo. Nem todo mundo sabe, por exemplo, que é a ave com o maior cérebro em relação ao seu tamanho. Talvez a natureza ou, como dizem, os próprios deuses maias, a tenham criado de propósito para um fim muito específico.

Entre suas tarefas estava recolher cada pensamento, desejo e reflexão de homens e mulheres para levá-los a essas divindades mesoamericanas localizadas entre Guatemala, Belize e México. Também na parte ocidental de Honduras e El Salvador. Uma parte desse passado lendário do beija-flor ficou entre nós na forma de curiosas tradições… Vamos analisar.

A lenda maia do beija-flor: o mensageiro dos deuses

Costuma-se apontar que uma parte da cultura mesoamericana ainda está presente em certas tradições dos maias modernos. Da mesma forma, se hoje também podemos evocar e desfrutar todo aquele panteão de deuses e suas histórias, é principalmente devido aos livros de Chilam Balam. Esses escritos foram escritos pelos descendentes dos maias ao longo da colonização espanhola.

Desta forma, e dentro desta mitologia, faz-se referência especial a duas divindades. Tepeu e Kukulkan (Quetzalcoatl para os astecas) foram os criadores de todo o mundo conhecido. Além de “fazer” a terra, as montanhas, os rios e os mares, deram vida aos seres humanos e aos animais. A este último, uma tarefa e uma função foram atribuídas a cada um.

Agora, quando os deuses terminaram aquela complexa tarefa de criação, eles perceberam uma coisa. Eles haviam esquecido de criar um mensageiro, alguma criatura para servir de elo entre divindades e mortais. A lenda maia do beija-flor diz que eles pegaram uma pedra de jade e começaram a esculpir uma flecha com ela.

Mais tarde, e uma vez terminado o pequeno trabalho, sopraram para retirar o pó causado durante a sua escultura. Enquanto ele soprava, uma criatura pequena e brilhante ganhou vida. E voou. Ele voou muito alto e muito rápido, com a vivacidade de criaturas extraordinárias, com a magia de seres que não parecem pertencer a este mundo.

Tinha as cores do arco-íris em sua plumagem e suas asas eram como as de um inseto… Chamavam aquele passarinho de x ts’unu’um.

Pequenos mensageiros de penas mágicas

O beija-flor é uma ave tão pequena e delicada que pode se aproximar e se alimentar de qualquer flor sem quase movê-la. Diz-se que os deuses maias ficaram fascinados com sua criação. Eles adoravam observá-la quando as gotas de chuva caíam sobre ele. Aquele animal brilhava de tal maneira que parecia ter todo o universo impresso em suas penas.

A lenda maia do beija-flor nos conta que esse pássaro se tornou um portador de mensagens entre os mundos. Ele não apenas trouxe aos deuses o que os humanos pensavam, sentiam ou precisavam. Também trazia informações do mundo espiritual.

Além disso, hoje se diz que se encontrarmos esse animal, significa que alguém que nos ama está pensando em nós.

Alegria, boa sorte e saúde

Aqueles países afortunados por ter essas belas criaturas em seu ecossistema sabem que ninguém fica indiferente quando se depara com elas. A lenda do beija-flor indica que são portadores de alegria e boa sorte. E não só isso, sua mera presença tem propriedades curativas.

Com sua agitação, traz esperança, alegria e cura. O que o animal faz é voar ao redor da cabeça da pessoa para remover energias negativas, apaziguar a dor e sufocar a tristeza. Basta olhar o brilho de sua plumagem para cair sob seu feitiço mágico.

A lenda maia do beija-flor nos diz que nunca devemos prejudicá-los

Um beija-flor não deve ser tocado, pego, trancado em uma gaiola e muito menos morto. Os deuses maias traçaram uma maldição implacável para os mortais que ousaram prejudicar sua bela e frágil criatura. Quem se atreve a prejudicá-los sofrerá para sempre o amor, adoecerá e morrerá cedo.

O beija-flor é um animal sagrado. Ele é um elo entre mundos, um mensageiro fiel, traz alegria consigo e seu corpo contém o reflexo extraordinário do universo, do arco-íris, daqueles tons que convidam a amar o mundo, a vida e a própria natureza. Vamos respeitar esses seres delicados e sempre fascinantes.